Capítulo doze: E que se dane o amanhã

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Colocar aquelas italianas piriguetes em seu lugar foi satisfatório. Conrado era  sim um homem muito bonito, chamava a atenção por onde passava isso era um fato, mas, dar em cima dele mesmo sabendo que era um homem casado e que a mulher dele estava por perto foi a gota d'água pra mim. Elas achavam que eu não estava entendendo o que elas estavam falando, e naquele momento agradeci aos céus por ter trabalhado naquele restaurante italiano no sul e ter aprendido o idioma com os donos.

A festa se tratava para comemorar o acordo entre a empresa de Conrado e a empresa do tal italiano que me cantou no restaurante. Fiquei aliviada em ver que Conrado não deixou o lado pessoal interferir no lado profissional. Enquanto a festa seguia, observei com atenção o ambiente. Tudo estava lindamente e com um certo requinte que o lugar proporcionava.

— Tudo bem? — ouço a voz de Conrado e me viro para vê-lo. Ele está parado a minha frente com um leve sorriso no rosto. Naquele momento, era como se não existisse nenhum problema na minha vida. Com Conrado tudo era paz.
— Sim, estou bem. Não se preocupe. — digo com um sorriso. Ele sorri.
— Já terminei o que vim fazer aqui, podemos ir se quiser.
— Claro, estou um pouco cansada, seria bom poder descansar.
— Então vamos. — diz ele e o sigo até a saída.

Entramos no carro e Antônio segue. O dia tinha sido puxado, estava um pouco cansada mais feliz. Aquele foi o primeiro evento que fui com Conrado, oficialmente como sua esposa, por mais que ali, para ele, eu fosse sua esposa, meu coração pesava com a realidade, eu não era, não era sua verdadeira esposa. Conrado não se casou comigo, e isso me deixava de certa forma triste, pois eu sem perceber, já estava me apegando a ele. Coloco parte dessa culpa na carência que sempre tive de uma presença masculina em minha vida, outra parte, pelo fato de não ter conhecido o amor nem ter tido nada sério com ninguém. Hoje vejo que a inexperiente nem sempre é bom.  

— Está cansada? — ouço sua voz me tirar de meus pensamentos. O olho e Conrado estava me olhando de forma terna.
— Um pouco. O dia foi cheio hoje. — digo o olhando.
— Venha. — diz ele me estendendo sua mão. O olho surpresa mais não resisto. Lhe dou minha mão e me aproximou dele me afastando para mais perto dele no banco do carro.

Conrado me encosta sob seu peito, sinto as batidas aceleradas de seu coração conforme me ajeito. Conrado me abarca com apenas um braço, e ali ficamos, juntinhos durante todo o trajeto. Seu cheiro era simplesmente maravilhoso. Conrado exalava de si algo bom, era como se eu soubesse que junto a ele estava bem, estava segura. Eram tantas sensações e sentimentos que me invadiram com aquela aproximação que já não sabia lidar nem controlar minhas emoções. Tudo era confuso. Mais era uma confusão boa.

Chegamos em casa e agradeci por ter chegado.

— Eu, vou tomar um banho. — digo me virando para Conrado que estava atrás de mim quando entramos na casa. Ele apenas faz que sim, mas percebo um certo desapontamento da parte dele. Parecia que Conrado esperava algo a mais. Fiquei sem graça com minhas suspeitas e segui rapidamente para as escadas.

Subi me odiando. Eu precisava ser tão inexperiente assim? Pensei. Enquanto a água quente caía sobre mim, não deixei de pensar em como tudo seria diferente se fosse Isabella que estivesse ali, no meu lugar. Isabella sabia como agir em qualquer situação. Ela era experiente, vivida, éramos gêmeas, mais Isabella em certos assuntos era bem mais vivida que eu. E naquele momento me odiei por isso. Lágrimas caíram de meus olhos, eu tinha um homem que claramente estava gostando de mim, ele deu pistas durante toda a noite. Queria minha companhia e eu a dele. Mais o medo, a inexperiência falaram mais alto. Eu tinha medo das consequências dessa história, do que poderia acontecer comigo, conosco se Conrado soubesse da verdade. Como eu poderia me entregar e me apaixonar por um homem que nem era meu, e o pior, que eu estava enganado de forma tão feia.

