Capítulo vinte e quatro, Conrado: Vá atrás da sua Isadora

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O sol estava leve e suave. Os girassóis balançavam lentamente conforme a brisa suave os sacudiam. Sentada sob uma toalha branca no chão, estava Isadora. Vestia um vestido de alças finas estampado na altura dos joelhos, e eu, também sentado bem a sua frente. Ela me olhava sem dizer uma única palavra, apenas me olhava com aquele olhar meigo e doce, um leve sorriso se fez presente em seus lábios, ela parecia tranquila e serena. Ao nosso lado, uma cesta de piquenique, Isadora começou a colocar as comidas do piquenique em cima da toalha estendida no chão. Logo, algo me chamou a atenção. Vindo por trás de Isadora, uma pequena menina, deveria ter uns três anos. Cabelos ruivos igual o de Isadora, vestia um vestido amarelo claro, seus cabelos alaranjados, balançavam conforme ela corria, vindo em minha direção. E logo um sorriso orgulhoso se fez em meus lábios. Eu estendi meus braços esperando que ela chegasse até mim pra então eu a envolver neles e com um abraço forte, lhe apertar.

- Papai! - ouvi sua doce voz gritar por mim.

E então, acordei.

Ainda era madrugada, ao acordar, sentei na cama com o susto daquele sonho não ser real. Lágrimas se fizeram em meus olhos, já havia se passado 2 meses e eu ainda não havia encontrado Isadora. Meu coração apertou ainda mais, eu estava chegando ao meu limite. Olhei para o lado da cama e Isabella estava dormindo, me virei para o lado contrário dela e me deitei, uma lágrima solitária escorregou de meu olho direito. Eu estava sofrendo.

Nunca havia chorado por uma mulher, muito menos por saudades dela, mais com Isadora eu aprendi a ter sentimentos novos, emoções surpreendentes.

Eu amava Isadora, e estava sofrendo com sua partida.

Coloquei detetives para procurar por ela, revirei a cidade de cabeça para baixo, mandei irem até o sul,.onde ela morou boa parte da vida, mais parecia que Isadora simplesmente não queria ser encontrada. Eu não fazia ideia de onde ela estava.

Confesso que esses dois meses morando com Isabella estava sendo um tormento. Sempre dava um jeito de ficar na empresa até tarde e com isso fugir dela quando chegar em casa, o que deu certo no primeiro mês, más, logo descobri que pra manter Isabella longe de mim, eu tinha que colocar a mão no bolso. Assim que ela chegou na minha casa, fez questão de pedir a mesada novamente. Passada o dia fazendo compras e gastando meu dinheiro, era fútil, mimada, egoísta e grosseira. Débora estava sofrendo com ela mandando e desmandando dentro de casa, mais todos nós tínhamos que ter paciência, afinal, ter Isabella por perto poderia ajudar a encontrar Isadora, coloquei alguns homens na cola de Isabella e do pai, se um deles fosse encontrar com Isadora eu ficaria sabendo.

Mais confesso que, depois de dois meses, estava começando a pensar que nunca mais veria minha mulher nem meu filho, e meu desespero começou a falar mais alto.

- Tem certeza que ela não é a Isabella? Quer dizer, pra mim, parece ser a mesma de sempre, a mesma com quem você se casou. - disse Lúcio enquanto conversávamos mais afastados de todos. Estávamos num coquetel na casa de um investidor e tive que levar "minha esposa" pra esse evento. Isabella bebia alguma bebida mais afastada de todos enquanto paquerava discaradamemte um garçom que servia. Ela o olhava com desejo, luxúria, eu não a repreendia, afinal, não permitia que ela chegasse perto de mim. Olhei para Lúcio querendo o degolar com meu olhar, minha Isadora nunca olhou pra outro homem assim. - Desculpe, ela está, comendo o garçom com os olhos. Más, é que, é surreal Conrado essa história. Por mais que você me explique, não consigo entender. Se não fosse pelo jeito dela, diria que você está louco. - disse ele me olhando seriamente.

A noite se seguiu assim, Isabella flertando com todos e bebendo todas, até que no final do coquetel, eu a levei pra casa praticamente carregada.

Um mês depois...

A angústia cada vez mais me dominava. O tempo estava passando e eu não tinha notícias de Isadora, a esse ponto, me vi cada vez mais perdido. Sonhava com ela e nosso filho, que eu tinha certeza ser uma menina igual a ela, quase todos os dias, e sempre acordava assutado. Eu já não estava aguentando viver assim. Sem Isadora, meu mundo não tinha mais graça nem sentido. Eu nunca quis uma família, nem uma esposa, mais como diria meu avô, só damos valor quando perdemos.

Sentado atrás da mesa no meu escritório, tento pensar em outra coisa que não seja Isadora, mais as lembranças dela em minha mente falam mais alto.

- Amore mio. - ao lembrar dela me chamando assim na nossa primeira vez, meus olhos ficam marejados. Isadora se entregou a mim, de corpo e alma. E eu a ela.

- Eu já falei que vou entrar... - ouço uma.voz alta e descontrolada me tirar de minhas lembranças. Levanto meu olhar em direção a porta do meu escritório, e vejo Isabella entrando parecendo um furacão, logo atrás, vem dona Olga que parecia estar nervosa.
- Desculpe dr. Ela passou por cima de mim. Só não chamei a segurança porque é sua esposa. - disse ela tentando explicar a situação, apenas fiz que sim. Estava cansado demais pra ter que resolver aquilo.

Dona Olga saiu da sala fechando a porta e ficamos apenas eu e Isabella sozinhos na sala.

Ela estava muito bem arrumado com um mini vestido vermelho, óculos escuros, e saltos. Um batom também vermelho nos lábios e uma expressão de provocadora. Eu simplesmente não fazia ideia do que ela queria. A olhei atentamente esperando ela se manifestar, o que não demorou muito.

- Conrado querido. Desculpe o mal jeito. Mais o assunto é urgente. - disse ela seriamente. A olhei ainda sem entender. - Aqui está os papéis do nosso divórcio, mandei meu advogado resolve tudo, inclusive já assinei. - demorei um pouco pra assimilar mais aos poucos, fui processando a informação.
- O quê? - perguntei confuso.
- Só falta você assinar, fofo. - disse ela com um sorriso. - Não me olhe assim... Eu sei que não sou a Isabella que você chama todas as noites enquanto dorme. Também não sou a Isabella por quem você chora quando acorda nas madrugadas depois de ter tido um sonho ruim. - disse ela seriamente. - Sabe Conrado, eu nunca fiz nada bom pela minha irmã, nunca a amei como uma irmã nem tão pouco demonstrei isso, esse tempo que fiquei em coma, me ensinou muita coisa... Existem coisas que o dinheiro não compra, existem pessoas que estão destinadas uma a outra. Estou te dando sua carta de alforria, vá viver sua liberdade! - disse ela ao sorrir. Então, sem dizer mais nada, se virou e caminhou até a porta, mais parou antes de abri-la. - Deixei um presente pra você no verso desses papéis. Vá atrás da sua Isadora, sem dúvidas ela é muito melhor que eu. - disse ela com lágrimas nos olhos.
- Isabella. - falei ao me levantar. Ela me olhou atentamente. - Obrigado. - agradeci com um leve sorriso. Ela fez que sim e saiu, sem olhar para trás.

A TrocaWhere stories live. Discover now