Capítulo dezessete: Por toda a vida, e além dela.

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E como disse Conrado, aquela boa noite de sono renovou minhas energias, acordei na manhã de segunda-feira mais leve e feliz.

Olho para o lado esquerdo da cama e a encontro vazia, ele já havia saído pra trabalhar. Sorriu ao me lembrar que estava ali, em seu quarto em sua cama. Que sonho bom. O melhor era saber que tudo aquilo era real.

Me levanto e sigo para o banheiro, faço minha higiene matinal e abro a porta de correr anexada ao banheiro e sigo para o closet. Me arrumo vestindo um vestido curto soltinho e prendo meus cabelos num coque, gostava de ficar mais a vontade em casa. Saio do banheiro voltando  para o quarto e me deparo com uma das funcionárias da casa, ela estava com o lençol sujo de sangue nas mãos, olhando fixamente para ele com as mãos erguidas para o alto, como se tentasse entender o que aconteceu aqui. Nesse momento, fico morta de vergonha, mais tento me conter, afinal, toda mulher já perdeu sua virgindade um dia. 

— Bom dia. — digo sem jeito. Ela se vira para mim escondendo o lençol por trás de si assustada. Não diz nada,apenas me olha nervosa. — Meu marido já foi trabalhar? — pergunto apenas para dar algum rumo a conversa.
— Bom dia senhora, sim, mais, ele disse que viria almoçar em casa hoje.
— Ele sempre almoça em casa? — perguntou curiosa.
— Nunca.
— Bom, então avise a cozinheira que em breve descerei, vou ajudá-la no almoço. — digo e ela me olha ainda mais confusa.
— Está bem.
— Vou deixar você trabalhar tranquila, só preciso de um favor.
— Pode dizer. — fala prontamente.
— Não comente com os outros funcionários da casa o que viu nesse lençol. Eu trabalho num restaurante e, sei bem o que se passa nos bastidores. — digo de forma gentil. — Toda mulher tem sua primeira vez. — ela faz que sim.
— Se me permiti senhora, fico feliz que tenha sido com seu marido, se nota que ele a ama, nunca o vi tão feliz antes de ir trabalhar. Está sempre tão sério e centrado. Se nota que vocês estão bem. Fico feliz por vocês. — diz ela de forma tímida.
— Obrigada. — agradeço e saio do quarto, preciso tomar um bom café.

****

— Bom dia. — digo a duas funcionárias ao entrar na cozinha. Elas me olham surpresas.
— Bom dia. — diz a senhora mais velha que estava lavando umas verduras.
— Conrado vem almoçar em casa hoje, e, pensei em cozinhar alguma coisa pra o almoço, posso me juntar a vocês?
— A senhora? — pergunta a mais nova que estava lavando uns pratos.
— Claro senhora. — diz a mais velha a enterrompendo. Sorriu. Elas pareciam perdidas com minha presença.
— E o que vão fazer pra hoje? — pergunto me aproximando.
— Sr. Conrado gosta de coisas simples, vamos fazer arroz branco, bacalhau  de forno com batatas e uma salada. Pra sobremesa, ele gosta muito de pudim de leite. — responde a mais velha.
— Ótimo, eu não sei fazer o bacalhau mais posso ajudar no arroz e no pudim. — digo com um leve sorriso. Ela faz que sim e então me achego a elas para lavar minhas mãos. E começamos a cozinhar.

****

—  Débora, Vocês trabalham aqui a muito tempo? — pergunto a senhora mais velha. Estávamos apenas eu e ela na cozinha, Solange, sua assistente havia saído para comprar alguma coisa no mercado, mais acho que isso foi uma desculpa que Débora deu para ela sair e nos deixar sozinhas.
— Sim, desde quando Sr. Conrado era um menino. — diz ela lavando o peixe enquanto eu mexo o arroz o refogando.
— Então a senhora conheceu o Sr. João? — pergunto curiosa.
— Sim, era um homem muito bom, que Deus o tenha. Os pais de Conrado morreram quando ele tinha uns 7 anos, num acidente de carro, na época, Sr. João ficou desolado. Mais criou o neto com todo carinho que tinha. O ensinou tudo que ele sabe hoje, e o neto tinha uma verdade devoção pelo avô.
— Entendo. — digo baixinho.
— Eles eram inseparáveis. Era muito bonito de ver, o companheirismo dos dois. — um rápido silêncio se faz. E depois ela continua. — Mais agora a senhora está aqui. Sei que tem apenas poucos dias que se casaram, mais, a senhora preencheu o vazio que essa casa tinha. Todos vêem isso. Sr. Conrado já não é o mesmo de antes. Ele ficou tão abalado com a morte do avô que ficou 2 anos morando naquele país que as mulheres usam véu.
— A Turquia. — digo sorrindo.
— Sim, esse mesmo. Todos falavam pra ele, que com tantos países no mundo, ele tinha que ir logo pra lá. Mais ele dizia que era o lugar perfeito pra quem não quer socializar. Ele fala que lá, eles são muito frios, é cada um na sua, e dizendo ele que esse tempo lá, o ajudou a passar pelo luto... Eu fiquei aqui com o coração na mão, ele lá sozinho, sem conhecer ninguém, de luto. Sr. Conrado aprendeu desde muito cedo, com a morte dos pais, a sofrer calado. Acho que foi por isso que ele se isolou do mundo... Mais hoje vejo, que o mesmo brilho que havia em seus olhos antes, quando Sr. João era vivo, voltou. Você fez muito bem a ele senhora. — diz ela se virando para me olhar. Fico sem graça. Mais feliz por apesar da forma que entrei em sua vida, lhe fazer bem. Eu queria ver Conrado sempre assim, feliz e contente. E ao saber de sua triste história, agora desejava muitaos o ver bem.

