Capítulo vinte e um, Conrado: Não era a minha Isabella

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Já passava das 8 da noite quando enfim terminei de analisar todos os documentos que eram necessário para mandar a filial na  Itália. A parceria com empresa de vinhos do tal italiano que cantou Isabella tinha válido a pena. Eles estavam nos dando muitos lucros. Saio da minha sala a passos rápidos, só em pensar que Isabella estava em casa a minha espera, me deixava ansioso. Era incrível como em tão pouco tempo, havíamos criado uma ligação tão forte, e nos últimos dias percebi que a vontade de estar sempre com ela só aumentava. De fato, nunca amei ninguém assim.

— Dr. Conrado, já estou de saída, precisa de mais  alguma coisa? — pergunta dona Olga ao me ver.
— Não Olga, pode ir, e me desculpe por ter te prendido aqui até essa hora.
— Tudo bem. Resolveremos isso na folha de pagamento. — diz ela com um sorriso arteiro. Dona Olga era secretária da presidência desde a época do meu avô, e apesar de já estar aposentada, continuava trabalhando e era boa no que fazia. Dou alguns passos em direção ao elevador, e logo sou interceptado. — Ah, dr. Conrado, já havia me esquecido. — diz ela e então viro para trás para olha-la melhor. — Sua esposa esteve aqui mais cedo, e deixou isso. — diz ela me mostrando uma pequena caixa branca. Fiquei surpreso e confuso.
— Ela esteve? — perguntei dando alguns passos em sua direção.
— Sim, ela me pediu pra lhe entregar isso. — peguei a caixa e fiquei olhando para ela, não era nada demais, apenas uma caixa branca com um laço também branco a fechando.
— E que horas foi isso? — perguntei curioso.
— Logo no começo da tarde. Só lhe entreguei agora porque ela veio quando o dr. Moreira estava em sua sala, e depois que ele saiu ele me deu o recado que o senhor não queria ser incomodado, e confesso que esqueci também. — falou sem graça.
— Tudo bem, não tem problema. — falei.
— Boa noite Dr.
— Boa noite Olga.

Olga saiu e logo entrou no elevador que estava parado no andar. Apenas eu fiquei ali, todos já haviam ido embora.

Com a caixa ainda  na mão, coloco minha pasta sob a mesa de Olga e fico sem entender. Isabella havia ido até o escritório só para deixar aquela caixa pra mim? Pensei. Em 6 meses de casamento, ela nunca havia ido na empresa, e muito menos feito algo tão incomum. Movido pela curiosidade, desfiz o laço da caixinha e a abri.

E para minha total surpresa, dentro da caixa havia um par de sapatinhos de bebê de linho, também branco, e ao lado, um pedaço de papel que logo percebi ser do bloquinho de recados de dona Olga, nele havia uma frase escrita que me deixou ainda mais surpreso e confuso: " Nos esqueça." Apenas isso. Olhei do lado contrário do papel pra ver se tinha mais alguma coisa escrito mais não tinha nada, apenas aquela frase. O que Isabella estava me dizendo através daquela caixa? Pensei. Logo o impacto do momento passou, e eu pude raciocinar direito. Ela estava grávida, e por algum motivo queria que eu a esquecesse. Mais por quê?

Dirigi de volta para casa o mais rápido que pude, Isabella não atendia minhas ligações, o celular dela nem tocava, já caia na caixa postal. Ao chegar em casa, percebi que suas roupas continuam no closet, mais nem sinal dela. Pergunto a uma das funcionárias da casa, mais ela diz que só há viu há algumas horas atrás e estava de saída, pergunto se ela estava com alguma mala mais ela fala que não, só a bolsa que sempre usava quando saia de casa. Sigo até a cozinha e encontro Antônio jantando, pergunto sobre Isabella e ele me diz que a levou até o restaurante, apesar de ser sua folga, ela queria conversar com Pepe, e disse também que não a esperou porque ela disse que eu passaria lá pra a pegar. Definitivamente não estou entendendo nada.

Sigo como uma bala perdida para o restaurante, na esperança de a encontrar lá.

