Epílogo

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“Alfas não podem amar alfas.”

Ao menos, essa foi a regra que estabeleceram e me fizeram crer durante muitos anos da minha vida. E eu nunca concordei, mas não tinha conhecimento o bastante para descrever minhas razões para tal. Parecia simples, na minha cabeça, o fato de que amor é amor e que a classe ou o gênero não pode decidir seus sentimentos. Mas essa simplicidade somente morava em mim.

Para os outros, parecia um bicho de sete cabeças.

E com o passar dos anos, eu entendi que sou um universo muito complexo e que nem todos estão preparados para obter conhecimento e entendimento sobre mim. O diferente assusta, por isso o evitamos tão frequentemente. É difícil sair da rotina e lidar com isso com sabedoria.

Para Jimin sempre pareceu mais difícil ainda. A minha família podia ser protetora e me acolher de todos modos possíveis, mas a dele sequer parecia saber o significado da palavra família. Isso sempre me assustou, mas, mais uma vez, eu nunca identifiquei a razão.

Com a chegada da minha adolescência e as cobranças por namoricos de colégio, eu me vi por fora dos grupinhos pela primeira vez. Taehyung era minha companhia favorita e todos pensavam que fossemos um casal, mas isso jamais se tornou motivo para que deixássemos nossa proximidade de lado ou coisa parecida. Fora do horário de aula, no entanto, meu grude era em Park Jimin e no quão parecidos parecíamos em absolutamente tudo, incluindo o fato de ele ser alfa como eu.

Nós nunca passamos por assuntos como primeiro beijo ou sobre perder a virgindade, porque nossa ocupação era outra nos momentos em que estávamos juntos. Ou assim eu pensava, até entender que beijar ômega não soava divertido e que a boca do meu hyung me atraía muito mais. Logo, eu não queria saber sobre quem ele beijava ou fazia qualquer outra coisa que fosse, porque isso incomodava meu coração e me tirava o sono.

Cedo para a vida, aos doze ou treze anos, eu entendi que meu primeiro beijo foi ruim por não ter sido com ele. E eu não sabia se gostava dele ou de alfas no geral, mas tinha total certeza de que o cheiro de qualquer ômega que não fosse minha mãe ou Taehyung me dava simplesmente nojo e ânsia. Era totalmente incontrolável e eu me sentia péssimo por isso.

Os meus primeiros cios foram acompanhados, mas por betas, já que os dois ômegas com quem fui além também me deixaram incomodado. Meu lobo não podia, porque era errado.

E eu não entendia, ao mesmo tempo em que sabia o quão perto de mim estava a resposta para todos os meus questionamentos.

Mas eu só descobri quando o vi abraçar outra pessoa e me senti sufocar bem devagar, como se uma mão maldosa lentamente se apossasse do meu pescoço e começasse a apertar. Ali, diante dele, o observando da janela do meu quarto, eu me vi perdidamente apaixonado e, o pior de tudo, não correspondido.

Eu me senti péssimo, incompleto e ainda mais errado. Adolescentes já são repletos de sentimentos com os quais não sabem lidar, mas eu parecia ainda mais problemático do que quem vivia perto de mim. E de tanto ouvir que o meu amor era errado e que eu não podia fazer algo como isso, mesmo sabendo que ninguém tinha conhecimento sobre o que eu sentia, eu passei a esconder esses sentimentos de todos, ainda que eu jamais tivesse os colocado para fora em um primeiro instante. Nem mesmo meu melhor amigo descobriu na época o que se passava comigo e, sinceramente, eu achava que era melhor assim.

Mas não era.

Porque foi assim que eu desenvolvi a ansiedade mais perversa que eu poderia.

E isso só começou a melhorar, quando Jimin e eu nos aproximamos como algo a mais que um casal de amigos faria.

Ainda consigo lembrar do quanto estava trêmulo quando ele admitiu que me queria, quando nos beijamos pela primeira vez e quando admitimos o nosso amor irreversível um pelo o outro.

Porque as coisas só começaram a dar certo quando eu entendi que amar Jimin não era um erro.

Não era e continua a não ser.

E nós estamos juntos, namorando e dividindo uma marca, há um ano. E nem tanto mudou desde então, sendo sincero, apenas o fato de que eu tenho um afilhado, resultado da primeira vez de Taehyung e Hoseok. Eu pensei que Jin seria pai primeiro, mas depois ele e Namjoon me explicaram que, infelizmente, um ômega não pode engravidar outro.

Sendo honesto fico triste por saber que é o mesmo para Jimin e eu. Mas, ainda assim, eu e meu amor pretendemos sim ter filhos um dia, não importando qual método será necessário para realizar esse desejo de ambos.

Outra coisa que mudou, foi que Seokjin se casou assim que finalizou a faculdade. A cerimônia foi linda e terminou com Jimin e Hoseok ajoelhados no chão. O Jung pediu Taehyung em casamento, tal como Jimin fez comigo. E não, nós ainda não somos casados, apenas noivos, mas foi um passo enorme.

Com isso, a maior mudança aconteceu, porque meu melhor amigo foi morar com seu noivo, e como Jimin ficou sozinho no apartamento, eu me mudei e decidi dividir mais que uma marca e uma aliança de noivado com ele. Até agora está dando certo, nós dividimos as tarefas de casa, trabalhamos, cuidamos um do outro, e nos tocamos com uma frequência até um pouco invejada por nossos casais de amigos — ter intimidade com seus amigos é um caminho sem volta para a falta de privacidade.

E está tudo bem, como eu jamais pensei que fosse ficar.

Jimin e eu estarmos juntos me prova que o meu universo foi explorado por alguém que não tinha medo dos obstáculos que encontraria para poder ficar junto a mim. Ele entrou de cabeça na batalha e não se convenceu com as primeiras derrotas, ficou até o final para ter junto a mim o nosso prêmio.

E algumas vezes é só isso que basta. O amor fala e trabalha por si só, não é necessário forçar absolutamente nada. O destino faz com que dê certo, principalmente para almas interligadas como a nossa.

Ainda é estranho pensar a respeito, mas amo saber que ele é mesmo a minha outra metade e que a alma dele é gêmea da minha.

Eu amo Park-Jeon Jimin, assim como amo saber que logo serei Park-Jeon Jungkook.

Em resumo, eu aprendi a maior lição de todas graças a Jimin e aos meus sentimentos por ele.

Basicamente, a sociedade quase nunca está certa em seus conceitos e ensinamentos e eu me deixei levar por ter crescido em meio a ela, mas a verdade é que o amor não é um erro.

Eu, um alfa, me sinto bem em saber que marquei e fui marcado por alguém que é tão parecido comigo nos mais diversos aspectos.

Porque a minha vida só começou de verdade quando me permiti enxergar isso.

Meu coração só passou a bater com um propósito, quando entendi que sim, alfas podem amar alfas.

Eu, um alfa, posso muito bem amar Park-Jeon Jimin: o meu alfa.

 ❤️💜❤️💜❤️💜❤️💜❤️

Sendo honesta, eu nem sabia como terminar essa história após o último capítulo. O amor desses dois me deixou boba de paixão e foi muito difícil escrever algo à altura deles. Esse epílogo é só um fechamento, porque o capítulo final mesmo foi o anterior ao esse, com as marcas e tudo o mais.
Ainda assim, gostaria de finalizar de um jeito bonito, então escrevi sobre o quanto a vida do Jungkook passou a fazer sentido quando ele entendeu que amar Jimin não era um erro.

Eu gostaria de agradecer, de coração, a todos que leram, comentaram, votaram e acompanharam a história.
Em especial, agradeço a Lya, um serzinho que veio parar em minha vida graças as minhas histórias e que todos os dias me dá um motivo novo para sorrir e continuar a escrever. Obrigada por ser essa pessoa tão preciosa quanto é, isso é simplesmente muito importante pra mim ❤️

Eu tenho inúmeras outras postadas e umas 4 em andamento para quem quiser me acompanhar por outros lugares ❤️❤️

Beijinhos, amores, e muito obrigada a todos.

Alfas Não Podem Amar Alfas | jjk + pjmWhere stories live. Discover now