Capítulo cinco: Outro acordo

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Chegamos num condomínio de luxo onde Conrado morava. O lugar era mil vezes mais luxuoso que  onde eu morei a vida toda. Muita segurança e muito luxo rodeava o condomínio. O carro parou  em frente a uma mansão enorme e ainda mais luxuosa. Conrado me ajudou a descer do carro e então entramos na casa.

A decoração era moderna e sofisticada, móveis e paredes tudo em tons neutros.

— Mais tarde lhe mostro todos os cômodos, dei folga aos funcionários  para que você possa ficar mais a vontade na casa. — disse Conrado afrouxando o nó de sua gravata. Fiz que sim. — Seu quarto é o segundo a direita subindo as escadas. — disse ele enquanto se aproximava do enorme sofá da sala.
— Meu quarto? — perguntei confusa. Ele me olhou atentamente se sentando.
— Sim. Seu quarto, o meu é o primeiro. Iremos dormir em quartos separados. Desculpe não ter comentado antes. — disse ele como se aquela informação não fosse nada. O olhei ainda mais confusa.
— Tudo bem, eu acho... — falei meia sem graça.
— Isabella, eu sei que já que somos casados devemos dormir no mesmo quarto e que, bom, meu avô deixou claro em seu testamento sobre o herdeiro, mas,  vou ser honesto com você, eu concordei com tudo isso porque meu avô era tudo o que eu tinha, ele era minha única família, foi ele quem me criou e me fez quem hoje sou. Eu não poderia contrariar sua palavra, ele me fez um pedido e eu aceitei. E aqui estamos. Fiz tudo conforme ele havia pedido, estou cumprindo sua vontade. Mas é só, eu não quero ter uma vida conjugal, não me leve a mal, não nos conhecemos, estamos nessa situação por condições diferentes mas no mesmo barco, estamos aqui porque precisamos estar, não porque queremos. Espero que concorde comigo. — fiquei sem reação ao ver ele dizer tudo aquilo. Não porque não teríamos uma vida de casados mas, porque Conrado já havia pensado em tudo, e para minha surpresa, eu estava de acordo com ele.
— Sim, eu, eu concordo.
— Que bom, fico aliviado. — disse ele parecendo mais relaxado. — Eu temi pensando que você não concordaria mas eu tinha que tentar.
— Entendo.
— Não se preocupe, ninguém saberá disso. Será um acordo nosso. Para os outros, seremos um casal, mas aqui dentro, vamos tentar ao menos sermos amigos.
— Tudo bem. — concordei aliviada. Conrado fez que sim parecendo mais aliviado também. — Bom, eu vou, para meu, quarto. — falei meia sem graça e me direcionei até a escada que ficava mais ao lado da sala, subi o mais rápido que pude. Eu queria fugir daquele momento embaraçoso.

No andar de cima, havia um enorme corredor e várias portas, por detrás daquelas portas por certo, seriam os quartos. Passei pela primeira porta que ficava o quarto de Conrado, e não muito distante, a segunda porta, o meu quarto. Abri a porta e entrei. E fiquei impressionada com a grandeza daquele quarto. O quarto era enorme, tinha uma pequena sala logo na entrada, e descendo três degraus, ficava a luxuosa cama. Os móveis eram modernos e sofisticados, a decoração era leve e moderna e tudo ali me lembrava o quanto meu marido era rico. Tudo ali cheirava a dinheiro. Logo ao lado dos degraus, havia uma porta, ao abrir, vi que se tratava do banheiro que era um espetáculo a parte, e atrás de uma porta de vidro de correr, o closet, que inclusive já estava ocupado por meus pertences. Aquela era minha nova realidade.

Tirei meu vestido de noiva e desfiz o penteado entrando com tudo em baixo do chuveiro.

Enquanto a água caía em minha cabeça, fechei os olhos na tentativa frustrada de me acalmar, respirar e aliviar meu estresse. Mas logo uma antiga lembrança, veio em meus pensamentos.

*******
— Mamãe, quero ir morar com a vovó. — falei  a minha mãe que estava sentada em seu escritório de casa analisando uns papéis. Ela me olha fixamente.
— Por quê? — pergunta seriamente. Saio da porta onde  estava parada e ando em sua direção, ao parar a sua frente, digo.
— Eu não gosto daqui, não gosto dessa vida aqui. Eu gosto de como as coisas são na casa da vovó. — ela me olha com aquele olhar de amor que só mamãe tinha.
— Minha filha, aqui é sua casa, sua família está aqui. Eu sei que gosta de ir viajar pra casa de sua avó, mas, aqui é sua casa.
— Mamãe, eu sei que vocês são minha família, mas eu gosto de ficar lá. Eu não tenho nada a ver com esse mundo, aqui eu não conheço ninguém, não gosto daqui. — digo convicta.
— Eu sei que está difícil se adaptar  sei o quanto gostava de morar no sul, mas, foi preciso essa mudança, seu avô morava aqui, a empresa está aqui. Por isso precisamos ficar aqui... Isabella já se adaptou muito bem a nossa nova realidade, tente fazer o mesmo.
— Eu não sou Isabella. — digo brava. A comparação com minha irmã sempre me deixou nervosa. Eu não era tão perfeitinha como a Isabella.

Por mais que mamãe tentasse a todo o custo, meses depois, vendo que eu estava infeliz ali, ela permitiu que eu voltasse para o sul, para morar com minha avó com quem morei até os últimos dias de sua vida. E não me arrependo das escolhas que fiz. Minha vida lá era perfeita para mim. Ali fiz amigos, estudei, me formei em administração, e fui feliz de verdade. Até o dia em que meu pai ligou, dizendo que eu precisava voltar, e tudo mudou.

A TrocaWhere stories live. Discover now