A Troca

Capítulo dois: O contrato.

Seus passos eram firmes e decididos.

Conrado caminhava em minha direção seriamente. As pessoas que estavam em seu caminho abriam passagem para que ele pudesse passar. E um frio forte na minha barriga me fez perceber que, eu realmente não me parecia em nada com minha irmã. Isabella em meu lugar se jogaria em seus braços e o beijaria ali, na frente de todos, mostraria o seu lugar e deixaria bem claro a quem Conrado pertencia,  eu no entanto, parecia um animal amedrontado, sem saber o que fazer nem como agir diante de tantos olhares me observando.

Eu simplesmente, congelei.

- Sorria. - disse meu pai baixinho em meu ouvido. E como se meu corpo já estivesse acostumado a receber suas ordens, mesmo em choque, eu reagi. Sorri timidamente.

Até que Conrado parou a em  minha frente. Ele estava lindo, confesso, vestia um terno num tom de azul escuro com uma camisa branca e gravata preto. Seus olhos eram num tom de verde claro, e seus cabelos pretos perfeitamente penteados para trás lhe dava um certo charme.

- Boa noite Isabella!  - disse ele num tom de voz que fez minhas pernas tremerem.

- Boa noite. - falei timidamente. Ele sorriu. E que sorriso. Conrado exibia um sorriso leve, doce e, presunçoso.

- Venha! -  disse, me dando seu braço direito, respirei fundo e apoiei minha mão esquerda em seu braço, e então saímos dali entrando de volta no elevador, deixando para trás olhares curiosos.

O elevador saiu da cobertura seguindo para o andar indicado por Conrado, o vigésimo primeiro. Durante o percurso, me mantive calada e séria. Ainda com a mão em seu braço, tentei não tremer para não demostrar a ele meu nervosismo. Conrado também permaneceu calado e quieto para meu alívio. Não queria conversar com ele antes de assinarmos o acordo de casamento e correr o risco dele descobrir que eu não era Isabella.

As portas do elevador se abriram e seguimos pelo enorme corredor até a última porta. A porta foi aberta por dentro, como se alguém soubesse que estávamos ali. Entramos e dentro da sala havia uma enorme mesa com várias cadeiras, parecia ser uma sala de reuniões. Na ponta da mesa, sentados, haviam dois casais e um homem mais velho. Engoli em seco. Era assim que eu iria me casar.

Sempre pensei em como seria quando esse dia enfim chegasse. Mas, em nenhum momento, passou pela a  minha cabeça que meu casamento seria assim, tão formal e frio. Conrado nos direcionou até a cadeira mais próxima das pessoas que ali estavam, e puxou a cadeira para que eu sentasse, ao menos ele era gentil e educado. Me sentei, em seguida ele se sentou ao meu lado. E então, minha atenção foi voltada ao homem mais velho, que tinha alguns papéis em mãos.

- Boa noite a todos! Como sabem, estamos reunidos aqui para celebrar a união deste casal. - minhas pernas tremiam. Foquei no homem que falava na esperança de me acalmar. - Só para deixar claro os termos deste casamento, Sr. Conrado Lions concordou com os termos estabelecidos pela noiva, e, por seu avô, que seria, doar uma quantia em dinheiro no valor de 2 milhões para reestruturar a empresa de seu futuro sogro que está indo a falência, e mais uma mesada mensal no valor de 50 mil reais. Com isso, a noiva também concorda em se manter fiel a seu futuro marido, e a consumar esse casamento lhe dando herdeiros o mais rápido possível já que foi comprovado sua fertilidade. Realizando assim, o desejo e vontade do Sr. João Lions, avô do Sr. Conrado que lhe fez esse último pedido antes de partir.

Foi assim que fui parar ali.

Sr. João foi apaixonado por minha avó materna, a qual convivi até os últimos dias de sua vida. Depois que sr. João se foi, minha avó tomanda por uma tristeza profunda partiu desse mundo, as vezes penso que os dois estão em algum lugar vivendo esse amor que em vida foi impossível. Sr. João ao saber que a empresa de nossa família estava indo a falência, em seu leito de morte, deixou em testamento, seu último desejo, que seu único neto se casasse com a neta de sua amada, para que de alguma forma pudesse ajudar nossa família sem gerar suspeitas já que a família de Conrado era a mais rica e famosa da alta sociedade, e com isso, a única coisa que teríamos que dar em troca, era um herdeiro. Herdeiro esse que era para ter vindo do amor de minha avó e Sr. João, mas que agora,  viria através do último desejo que Sr. João deixou  em testamento para que seu neto.

- Alguma objeção? - perguntou o homem. Conrado fez que não. Então o homem olhou para mim.

- Eu tenho. - falei constrangida.

- Se for sobre a mesada, podemos aumentar o valor... - disse o homem.

- Não quero a mesada. - falei firmemente. Todos me olharam surpresos, inclusive Conrado.

- Como? - perguntou o homem.

- Quero que deixe de fora a parte da mesada. Aceito os 2 milhões para ajudar a empresa de minha família, mas não quero a mesada.

- Mas essa foi a parte que você mais frisou. - disse o homem. Engoli em seco. Isabella era mais gananciosa do que eu pensava. Se já não bastasse pegar 2 milhões dessa família, ela ainda queria mesada.

- Mudei de ideia. - falei apenas.

- Bom, então temos que redigir o acordo. - disse o homem.

- Não tem problema, eu espero. - retruquei convicta.

O homem olhou para Conrado sem saber o que fazer, até que Conrado balançou a cabeça em sinal de positivo e o homem se levantou e saiu.

Algum tempo depois, o homem entrou na sala com alguns papéis em  mãos. Se sentou no lugar de antes e falou.

- Redigi o contrato. Peço que leiam e se concordarem, podem assinar. - disse ele passando o papel para nós.

Li o contrato atenciosamente e tudo estava como o combinado. Peguei a caneta que estava a minha frente e assinei em nome de minha irmã. Conrado ao ver que eu dei o primeiro passo, assinou em seguida, e assim  selamos o acordo.

Após alguns minutos estávamos casados. O acordo estava feito.

Conrado colocou em meu dedo um lindo anel de casamento em ouro branco com um enorme diamante rodeado por alguns brilhantes. Coloquei em seu dedo uma aliança em ouro amarelo e em seguida Conrado me deu um leve e rápido beijo nos lábios. Tudo estava feito. Agora não tinha como voltar atrás.