Passeios que importam

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Quando aceitei dar uma volta com Jimin, não pensei aonde iríamos ou o que faríamos. Sendo sincero, estava disposto a ir a qualquer lugar que fosse com ele pelo simples fato de ter sua companhia. Isso não me deixa menos nervoso ou com qualquer resquício a mais de confiança, mas, ao menos, me faz perceber que estar ao lado dele me causa uma paz anormal.

Eu gosto muito dele, muito mesmo.

Por isso, quando ele adentrou o meu carro junto a mim, eu me senti bem. Me senti bem por sua presença, por sua companhia, por sua proximidade, por seu cheiro e por seu calor.

De modo geral, nós alfas não gostamos do cheiro de outros alfas. O nosso instinto é marcar território com a nossa fragrância e garantir que outro igual a nós fique afastado. Como eu disse, é um instinto, não é nada além disso. Quando gostamos de um ômega, então, o nosso cheiro intensifica para que outros alfas não se aproximem e entendam que aquele alvo é nosso.

E eu sempre odiei essa mania de objetificar uma pessoa. De, realmente, querer marcar território.

Ainda assim, eu nunca me senti atraído pelo cheiro de um ômega. O que é estranho, se pensar na minha natureza.

— Você quer ir a algum lugar específico, hyung? — Pergunto com calma após ligar o rádio e permitir que uma música aleatória comece a tocar baixinho.

— Pode seguir até esse endereço? — Ele indaga, me mostrando a tela do celular com o mapa aberto.

Apenas concordo, sabendo que fica no extremo entre a nossa cidade e a vizinha e se trata de uma quase montanha, de onde é possível encarar todo um lado da cidade. É lindo o lugar, calmo e pouco frequentado. É bom sentar-se ao lado de alguém e ficar apenas apreciando o momento, como se não houvesse nenhuma preocupação ao nosso redor.

O caminho é recheado por um silêncio entre nós dois que não me agrada nem um pouco. A música baixa invade o veículo e nos faz sucumbir a uma falta de palavras que me deixa atordoado. Não gosto disso, porque esse não é o nosso normal. Nós dois estamos sempre conversando quando juntos, seja de assuntos banais ou importantes, besteiras do dia a dia ou problemas sérios do trabalho.

— Você quer ouvir outra música? — Pergunto apenas porque quero ouvir sua voz, não por realmente querer escutar sua resposta em si.

— Essa está de bom tamanho. — Ele mais dá de ombros do que qualquer outra coisa.

Outra vez me sinto péssimo, porque quero fazer algo por ele, para alegrar seu humor, para melhorar seu dia, mas não chego em nenhuma conclusão sobre o que fazer e isso só me frustra mais e mais. Esse é o combo perfeito para que eu me sinta mal.

Quando chegamos ao nosso ponto de destino, descemos juntos do carro e nos encaminhamos pelo gramado extenso e cheio de pequenas flores — frutos da própria natureza — espalhadas. A calma do mundo todo se apossa de mim no mesmo instante, pois é um lugar calmo, pouco movimentado e que tem contato com a natureza e, ainda assim, a vista incrível da cidade que, no fim do dia, fica linda toda iluminada.

Juntos, nós dois nos sentamos no gramado. O clima fresco é extremamente agradável, mas aquele que há entre nós dois me deixa apenas aflito e um tanto perdido, confesso. Eu quero dizer a ele todas as palavras presas em minha garganta, mas nenhuma delas abandona meus lábios. Não é por medo, na verdade, apesar de eu me sentir amedrontado sim. O meu receio todo, é devido ao fato de que o peso desses sentimentos deve ficar apenas sobre os meus ombros e não sobre os dele.

Seria o maior egoísmo de minha parte porque, convenhamos, ele não é e nunca será obrigado a retribuir. Então por qual razão eu falaria? Isso apenas deixaria um clima ainda mais estranho e pesado entre nós dois, o que não é, nem de longe, a minha intenção.

Alfas Não Podem Amar Alfas | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora