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Capítulo 1 – Julieta 

– É mais uma manhã, Julieta! Seja forte e firme! — Digo para mim, enquanto coloria as bochechas com um blush  levemente rosado, suavizando minhas pequenas sardas. 

Termino de escovar meus cabelos em tom de cobre, passo um batom leve, quase na cor da minha boca.

Sigo para o cômodo ao lado, precisamente, o closet, sentando em um puff, calçando sapatos altos em plataforma, na cor preta, me equilibro e miro o espelho na parede lateral, oposta a grande arara de roupas, observando-me por completo. 

— Cabelos arrumados, — Os aliso com os dedos levemente, observando minha camisa branca social, ajustando o blazer cinza com grafiatos e descendo o olhar para a calça flare preta, combinando com os sapatos, pego meu relógio e o ajusto no pulso, um relógio delicado e dourado, um presente do vovô — Brincos e certo, tudo ok. - Digo depois da autovistoria e saio do cômodo indo em direção a saída do meu quarto. 

Caminhando pelo corredor da ala oeste, observando rapidamente os jardins de inverno que ficam nas laterais do corredor, sobre os jardins,  todo ano o vovô inventa algo novo para eles. É uma loucura!

A mansão Delvecchio é dividida em três alas, oeste, onde é o meu quarto, escritório, saleta, banheiro e varanda; na ala norte há duas divisões, na nordeste há os quartos das minhas irmãs mais novas, somos em quatro, em que eu sou a mais velha, Elizabeth está na faculdade, passa a semana no campus e aparece aos finais de semana, Clarisse e Carolina são gêmeas, 10 anos, duas bagunceiras que vivem criando encrencas pela casa. 

Na ala noroeste, estão os aposentos do vovô Enrico, um homem bastante forte, romântico e mesmo sendo viúvo há quase 15 anos, é um baita mulherengo, mas claro, bastante respeitoso.

Eu e minhas irmãs vivemos desde pequenas na mansão, nossos pais infelizmente faleceram, papai primeiro quando eu tinha 24 anos, infarto fulminante, mamãe um ano depois, morte natural é o que dizem, dormiu e nunca mais acordou, acredito que foi saudades, ambos eram muito ligados, um casamento de quase 30 anos! Se amavam demais. 

Rumo a sala principal da mansão, caminhando em direção a ala leste, na cozinha e já posso ouvir os cochichos de Clarisse e Carolina. 

Entro no ambiente aspirando o aroma de pão italiano fresquinho e do café forte de sempre.

— Detesto acordar cedo! — Resmunga Carolina beliscando um pedaço de pão com geleia de amora, e coçando os olhos com a outra mão. 

— Bom dia! — Digo a todos e sento ao lado do vovô, enchendo minha xícara de café. 

— Buongiorno, Ragazza! —  Vovô Enrico recita em seu italiano intenso. 

— Bom dia..— Carolina boceja, dando um tchauzinho. 

— Oi irmã! — Clarisse diz empolgada bebericando seu café. Tão iguais e tão diferentes. 

— Reclamando da escola novamente, Carolina? — Retruca passando a geleia em um pedaço de pão. 

— Porquê temos de acordar tão cedo?! — Suspira deitando a cabeça na mesa. 

— Ora menina! Acordar cedo faz bem à saúde! — Rosa, nossa cozinheira, praticamente da família, incita rindo. 

— Enfim! — Carolina se levanta em um pulo e puxa Clarisse — Vamos garota estudante! Temos que ir! —  Diz em uma empolgação inexistente há um minuto atrás — Tchau família! — elas dizem em uníssono pegando suas mochilas e indo em direção a porta. 

— Tchau! — Dissemos rindo. 

— Bom! Eu também vou indo. – Digo pescando um morango e levantando. 

Uma CEO inalcançável.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora