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Julieta.

Sinto o sacolejar da van, esses homens são tão inexperientes que colocaram um saco em minha cabeça mas não amarraram minhas mãos. Eu no fundo agradeço por eles não saberem fazer esse tipo de coisa.

O meu pé dói muito, uma dor que comprime, e esmaga me causando muito desconforto. Tento me sentar melhor, mas a dor é extrema e eu me mantenho na mesma posição.

Sinto que estamos indo longe da cidade, o tempo é longo e fico pensando aonde vão me deixar e confesso me sentir preocupada em relação a isso. Me sinto em completo estado de choque diante de tudo que aconteceu, mas ainda não consigo reagir.

A van para e logo os dois homens aparecem, me puxam em uma velocidade insana e eu mordo os lábios tentando prender o grito que se prende em minha garganta ao bater o pé machucado no degrau da van.

— Aqui é bom lugar! — Eles riem com certo escárnio. — Boa sorte com a tempestade que vem vindo. 

Eles me jogam num canto e o chão parece arenoso e macio, logo escuto o barulho do carro indo embora e aproveito e tiro o saco de papel da cabeça. Que coisa mais besta.

Olho ao redor e estou numa praia, um vento forte passa por meu corpo me assustando e um trovão ecoa. Ah, boa sorte com a tempestade! Bando de ridículos!

Pingos grossos começam a cair e por um momento eu paro para refletir tudo o que aconteceu, desde o início, desde quando falamos sobre como encomendar as coisas da festa e aquele post it, me ameaçando.

Depois veio o telefonema e eu percebi que tudo que a gente já havia passado, iriamos passar de novo, a luta para correr e passar na frente dessa criminosa, porque é isso que ela é! Uma criminosa maluca, foi insana!

Me lembro de ter passado no corredor e visto Filippo, meus olhos me traíram em segredo e involuntariamente eu fiz o nosso sinal e ele logo queria saber tudo.

Grampeamos o meu telefone para ele poder rastrear cada mínima conversa e tudo que conseguimos saber é que as chamadas vinham de alguém que estava no prédio da empresa no momento da ligação.

Em seguida, um documento que eu e Celina precisávamos sumiu e se não tivéssemos cópias de tudo, estaríamos fritas. Outra ligação e confirmou o que ela havia feito.

O mais louco disso tudo é que ela era como uma cobra, sorrateira e discreta, pois eu não me lembro de ver ela tantas vezes no andar da presidência, até pensamos que ela tinha um cúmplice, mas ela era muito mais esperta.

Filippo conseguiu provar que ela pegava roupas de funcionários como os do refeitório, do almoxarifado e tinha acesso a tudo, claro, ela sempre mexia quando eu já não estava no andar, mas mesmo assim é muita experiência para uma agenciadora, o que torna tudo suspeito.

Depois que ela citou tanto Paris, eu acredito que quem tenha sido a mandante de tudo, seja ela. Pois toda essa revolta parece que eu parabenizei a pessoa errada, no caso mandei para a prisão.

Quando penso em tudo isso, quando olho para meu corpo, cansado e machucado por tudo isso, uma melancolia me toma. Às vezes é tão difícil, eu amo meu trabalho, mas defender a família é um bônus que às vezes nos deixa acabados, totalmente esgotados.

Lágrimas grossas descem pelo meu rosto enquanto o céu também chora rigorosamente, decido ficar onde estou, não tenho mais forças.

Um raio corta o céu e atinge uma das palmeiras não muito próxima a mim, mas bem visível aos meus olhos e eu sinto que preciso sair daqui. Atravessar a rua e ficar em alguma marquise.

Me levantar é um custo, meu corpo parece pesar uma tonelada, meu pé lateja e eu simplesmente não consigo colocar ele no chão. Tiro os saltos e vou tentando caminhar, quase que num pé só.

Uma CEO inalcançável.Where stories live. Discover now