Capítulo oito: Quem você pensa que é?

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Sim, eu era sua mulher, estávamos casados perante a lei mas não era comigo, Isadora que Conrado estava casado, e sim, com Isabella. Estranhamente, meu coração se apertou diante desse pensamento. Ele não era meu marido, simplesmente porque eu não era sua mulher.

- O que se passa aqui? - e quando eu pensei que não podia piorar, ouço a voz de Sr. Giuseppe. Conrado solta meu antebraço.
- Me desculpe Pepe. - diz Conrado ao se levantar.

Olho aquela cena atentamente e espantada. Conrado havia se referido ao Sr. Giuseppe com tanta intimidade. O senhor olha para Conrado esperando uma resposta para sua pergunta.

- Conrado meu filho, tem alguma coisa errada com essa moça? - pergunta Sr. Giuseppe.
- Não Pepe, com ela não. - diz ele me olhando parecendo mais relaxado. O Sr. Continua olhando sem entender nada.
- Então? - Sr. Giuseppe reforça a pergunta. Conrado olha para mim e fala.
- Traduza tudo o que eu disser. - diz ele seriamente. Sem ter outra escolha faço que sim e conforme ele ia falando em português, eu repito em italiano. - Eu só estava dizendo a este cavalheiro, - diz olhando para o tal homem. - Que a moça com quem ele pensou que poderia ter alguma liberdade é minha esposa. - volta a atenção para mim, Sr. Giuseppe me olha surpreso.
- Eu não sabia ragazzo. - diz Sr. Giuseppe surpreso. Conrado sorri.
- Agora todos sabem. - diz ele com um sorriso e olhar presunçoso. Correi. Nunca passei por nada parecido e a minha vontade era de sair correndo dali.
- Por que não me disse isso ragazza? - perguntou Sr. Giuseppe.
- O senhor não me perguntou. E também não achei que fosse uma informação importante. - falei friamente.
- Como não? Você é esposa do meu melhor cliente e amigo! E esta aqui trabalhando pra mim. - diz ele parecendo mais ainda surpreso.
- Pepe, espero que isso não prejudique Isabella. - diz Conrado.
- No, claro que no.
- Ótimo, obrigado. - diz ele com um leve sorriso.
- Bom, agora que tudo está esclarecido, vamos voltar aos negócios. - diz o sócio de Conrado que até então só observava a cena com olhar atento.
- Tem razão. - concorda Conrado.
- Venha ragazza, vamos deixar os cavaleiros resolverem suas pendências. - diz Sr. Giuseppe ao me conduzir para longe dali.

Saio sem olhar para trás, toda aquela situação foi demais pra mim.

— Você está bem? Parece nervosa. — pergunta Sr. Giuseppe quando entramos na cozinha.
— Sim, não se preocupe Sr. — digo tentando convencer a mim mesma disso.
— Venha, sente. — me direciona ele para sentar numa mesa mas afastados. O movimento na cozinha estava mais tranquilo, e os funcionários trabalhavam sem nos dar atenção. — Eu no sabia que você era esposa do ragazzo Conrado. Somos amigos há tantos anos, ele me contou semana passada que iria se casar, até me convidou, mas o restaurante estava cheio ontem, — disse ele se perdendo em pensamentos. — Você se casou ontem com um homem muito rico, e hoje está a procura de emprego, por que? — perguntou seriamente. Engoli em seco, o que eu iria dizer a ele? A verdade?
— Sr. Giuseppe,
— Pepe, pode me chamar de Pepe. — faço que sim com a cabeça.
— Pepe, eu só quero trabalhar, ser independente, só isso. — isso era o mais verdadeiro que eu poderia dizer. O Sr. Me olha com um olhar terno e sincero, vejo que é uma pessoa boa.
— Tudo bem, sem mais perguntas. O emprego é seu. — diz ele seriamente.
— Sério? — pergunto surpresa, ele faz que sim. — Obrigada Pepe, obrigada. — digo eufórica lhe abraçando, ele retribui o abraço e diz.
— Benvenuta nella squadra.( Bem vinda a equipe).
— Grazie. ( Obrigada). — digo me sentindo a mulher mais feliz do mundo.

— Isabella. — ouço a voz de Conrado me chamar. Me desfaço do abraço e o olho, ele esta em seu terno preto e camisa branca com gravata de preto. — Volto pra te buscar a noite, quando o restaurante fechar.
— Está bem. — digo.
— Pepe, até mais.
— Até ragazzo. — ao ouvir isso, Conrado saí. — Agora que os nossos últimos clientes se foram, venha, vou lhe explicar algumas coisas que precisa saber para quando abrirmos mais tarde. — diz Pepe ao se levantar, me levanto também e o sigo para fora da cozinha.

Pepe me explicou tudo o que eu precisava saber para trabalhar quando o restaurante voltasse a funcionar a noite. Durante o dia, apenas o bar ficava aberto onde algumas pessoas se encontravam para socializar. Tudo ocorreu dentro do esperado, e no final do expediente, me despedi de pepe que me disse um horário fixo que eu poderia trabalhar já que naquele dia eu estava apenas em teste. Ao sair para fora do restaurante, logo vejo o carro de luxo de Conrado a minha espera. Abro a porta de trás e entro, e para minha surpresa, lá estava ele. Sentado me esperando.

— Boa noite. — digo ao fechar a porta e logo o carro segue viagem.
— Boa noite. — Conrado responde olhando alguma coisa em seu celular. — Esse é Antônio, ele era motorista do meu avô e agora será seu, quando precisar sair, ele irá lhe acompanhar. — diz ele ainda mexendo em seu celular. Olho para o retrovisor do carro e o senhor acena com a cabeça em sinal de positivo.
— Conrado, não precisa, eu posso pegar um táxi e...
— Isso está fora de cogitação Isabella, eu não poderia vir te buscar toda noite, e é perigoso você andar por aí sozinha a noite no carro de estranhos, Antônio irá dirigir para você. — diz ele me encarando. Engulo em seco. Levei uma bronca do meu marido no primeiro dia de casados e na frente de estranhos, isso não tinha como ficar pior. — Sim? — diz Conrado ao atender o celular. — Está bem, estamos chegando! — diz ele e desliga. O olho atentamente. — Seu pai, está nos esperando em casa. — fico surpresa.
— O que será que ele quer? — pergunto mais de uma forma como se fosse a pergunta fosse pra mim mesma.
— Ou ele quer te ver, ou quer saber o porquê eu não depositei sua mesada. — diz ele me fazendo o olhar atentamente. — O dia era hoje, e eu depositava na conta dele, foi você quem pediu lembra? — eu não sabia daquela informação.
— Acho que tá mais pra a segunda opção. — digo murmurando, mas parece que Conrado ouviu, pois ergue uma sobrancelha e me olha com olhar de espanto. Seguimos viagem calados.

Eu estava encrencada, disso sabia bem. Meu pai não iria olhar com bons olhos a atitude que tomei ao rejeitar a mesada. Mas já estava feito, e não tinha nada que ele pudesse fazer para me fazer mudar de ideia.

*****

— Boa noite papai. — digo ao me aproximar dele que estava a nossa espera sentado no sofá da sala. Ele se levanta.
— Boa noite. — diz meio arredio.
— A que devo essa visita? — Conrado pergunta como se já soubesse a resposta.
— Vim por que como combinado, chequei minha conta e vi apenas os 2 milhões que você depositou ontem, mais o valor da pensão, os 50 mil, não estavam lá. — Conrado olha para mim e para meu pai parecendo se divertir com a situação.
— Pergunte a sua filha, ela irá lhe responder melhor. — diz ele o encarando. Meu pai lança um olhar furioso para mim, não sei o que fazer para me livrar daquela situação.
— O que está acontecendo aqui? — pergunta meu pai bravo. Engulo em seco.
— Vou deixar vocês conversarem, sogro, foi um prazer revê-lo. — diz Conrado e saí, seguindo para o nadar de cima. Meu pai espera ele subir as escadas e sumir do nosso campo de visão, e quando isso acontece, vejo ele se transformar a minha frente.
— O que você fez sua insolente? — pergunta bravo mais contendo o tom de voz.
— Eu pedi para que Conrado não desse mais a mesada.
— Você fez o quê?
— Papai, o senhor já tem os 2 milhões, com esse dinheiro, o senhor pode reerguer a fábrica e se manter, não precisa de 50 mil, já  pegou um bom dinheiro, agora esqueça isso. — digo tentando o acalmar.
— Quem você pensa que é? — diz ele dando alguns passos e parando bem a minha frente, de modo que ficamos quase que colados. — Não se esqueça qual é sua função aqui Isadora. Você está aqui para garantir nosso futuro, não para brincar de ser boa. — diz ele amargamente. O olho assustada. — Faça tudo conforme o plano, ou você irá se arrependerá do que fez.
— Papai, eu fiz tudo o que me pediu, eu me coloquei no lugar da minha irmã, casei, consegui o dinheiro, mas  não me peça pra arrancar mais dinheiro dele, por favor. — Supliquei com lágrimas nos olhos.
— Por que está fazendo isso? Por acaso está, apaixonada Isadora? — pergunta seriamente. Engulo em seco. — Não cometa essa burrice, não seja tola.
— Eu não estou  apaixonada por ele, apenas não quero mais pegar dinheiro dele. Eu fiz tudo o que me pediu, agora eu peço, por favor, não toque mais nesse assunto. Ou poderá gerar desconfianças.
— Assim espero. — diz ele e ao dizer isso, me encara pela última vez a saí.

Ao ver meu pai sair, sinto minhas pernas bambearem, e então caio sentada no sofá. Tinham sido muitas emoções para um dia só.

A TrocaWhere stories live. Discover now