****

— Débora, você e Solange podem colocar a mesa por favor, vou tomar um banho, tô cheirando a alho frito. — digo sorrindo.
— Claro senhora. — diz ela, e então saio da cozinha e sigo para nosso quarto.

****

Enquanto penteo meus cabelos, vejo pelo reflexo do espelho, Conrado entrar no quarto. Sua feição ao me ver logo demostrou em um sorriso, o quanto ele se alegrou com minha presença ali.

— Como pode estar mais bonita que hoje cedo? — pergunta ao me abraçar por trás e depositar em beijo em meu pescoço. Sorriu.
— Hoje cedo eu estava dormindo, então, é claro que estou mais bonita agora. — digo brincando. Ele me vira e me olha atentamente.
— Você é linda sempre, em qualquer dia ou hora. E eu amo te ver dormindo. — Ao dizer isso, meu sorriso é quebrado por um beijo seu. E envolvida em seus braços me permito ser dele novamente. Conrado me deita em nossa cama, e ali, ardendo de desejo, me entrego a ele mais uma vez.

****

— Buon appetito.( Bom apetite) — digo ao sentarmos a mesa.
— Grazie.( Obrigado) — responde ele com um sotaque mais amador do que eu já ouvi. — Soube que Débora teve uma ajuda especial hoje. — diz ele dando a primeira garfada.
— A protagonista nessa cozinha é ela, fui apenas uma figurante. — digo. Ele sorri.
— Você cozinha bem Isabella. Deveria se dar o mérito mais vezes. — diz ele me olhando. Sorriu.

Almoçamos num clima descontraído, conversamos sobre coisas aleatórias e rimos bastante das aventuras de Conrado na Turquia. Estar com ele era sempre muito gostoso e leve, as vezes não entendia o jeito que o destino nos uniu, más, se ele o fez, era sinal de que estávamos predestinados a ficarmos juntos. E que assim seja. Por toda a vida e além dela.

— Senhora, — ouço Débora me chamar. Termino de mastigar o pudim de leite que estava divido e ela se aproxima com o telefone da casa nas mãos. — É o seu pai, ele quer falar com a senhora. — diz ela tampando com a mão a parte que se ouvia do telefone. Fico sem reação, pois papai nunca foi de me ligar. Muito menos depois que casei e Conrado lhe deu os dois milhões. E depois de nossas última conversa, na semana passada, fico apreensiva para qual seja o assunto. Faço que sim e pego o telefone de sua, ela se vai. Conrado me olha atentamente, parece ter a mesma dúvida que eu.
— Papai. — digo um pouco baixo. Temia qual seria o motivo daquela ligação.
— Isadora, aconteceu um milagre. — dizia ele empolgado. Fiquei sem entender. — Sua irmã, ela, ela mexeu um dedo. — nesse momento, meu mundo parou. Apenas olhava dentro dos olhos de Conrado temendo que nosso mundo feliz desabasse. Lágrimas encheram meus olhos, e eu lutava para que elas não caíssem. — Foi rápido e quase imperceptível, mais eu e a enfermeira vimos, ela mexeu, pouco mais  mexeu. — a medida que ele continuava falando, era como se meu castelo de vidro se quebrasse a cada palavra. — O médico disse que não ouve mudança em seu quadro, mais é um progresso, ela pode acordar, ou mexer alguma parte do corpo a qualquer momento. Isso não é maravilhoso? — dizia ele extasiado.
— Sim papai. Fico feliz. — ao dizer isso, desligo. Não tenho condições de ouvir mais nada.

Conrado me olha preocupado, ele sabia que alguma coisa não estava certo. Mais como eu iria dizer isso a ele? Conforme eu o olhava sentia uma enorme dor em meu peito. Tudo estava por um fio de se acabar. E eu não sabia como lidar com aquela dor.

A TrocaDär berättelser lever. Upptäck nu