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Julieta

Depois de uma ótima noite de sono, saio apressada em direção a empresa, com uma sensação estranha sobre o dia. Não sei, parece que algo simplesmente não se encaixa.

Será que o jogo começou?. — Minha consciência me questiona.

Entro no carro, prendo o cinto e olho meu reflexo no retrovisor, os cabelos um tanto esvoaçantes que arrumo com afinco. Procuro um batom no porta-luvas e aplico nos lábios com cuidado, um tom de vinho, contrastando com os cabelos.

Ajeito a gola do suéter em tom terracota e a barra da longa calça em tom creme. Os saltos pretos ao lado e minha bolsa também.

Dou partida no carro, com o coração ansioso, algo vai acontecer hoje! Minha intuição não mente.

Dirijo atenta ao trânsito, mas com os pensamentos em minhas irmãs. Como está Elizabeth em seu trabalho? Faz quase duas semanas que iniciou e fizemos um jantar em comemoração, um jantar de pura besteira, mas que nos deixou cheios de orgulho.

Clarisse e Caroline estão bem, eu as vi pela manhã, com semblantes preguiçosos e nada dispostas a irem para a escola, mas estavam bem. Então….o que é que me incomoda tanto?

Avisto o prédio da empresa e logo estou estacionando o carro em minha vaga, calço os sapatos, dou mais uma olhada no retrovisor e busco minha bolsa, saindo do carro.

Entro na cabine do elevador e tudo parece um ambiente estranho. Será que eu estou passando mal?

— Isso é com certeza coisa da sua cabeça, Julieta! — afirmo tentando espairecer. —  O que temos que fazer hoje? — Repenso tentando me distrair. — Hm.. reunião com os acionistas e com pessoal de produção; Analisar as peças nas modelos e confirmar o local da festa. Ok. Parece fácil.

Julietaaa não esqueça o casamento no final de semana! — minha mente grita. — E ir comprar um presente para Celina!

Saio do elevador dando de cara com uma Angelina tão concentrada que até me espanto.

— Olá? Bom dia, tudo bem? — Pisco freneticamente enquanto a observo.

— Olá! Como vai? Eu estou muito bem. Bem até demais, já organizei sua agenda! Temos muito o que fazer hoje! Vamos trabalhar? — A morena diz tudo de uma vez com as pupilas claramente dilatadas demais me assustando.

— Você dormiu?

— Não, eu fiquei tão ansiosa para o segundo dia que não dormi, tomei muito café forte e comi rosquinhas de açúcar. — Ela diz tudo de uma vez.

— Angelina querida, você tem muito potencial! — Digo suavemente, segurando a vontade de rir do desespero dela. — Se errar está tudo bem, está aqui para….— Ouço um ronco e quando levanto meus olhos noto que ela está dormindo na mesa. — Ah, ótimo! Durma bem! — Dou risada enquanto noto o elevador abrindo e Martín saindo dele.

— Deu calmante de urso pra ela? — Ele sugere rindo.

— Parece que ela não dormiu e se entupiu de café e açúcar, mas já apagou. Melhor deixar ela descansar. — Dou risada seguindo pra minha sala.

— Acho legal que ela pode ser ela mesma. — Martín diz enquanto entramos na minha sala e o observo dando-lhe a oportunidade de continuar. — Quando a conhecemos ela estava tão traumatizada com um chefe cruel que ela não queria ser perfeita, ela precisava e toda essa ansiedade é reflexo daquilo, talvez o subconsciente dela ainda não acredite que está tudo bem errar e que ela não precisa saber tudo. Mas ontem, quando ela contou como ela estava se sentindo, acho que foi um grande passo e hoje ela pensou em tudo o que fez e esperou uma bronca e quando ela acordar e ver que está tudo bem, acho que ela vai se acalmar mais.

Uma CEO inalcançável.Where stories live. Discover now