Beijos que completam

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É com toda sinceridade do mundo que eu confesso aqui e agora que não dormi dois minutos seguidos essa noite. Nesse momento o relógio marca seis horas da manhã e eu não preguei os olhos, o que provavelmente me deixou com olheiras e a melhor feição possível de zumbi. Mas não me importo.

Eu deveria me importar, na verdade, mas como vou matar aula hoje, está tudo bem. Mentira, não é por faltar as aulas que estou tranquilo, e sim porque Jimin virá até minha casa e vamos finalmente — ou assim espero — esclarecer tudo. Eu preciso colocar para fora tudo que está me deixando com os ombros pesados e caídos, antes que acabe sufocando ou tendo uma crise como a do dia anterior. Minhas crises precisam acalmar, tanto em intensidade quanto em frequência, e sinto que resolver essas pendências que tenho com Jimin fará uma grande diferença.

Estou contando com isso, ao menos.

Indisposto a forçar minha cabeça por mais quinze minutos em busca de um pouco de descanso, me levanto da cama e ando para o banheiro com a finalidade de tomar um banho quente e relaxante. Em geral, prefiro banhos mais frescos, quase frios, porque meu corpo é quente por natureza e eu sinto muito calor. Hoje, no entanto, sei que preciso de algo que faça ao menos um pouco da tensão abandonar meu corpo.

O nervosismo é natural, a ansiedade ainda mais, mas não estou com medo, por incrível que pareça. É estranho, sendo honesto, porque meus sentimentos sempre me assustaram e agora, repentinamente, me sinto tão confortável com eles que o medo me deixou para trás. Não estou reclamando, longe disso, mas acho estranho ainda assim.

Após o banho, visto uma calça de moletom e uma camiseta de algodão, sendo ambas as peças na cor preta. Quero estar confortável e não extremamente produzido, porque assim estarei mais relaxado para a nossa conversa e pensando menos que a intenção de tudo é impressionar Jimin ou o conquistar — apesar de que eu tento fazer isso desde a adolescência.

Ele chega em minha casa pouco depois das sete horas. Meus pais já saíram para o trabalho, então estamos a sós. E eu o encaminho até meu quarto e tranco a porta mesmo que estejamos sozinhos, para provar o que disse por mensagem; meu quarto será a nossa fortaleza agora.

A primeira coisa que Jimin faz, é me abraçar com força. Mas não uma força como a provocada pela saudade, que você usa quando vê uma pessoa depois de um tempo sem contato com ela. Não, é uma força que demonstra medo, aflição, nervosismo e tantos outros sentimentos extremamente negativos. Meu coração aperta conforme eu o abraço de volta. Nós dois temos o ímpeto de agarrar um ao outro pela cintura, e eu poderia achar graça um fato como esse, mas agora não perco tempo com isso e apenas encontro rapidamente uma posição confortável para estar com ele.

É estranho, no fim, porque alfas são viciados em ter controle sobre tudo, até mesmo em abraços. Não me importo muito com isso, em ceder o controle para ele, mas meu lobo não está muito satisfeito com isso. Tendo em vista que eu ignoro o meu lobo com frequência, sigo abraçando o meu amor.

— Não quis machucar você. — Ele sussurra, afastando-se parcamente de mim. — Convidar uma ômega para o baile foi a pior coisa que já fiz. Mas vim até aqui para esclarecer isso. Você não me entende, não é? Pergunto isso genuinamente, não por maldade ou coisa parecida. Você não entende os meus motivos, porque eu nunca os deixei claros, porque isso sempre foi um incômodo para mim. Mas, em resumo, é o que preciso fazer. É o certo a ser feito, entende?

— Na verdade, não, eu não entendo. — Digo com o meu coração, sem maldade. — Justamente porque você nunca me explicou os seus motivos.

Ele respira fundo e se afasta um pouco mais, como se meu toque o queimasse a tal ponto que ficar perto fosse sufocante e insuportável. Por um lado, compreendo, porque sinto algo parecido, exceto que a dorzinha que a junção do seu calor com o meu causa é muito boa para mim. Eu aprecio muito sentir isso.

Alfas Não Podem Amar Alfas | jjk + pjmWhere stories live. Discover now