O que Isabella faria no meu lugar?

Isabella não mediria as consequências, esses tipos de preocupações sempre ficou pra mim, eu era quem média tudo antes de agir. Ela não se importaria com nada, e viveria seu momento. E que se dane o amanhã, era assim que ela dizia. Tomada por uma coragem que sei lá de onde veio, me decido. E que se dane o amanhã. Preciso viver, nem que seja pela primeira e última vez na vida.

E assim, saí do banho. Coloquei uma lingerie vermelha que nunca havia usado, era simples mais era o mais sensual que eu tinha. Vesti apenas um Robby também vermelho de seda e com a cara e a coragem, segui para o quarto de Conrado. Aquela seria uma boa noite para se perder a virgindade, pensei. Aí meu Deus, ao pensar nisso, travo na porta de seu quarto. Como pôde ter sido tão insana Isadora, penso  com clareza, sua primeira vez com um homem seria com um que nem seu era. A voz da razão me dominava mais uma vez. E pensando nisso, toda a minha coragem se foi. Abaixei a vista pensando em como eu era covarde. Até que a porta se abriu.

Subo meu olhar lentamente e vejo suas pernas, que estavam cobertas por sua calça moletom, percebi que Conrado gostava muito de vestir esse tipo de roupa quando estava em casa, a calça era de tecido fino e leve, ao passar meus olhos por sua região íntima, vejo com clareza seu volume, e um arrepio me invade. Continuo subindo meu  olhar, e Conrado estava sem camisa. Ao olhar em seus olhos, vejo um ar de surpresa e questionamento em sua feição. Claro, havia uma doida parada na porta de seu quarto sem motivo algum. Ele me olha atentamente, e percebi que eu preciso falar algo. Aquilo já estava constrangedor demais.

— Me desculpe, eu ia bater, mas, você abriu primeiro. — falo totalmente sem graça. Eu não sabia onde enfiar a cara. Ele continua me olhando e não sei se acreditou ou não na minha desculpa que estava muito esfarrapada. — Só queria, agradecer. — ele ergue uma sobrancelha. Parecia mais confuso que eu. — Por ter me levado ao, evento. — Nossa Isadora, poderia ter mentido melhor. Penso.
— Você é minha esposa. — diz ele seriamente. Engulo em seco.
— Sim, eu sou. Mas, temos um acordo, eu sei disso. Somos casados apenas para os outros. Você não tinha obrigação de me levar... A menos que, — um pensamento vem como um estralo na minha cabeça.
— A menos? — pergunta ele.
— Que você só queira mostrar pra as outras pessoas. — digo temendo cada palavra. Ele me olha atentamente.
— Isabella, eu te levei porque eu quis, não pra mostrar nada a ninguém. — disse ele para meu alívio. E pra minha surpresa continuou. — Eu fiz questão de mostrar pra aquele italiano idiota que você era minha esposa porque eu quis. Eu te convidei pra ir comigo hoje porque eu quis, e, acariciei sua mão e lhe recostei em meu meu peito, porque eu quis. — disse ele me olhando atentamente.

Nesse momento, congelei. Por essa eu não esperava. O que Conrado estava tentando me dizer? Que gostava de mim? Que gostava da minha companhia? Fiquei confusa confesso, tínhamos um acordo, levariamos uma vida de aparências, e agradeci por isso quando Conrado me fez essa proposta. No acordo que seu avô tinha deixado, nós teríamos que nos casar e dar um herdeiro. Quando Conrado me falou de suas intenções eu agradeci. Agradeci muito. Não queria me casar, nem me entregar a um homem e muito menos gerar um filho sob essas condições. Mais ouvindo suas palavras, sinto um misto tão gigantesco de sentimentos que não sei como lidar.

A TrocaWhere stories live. Discover now