— Pepe. — digo assim que o vejo logo na entrada.
— Ragazzo, que surpresa. — diz ele animado.
— Isabella, ela está aqui? — pergunto nervoso. Boto que Pepe logo fica sério, como se soubesse de algo.
— Venha até minha sala. — diz ele me direcionando até sua sala. Entramos e Pepe me convida a sentar, mais meu nervosismo era tão grande que não me sentei, apenas andava de um lado para o outro na sala, inquieto. — Vejo que a ragazza no mudou de ideia. — ouvi pesar em sua voz.
— Pepe, o que está acontecendo?
— Conrado meu filho, ela foi embora. — ao ouvir suas palavras, um pavor me dominou, não podia ser verdade, não era.
— Do que está falando Pepe?
— A menina Isabella, ela partiu. Eu pensei que ela fosse mudar de ideia, eu a aconselhei, conversei, mais pelo o que estou vendo, ela no me ouviu. — nesse momento, senti como se o chão desabasse diante de mim.
— Como? — perguntei ainda em choque.
— Ela sabe de tudo ragazzo, ela sabe sobre o testamento, sobre o casamento, o herdeiro, sobre essas bobagens que seu avô fez antes de morrer. Eu sempre soube que essa história iria acabar mal.
— Não, isso não pode estar acontecendo. — digo em voz alta a mim mesmo. — Ela está grávida Pepe. — digo em alto e bom som.
— Si ragazzo, ela me contou. Eu sinto muito. Mais acho que foi essa gravidez que a fez tomar coragem e fazer isso. Ela disse que no quer o bambino dela no meio desse dinheiro.
— Nosso, Pepe, — digo bravo. — Nosso filho. — sinto um nó na garganta.
— Si, eu sei. Mais foi o que ela me disse.
— E agora? O que vou fazer? — perguntei perdido.
— Io no se. ( Eu não sei) — Vá para casa, quem sabe ela não esfria a cabeça e volta. Ela saiu daqui tem menos de uma hora, pode mudar de ideia. Dê um tempo pra ela Han?!
— Está bem. — falei derrotado, eu não tinha outra escolha.

Segui com meu carro de volta para casa o mais de vagar possível, minha esperança era encontrar com ela algum lugar, mais não a vi. Em todas as lojas que passava não conseguia ver Isabella em lugar algum.

Isabella sabia de tudo. Sabia sobre o testamento, e o pior, com certeza ela ouviu o que eu disse sobre ter um filho, sobre o casamento e todo o resto. E a culpa só me atormentava ainda mais.

Cheguei em casa ainda atordoado. Minha cabeça doía e meu peito apertava. Por onde estava Isabella?

— Sr, — ouço a voz de Débora. Me viro para a sala e a vejo em pé me olhando com um ar estranho. — A senhora Isabella voltou. — ouço suas palavras atentamente e pisco os olhos pra ter a certeza de que não era uma miragem.
— Voltou? — pergunto surpreso. Ela faz que sim. Corro escada a cima com meu corpo movido pela euforia. Pepe tinha razão, ela com certeza pensou melhor e voltou para resolvermos tudo. Eu iria pedir perdão a ela pelas palavras que disse, e iria dizer a ela que sim, que quero esse filho, que quero ser pai. Nunca senti tanta alegria como sentia naqueles breves instantes enquanto subia as escadas.

Entro no quarto rapidamente e olho em redor, não a vejo, desço os três degraus do quarto, e a porta do banheiro se abre. Eis que surge  uma mulher ruiva, com os cabelos longos iguais os de Isabella, vestia uma camisola preta e exalava um perfume da gerente para mim.  Ela parecia e muito c Isabella, tinha o mesmo rosto, Meo corpo, mesma fisionomia, todos os traços, mais não era ela.

— Olá querido. — disse ela com um sorriso. Congelei ao ouvir sua voz, era igual a de Isabella, mais definitivamente não era ela. Ou melhor, era Isabella, mais não era a minha Isabella.

A TrocaWhere stories live. Discover now