Capítulo 4

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- Acho que deveríamos parar com encenações e começarmos a falar! – Mais uma vez aquela voz, e então ele se sentou voltando a posição em que estava. Sombras o percorriam em espiral, como um amplo aviso de cuidado. Evito o impulso de meus olhos tremerem. Seco minhas lágrimas, e o encaro profundamente.

- Você! – O aponto o dedo – Você tentou me matar.

- Não tentei, saberia se tenta-se – Vejo brilho em seus olhos. Continuamos a nos encarar.

- Realmente Green, acho que precisamos esclarecer algumas coisas. – Feyre se senta ao meu lado, tirando o meu foco daquele macho.

- Realmente precisamos. Como sabe meu nome? – Endireito meu corpo, esperando a resposta.

- Sinto muito, tentei entrar em sua mente, e foi a única coisa em que me disse antes de desmaiar. Seu nome.

- Você tentou invadir minha mente? – vociferei, mostrando meus dentes nos quais se encontravam levemente mais afiados.

- Era preciso. Estávamos todos preocupados com quem você era, ou melhor, o que.

- Se tentou, quer dizer que não conseguiu, então o que te fez acreditar em mim? e me trazer até aqui ao invés de me matar? – Ela parou, olhou para todos e então me olhou.

- Eu realmente considerei a opção de te matar – Sussurrou o manipulador das sombras.

- Az, por favor! Foi Nestha! Quando tentei entrar em sua mente vi a mesma coisa em que vi na mente dela. E então antes de qualquer atitude minha, ela disse. Ela disse para que esperássemos, e acreditássemos em você. E por ser minha irmã, depois de tudo. Acho que lhe devia esse voto de confiança – Vi em seus olhos, a tristeza nele, e a culpa, Feyre se culpava por suas irmãs terem se tornado feéricas, se culpava pela morte de seu pai, se culpava por tê-los envolvidos em toda essa guerra sem noção.

- Onde ela está?

- Aguardando. – Diz o macho em pé, de cabelos compridos ajeitado em um coque. E então entendo o que ela estava esperando.

- Tudo bem, direi quem eu sou. Se for para que aquele ali – o olhei – Não tente me matar novamente.

- Ele não tentou – Disse o homem de olhos violetas no qual adentrou o quarto. – Você saberia se ele tenta-se.

- Eu disse – O moreno, concordou.

- Tabom, tabom. – Me levantei. - Eu sou de um lugar chamado Terra. Vou lhes contar o que eu sei, e somente isso, pois é a verdade. Minha vida é chata, trabalho com algo no qual não gosto. Não sei se um dia conseguiria atingir o sucesso. Apesar de nova, eu já lutava a tempos para ter algo, e na verdade eu não estava conseguindo nada, a cada passo para frente me parecia que eu estava dando três para trás. Então para espairecer eu comecei a ler. Naquele dia, no dia em que eu vim parar aqui eu estava andando por um lago, um lago no qual eu gosto muito, na verdade ele é meu ponto de paz, e um livro apareceu em minha frente, e então eu o toquei e vim parar aqui. - Os olhei - Aqui no universo de vocês.

Percebi que Amren também se encontrava no local. A olhei, e ela me apertou os olhos em resposta.

- Como assim no universo de vocês? – Disse.

- Bem, onde eu vivo, vocês existem, mas não de forma física, e sim em histórias, fantasias. – Todos me olharam em confusão.

- Se explique melhor menina.

- Vocês são personagens de uma fantasia, fantasia, nas quais pessoas como eu, as leem. São no total cinco livros por enquanto, que contam a suas histórias. A magia não existe em meu mundo, vocês não existem. – Os olhei, com minha mente entrando em parafuso. – Ou pelo menos não existiam.

- Haha, claro que existimos – Gargalhou, Cassian.

- Não, agora sim. Mas antes, em meu mundo, pelo menos não.

- Os livros, nos quais você leu, o que contam? – Perguntou a femea em minha frente de olhos azuis.

- Tudo, Feyre. Tudo. Desde Tamlin e o lobo, até a Guerra com Hybern, Elain, e a reveladora da verdade, e Nestha cortando o pescoço daquele homem odioso. E tem mais, mas pelo que sei, estamos perto do Solstício agora. Não sei se devo contar, até porque não li até o final. Só pequenos Spoilers, migalhas.

- Então quer dizer que você realmente sabe de tudo? – Diz a loira saindo de trás das portas, e a olho com pesar, aceno em concordância. Sei sobre o que ela perguntava em palavras não ditas, e não seria eu quem contaria seus segredos.

- Ela está falando a verdade? – Pergunta Azriel a Mor sem olhar em seus olhos.

- Sim. Está!

Ele então se levanta, caminhando até a porta, e para.

- Estou indo, tenho deveres a cumprir. Decidam o que vão fazer com ela e me avisem – acariciou a adaga em sua cintura - Não que isso seja de minha conta. – Por fim se retirou.

O vejo sair por aquela enorme porta, na qual certamente fora criada para a passagem daqueles machos com asas enormes, e então o ar se torna menos denso.

- Gente, ele disse mais palavras aqui do que disse no livro todo. – Coloco a mão em meu peito, soltando o ar no qual nem havia percebido que segurava.

- Ele realmente não gostou de você – Diz Cassian com um sorriso, brincalhão.

- Ele não gosta de ninguém – Amren anda até mim – Acho que devemos, nos retirar. – Essa garota aqui – ela me olha de cima a baixo, inalando fracamente, e retirando algo invisível de meu ombro – Precisa de um banho.

Todos acenam e se retiram. Rhys e Feyre se olham, e então eu percebo, eles estão se comunicando. Se comunicando pelo laço.

"Por Deus, eu estou presenciando isso, alguém bate na minha cara por favor?"

Os olho, visualizando cada detalhe, cada centímetro daquela comunicação, como se eu fosse capaz de senti-la, de ouvi-la, como se fosse palpável. E então sou despertada.

- Assim que se banhar Green, poderia ir até meu escritório? – Concordei. Rhys estendeu a mão a sua parceira – Feyre, querida. - E se retiraram.

Corte de Chamas e SombrasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora