Capítulo onze: Stai lontano da mio marito.

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De repente, a gata borralheira se transformou em Cinderela.

Me vejo no espelho e mau consigo acreditar no que vejo. Pronta para o evento, percebi que algo em mim brilha mais que o normal, eu estava diferente, admito. Olho com carinho para o anel de casamento em meu dedo, e sorrio ao ver que ao menos Conrado tinha bom gosto na escolha da jóia.

Desço as escadas para o andar de baixo, confesso que sinto borboletas voarem em minha barriga ao ver, ainda do topo da escada, um pouco da cabeça de Conrado que estava de costas para a escada falando ao celular, ele não percebe minha presença ali, que cada vez  vai se aproximando ainda mais. Paro no penúltimo degrau, e como se finalmente estivesse percebido minha chegada silenciosa, Conrado se vira lentamente, com a mão direita, segurava o celular e dizia algo de sua conversa, e com os olhos, me olha de cima a baixo. Eu também o olho atentamente, e vejo que como se fosse quase impossível, Conrado estava ainda mais bonito do que de costume.  smoking preto, camisa branca, cabelos penteado para o lado, um típico galã de cinema. Seus olhos me mediam e notei que nesse momento, se perdeu no que estava falando, Conrado estava literalmente de boca aberta. Sorri, um sorriso tímido e leve ao perceber seu mal jeito ao me ver.

— Nos falamos depois. — diz Conrado e desliga o celular o colocando no bolso da calça. Ele continua me olhando, me medindo, como se eu fosse uma visão, uma miragem. Sinto um certo arrepio me dominar, nunca havia sido observada assim, com tanta atenção.
— Boa noite. — digo meia sem graça. Alguém tinha que dar o pontapé inicial.
— Boa noite. — diz ele, com uma voz firme e penetrante, fazendo meu coração acelerar. Depois de um certo tempo em silêncio, Conrado diz. — Você está, linda. — as palavras saem de sua boca sem nenhum esforço, ele simplesmente disse o que pensava e isso me deixou feliz.
— Você também, está, lindo. — digo o óbvio. Ele sorri. Aqueles poucos segundos que ficamos ali parados nos olhando mais parecia ter sido horas. Era como se o tempo tivesse parado, e só houvesse restado nós.
— Acho melhor irmos, se não vamos nos atrasar. — diz ele parecendo se lembrar de onde deveríamos estar. Faço que sim e desço os dois últimos degraus da escada, Conrado me oferece seu braço, e eu me apoio nele, e então seguimos. Tínhamos uma festa para ir.

Durante o trajeto, enquanto Antônio dirigia o carro, seguimos calados, Conrado olhava constantemente para frente, e eu, olhava pela janela do meu lado a paisagem. Estava nervosa demais para lhe olhar.

Minha mão esquerda estava em cima de minha coxa, e enquanto eu observava as ruas por onde passávamos, senti lentamente um toque quente e suave em minha mão, era Conrado. Era seu toque, sua pele, sua mão, que se posicionou sob a minha de forma terna e contida, percebi que ele agia lentamente esperando uma reação minha, era como se ele pedisse permissão, e eu cedi. Virei minha mão e apertei suavemente a sua, ainda olhando a vista, vi pelo reflexo da janela um leve sorriso se formar em seu rosto, então sorri também. E seguimos viagem assim, de mãos dadas mas sem ter coragem de o olhar.

Chegamos no mesmo hotel de luxo onde nos casamos. E ao entrar no elevador, Conrado apertou o botão para a cobertura onde ficava o salão de festas. Ainda segurando em sua mão, tomei coragem e puxei assunto.

— Você gosta de fazer eventos neste lugar. — falo ainda olhando para frente.
— Sim, é o melhor hotel do estado e tem um espaço para festas muito bom. — diz ele também olhando para frente.
— Sim, é um lugar muito bonito. — admito.
— Por isso que o comprei. — diz ele e as portas do elevador se abriram.

Fiquei surpresa ao saber que aquele hotel pertencia a Conrado. Eu sabia que ele tinha bastante posses, sua a família dos dois lados eram muito rica e ele era o único herdeiro de tudo, mas nunca imaginei o quanto. Aquele hotel valia milhões.

Ao sairmos do elevador, percebo que o salão já estava cheio, parecia que só faltava nós. Todos os olhares e atenções se voltaram  para nós, éramos o centro das atenções, e isso me fez ficar sem graça. Por reflexo, aperto a mão de Conrado que ao notar meu nervosismo, massagea com o polegar o dorso de minha mão, como se dissesse de forma silênciosa que estava tudo bem, que eu não estava só. E isso aos poucos foi me relaxando.

Cumprimentamos muitas pessoas que ali estavam, pareciam pessoas importantes e estavam bem vestidas, naquele momento, agradeci mentalmente a Carmem por ter me ajudado na escolha da roupa. Depois de um certo tempo, Conrado é levado por seu sócio, que descubro se chamar Lúcio, para cumprimentar uns investidores e fico sozinha no meio de toda aquela gente. Pego uma taça de champanhe que um garçom passou me oferecendo, e enquanto bebi pequenos goles, começo a andar lentamente pelo salão. As pessoas ali presentes conversam e riem, acenam com a cabeça levemente conforme eu passo por elas, parece que todos ali sabem quem eu sou. Claro que sabem, todos devem conhecer muito bem Conrado.

Me aproximo lentamente de um grupo de três mulheres muito bem arrumadas que bebiam e sorriam num canto do salão, elas percebem minha presença, acenam com a cabeça e eu levanto minha taça em cumprimento, sorriu e elas retribuem. E então voltam a conversa. Percebo que estão falando em outro idioma, e para minha surpresa era italiano. Me aproximo sorrateiramente, para tentar ouvir, eu sei que é feio, mas eu não tinha nada mais interessante para fazer. Elas não percebem, e continuam sua conversa despreocupadamente.

— Lui e un Gatto. ( Ele é um gato) — diz a loira olhando para o lado, sigo seu campo de visão e vejo Conrado conversando com mais dois homens.
— Ma e sposato.( Mais é casado) — diz  me olhando sutilmente com um leve sorriso, sorrio em resposta. Isso estava ficando interessante.
— Non mi interessa.( Não me importa) — Non sono geloso. ( Não sou ciumenta) — diz de uma forma sedutora, as outras riem. — Quegli occhi Verdi, fammi rabbrividire. ( Aqueles olhos verdes, me fazem estremecer) — não tinha mais dúvidas, era de Conrado que elas estavam falando. A maneira como elas falavam e riam como se estivesse devorando ele com os olhos me irritou, e naquela altura, eu já estava processa de ciúmes.
— amch'io. (A mim também) — digo em alto e bom som. Elas me olham surpresas. As encaro e continuo. — Io sono moglie di Conrado, ( eu sou esposa de Conrado) — digo com todo o prazer e satisfação ao ver suas feições de surpresa. — Non e solo gli occhi Che mi fanno rabbrividire ( não é só os olhos que me fazem estremecer) — digo de modo sedutor. Elas olham uma para as outras espantadas. — Goditi la  festa. Stai lontano da mio marito. ( Aproveitem a festa. Fiquem longe do meu marido) — digo e saio com toda satisfação do mundo.

A TrocaWhere stories live. Discover now