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Julieta

Entro no quarto e rapidamente sigo ao banheiro, tirando as roupas molhadas e tomando um banho morno que me lava a alma, choro não pelo beijo, não por Martín, mas pelo passado.

Um passado em que houve outros beijos, outro alguém….

O choro contido por anos explode, com a lembrança de uma fria traição, um noivado falido que enterrei no coração.

Martín tem seu jeito galinha, mas confio nele, nos conhecemos desde pequenos e sei que ele jamais me machucaria, seus carinhos e seu jeito me tocam e sempre me sinto confiante com ele.

O beijo foi tão suave, como se finalmente limpasse todo o passado que eu tentei apagar, meu coração me sabotou, me permitindo gostar e saborear cada segundo do beijo.

Um segundo depois, o passado explodiu voltando à tona, o medo dele se arrepender, o medo de ser um erro e o peso da rejeição  fizeram eu me afastar e literalmente fugir dele. Sei que não posso correr com as coisas, preciso de calmaria, um passo de cada vez.

Algumas batidas na porta, depois do banho, me assustam e eu sei que é ele, eu quero ignorá-lo, mas meu coração traidor, se torna sensato ao me lembrar que não foi ele o causador de minhas feridas.

Visto um robe que mal me cobre e receosa eu abro a porta. Noto seu olhar sobre meus olhos e corpo.

— Oi, Juli. — Ele começa um pouco sem jeito. — Eu não vou pedir desculpas, porque eu não me arrependo de nada do que aconteceu hoje. — Respira fundo tomando fôlego e continuo. — Eu respeito seu tempo e ainda quero conversar com você, mas quero que saiba que não me arrependo de nada. Boa noite, senhorita compacta! — Martín sai correndo em direção ao seu quarto, me deixando totalmente sem fala.

Sorrio fechando a porta ao lembrar do apelido da senhorita compacta.

Volto a cama pensativa, ele não se arrependeu...toco meus lábios, procuro algum arrependimento e como ele, não consigo sentir e isso enche meu coração de alegria.
Com o coração mais calmo, acabo dormindo, um sono tranquilo mas intenso.

No outro dia, depois do banho, penteio os cabelos e os prendo em um rabo de cavalo, ajeito o vestido curto, em decote V e saia plissada com listras brancas e azuis, calço as sandálias também em tom azul e aplico um pouco de blush nas bochechas. Finalizo com o perfume e pego minha bolsinha de mão, saindo do quarto.

Desço o restaurante do hotel, notando como o dia está realmente ensolarado e abafado. Me aproximo do buffet e sirvo uma boa xícara de café Italiano, um croissant de baunilha e algumas fatias de pêssego.

Procuro uma mesa mais ao ar livre, onde uma brisa suave toca minha pele e me sento começando o desjejum. Beberico meu café e mordo meu croissant dando uma olhada ao redor.

No buffet noto Martín montando sua bandeja, com um suco de abacaxi, panino e algumas frutas, ele olha ao redor e assim que seus olhos cruzam os meus ele sorri se aproximando.

Procuro em mim alguma vontade de fugir dele, mas meu coração se sente tranquilo e posso sorrir de volta, como se confirmasse que ele pudesse se sentar aqui.

— Bom dia, Juli! — Marín saúda animado, dispondo a bandeja ao meu lado e deixando um pequeno beijo na minha bochecha, sentando ao seu lado.

— Bom dia, Martín! — Sorrio com seu gesto.

— Hm... alguém está animada, dormiu bem? — Ele sorri tomando um gole do seu suco.

— Muito bem, e você? — devolvo a pergunta enquanto tomo meu café.

Uma CEO inalcançável.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora