Convite

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Há coisas que acontecem na nossa vida sem explicação.

Apaixonar-me por Park Jimin foi a mais bizarra dentre todas elas. Não especificamente por ele ser alfa como eu, apesar de esse ser o maior dos problemas e o principal fator de eu não ter coragem alguma de me declarar. Mas sim porque eu e ele sempre convivemos e eu nunca entendi em que ponto passei a olhar para ele de um jeito diferente.

Como se o quisesse para mim. Como se quisesse chamá-lo de namorado.

Como se quisesse uma marca minha em seu pescoço e uma sua no meu.

Talvez o cheiro forte e viciante de cravo e canela seja uma das razões para o meu delírio, ou talvez seja a cabeleira loira desajeitada sobre sua cabeça. Inúmeros são os fatores que poderiam me fazer cair em amores por ele, mas nem listando todos chego em uma única e plausível explicação.

Mas, apesar de não compreender, diversas vezes me peguei imaginando como seria traçar sua pele com meus dígitos, minha boca ou minha língua. Diversas vezes pensei em tê-lo ofegante sob ou sobre mim, sussurrando palavras desconexas e se entregando a mim da mesma forma que eu gostaria de me entregar a ele.

Fora isso, focando unicamente nos meus sentimentos que não se resumem a desejo, há muito mais por trás; mãos trêmulas, pensamentos bagunçados, nervosismo, ansiedade, coração acelerado e por aí vai.

Jimin me faz sentir tantas coisas apenas de olhar na minha direção, que é assustador. Mas já aprendi que não há muito o que possa ser feito a respeito.

E tudo isso me deixa perdido, porque não consigo encontrar um meio de deixar meus sentimentos de lado, principalmente porque cada troca de olhares me deixa mais viciado nele.

É como se meu dia não fosse completo sem ao menos trocar um olhar, sorriso ou qualquer palavra que seja com ele. E cada vez que o vejo atrasado e o dou uma carona, meu carro fica com o cheiro dele impregnado e eu me inebrio e embebedo no quão delicioso consegue ser.

Jimin cheira a pecado; o pecado que eu mais desejo poder cometer.

— Jungkook? — A voz de Seokjin, um aluno de psicologia na universidade, me assusta.

Sei que não foi de propósito, que seu intuito era somente me chamar e não quase me causar um infarto, mas estava tão absorto nos meus próprios pensamentos que minha reação exagerada foi inevitável. Ultimamente eu tenho estado mais disperso que normalmente, não sei devido ao fato de estar mais vulnerável ou porque ontem tive Jimin em meu carro outra vez e pude sorver de sua companhia como um viciado em busca de drogas.

E, o pior de tudo, é que me mantenho em constante abstinência, porque minha sede nunca é saciada. Meu desejo nunca é tirado de mim, ele se alojou de tal forma que nada o faz sair.

— Não queria assustar você. — Sai em um murmúrio a sua voz, o que me leva a rir fracamente. — É que eu o vi de longe e você parecia um pouco transtornado, acabei me preocupando e resolvi me aproximar para ver se não queria algum tipo de ajuda.

Estou completamente apaixonado por um alfa que, por acaso, é meu amigo de infância, trabalha com meu pai, mora na casa em frente a minha e tem um peculiar jeito de fazer meu coração bater freneticamente no peito. Fora isso, não há nada que você possa fazer.

E é óbvio que não externo meus pensamentos, mesmo que eles sejam os culpados das minhas crises nos últimos dias.

Eu sempre tive problemas com ansiedade, tive diversas reações alérgicas devido a ela e crises que beiravam a loucura, mas nunca consegui tratar com eficiência todos os sintomas.

Até porque, infelizmente, é tudo emocional e o meu é ferrado demais para que eu possa lidar com tudo isso.

— Quer desabafar? — Seokjin questiona.

Alfas Não Podem Amar Alfas | jjk + pjmOù les histoires vivent. Découvrez maintenant