Prólogo

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Uma vez me disseram, que o amor não tem cor, não tem formato, sequer tem tamanho. Ele é cego, surdo e mudo. Você não o enxerga, você não o ouve, e ainda assim ele está ali, está presente, e pode ser sentido, desde que você esteja aberto para recebê-lo de bom grado.

Ainda assim, por algum motivo, sempre soube que o que eu sentia por ele era errado aos olhos da minha família, afinal eu nutria um sentimento que deveria ser destinado a outra pessoa. Mas eu não podia evitar ou desfazer meus próprios sentimentos. Aquilo sim era destino.

E fazia parte de mim, de quem eu era e quem eu queria ser.

Afinal, tinha algo nele. Algo que me deixava tonto, inebriado e beirando a uma hipnose que jamais saberia descrever. Havia algo nele, que parecia ter sido buscado por mim ao longo de toda a minha vida, algo que mesmo com tantas pessoas julgando como errado, me fazia sentir certo. Me fazia sentir que, na verdade, ele era o certo.

— Você está meio disperso hoje. — Taehyung comentou, de fato me despertando dos devaneios em que tinha me enfiado. Soltei um suspiro. — Podemos fazer o trabalho amanhã, Jungkook, é só para semana que vem.

— Me desculpa, Tae, é só que eu ando meio pensativo ultimamente. — Dei de ombros, me ajeitando no sofá da casa dele. — Mas já estamos bem avançados no conteúdo, acho que consigo terminar minha parte em casa.

Taehyung apenas concordou com a cabeça, não demorando a se despedir de mim quando peguei minhas coisas e me dirigi para a saída de seu apartamento. Outro suspiro me escapou, sorri para ele e segui pelo corredor, não levando muito tempo para adentrar o elevador e seguir para o térreo.

De fato, estava disperso. Estava pensando sobre o amor e esse assunto sempre me traz muitos e muitos pensamentos e ideais distintos. Eu vejo os casais na rua, observo como eles se comportam, e penso que ainda não tive a oportunidade de vivenciar algo bonito como eles me demonstram.

Só me apaixonei uma vez, e estive tão preso nesse sentimento nos últimos anos que qualquer outro caso que eu tenha me parece algo superficial demais para ser levado em conta. Por isso só tenho relacionamentos de uma única noite, porque são mais fáceis de lidar.

Porque eu não consigo me apaixonar por outra pessoa que não seja ele e isso me consome todos os dias.

Não seria tão ruim se não fôssemos tão parecidos. Taehyung sofre com seu amor não correspondido por eles serem diferentes demais, eu sofro pelo contrário, pelas semelhanças. E é tão doloroso, tanto para mim quanto para o Kim. Nossos motivos são diferentes, mas as razões quase as mesmas.

E a dor também se assemelha.

O som da chuva despencando ecoou com força em meus ouvidos assim que deixei o prédio onde meu melhor amigo — quase irmão — morava. Ergui o guarda-chuva sobre minha cabeça e ajeitei a mochila em uma posição que a impedisse o máximo possível de molhar. Isso apenas para chegar no meu carro, do outro lado da rua.

Avistei, no entanto, uma cabeleira loira que sempre chamava minha atenção, que assim como ele todo cheirava a cravo e canela, e que morava na casa na frente da minha desde que éramos pirralhos. Não pensei antes de correr até ele, pois vê-lo no ponto de ônibus naquele horário apenas significava que ele estava atrasado para o trabalho mais uma vez. Logo, uma carona seria bem vinda.

Atravessei a rua com pressa e toquei em seu braço, vendo o olhar de alívio que o percorreu apenas por me encarar.

— Jungkook, foi um anjo que te mandou aqui. — Ele comentou.

Ele que parecia um anjo, na verdade.

— Jimin hyung, você está atrasado para o trabalho de novo. — Brinquei.

— E seu pai vai me matar se eu me atrasar. — Revirou os olhos, no entanto era verdade. — Seria pedir demais uma carona?

— Vou ter aquela pizza maravilhosa como recompensa na sexta-feira? — Perguntei de forma brincalhona, logo vendo-o abrir o próprio guarda-chuva enquanto já me seguia para o meu carro. — Hyung, seu trabalho é na direção das nossas casas, você sempre pode ir comigo.

Nós adentramos o veículo e jogamos os guarda-chuvas molhados no chão atrás. Logo já estávamos de cinto e indo na direção da escola onde Jimin fazia estágio. Meu pai tinha uma escola de dança junto com minha mãe, onde Jimin trabalhava desde o começo de sua graduação, já que ele cursava Dança também.

— É que nossos horários nunca batem, por isso eu acabo pegando ônibus. — Explicou-me o Park. — E também você geralmente fica na casa do seu amigo depois da aula, não quero atrapalhar vocês.

Jimin e eu nos conhecíamos desde criança, essa era a verdade. E nós nos dávamos muito bem, quase como melhores amigos. O problema, era o mesmo que me fazia pensar de todas aquelas formas sobre o amor, porque... desde a adolescência eu sabia que sentia coisas demais por Jimin.

E o motivo de a sociedade repudiar tanto o que eu sentia por Jimin — um sentimento que nem mesmo meu melhor amigo sabia sobre — era porque, assim como eu, Jimin é alfa.

E nessa sociedade repulsiva, alfas não podem amar alfas.

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Olá, amores.

Quem me conhece sabe que sou viciada em abo. E eu até iria fazer ômega x ômega, mas quis fazer dois alfas juntos porque sim. Essa história não é nada de "oh mds", mas ela é muito gostosinha de escrever e espero que seja de ler também, hihi.

Espero muito que tenham gostado, volto logo ♥

♥ Se você leu e gostou, não esqueça do votinho e do comentário. Faça uma autora feliz ♥

Beijinhos ♥

Alfas Não Podem Amar Alfas | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora