Capítulo 16

409 42 1
                                    

- Sério que Rhys gosta disso – pergunto a Mor enquanto olho para uma gravata na qual segurava nas mãos de um verde limão cintilante com listras pratas.

A loira me confirma com um aceno de cabeça e um sorriso intenso que me cegaria caso a luz refletisse no mesmo. Devolvo o item com muito cuidado sobre a bancada daquela vendedora. Ou Mor estava me sacaneando ou realmente o gosto de Rhys era muito estranho.

- Ta tudo bem, quem sabe outro dia eu não volte?! - digo para mim mesmo, para Mor, ou para a femea que me olhava com curiosidade. Coloco minhas mãos sobre a boca para abafar o som e digo a garota – De preferência sem ela – Ela ri.

- Eu ouvi isso!!! – Corro para fora da loja, enquanto o sino dessa tocava devido ter aberto a porta com um pouco mais de força que o normal. Ainda não conseguia controlar minha força nesse novo corpo. Cruzo meus braços nos dá mais velha.

O Cintra parecia lindo, apesar do frio a luz do sol ainda era muito presente naquele lugar, refletindo na água, na neve, e nos rostos daqueles feéricos felizes, era esse tipo de felicidade que me contagiava todos os dias, e que me faziam tirar um tempo do meu dia, de livros e trabalhos, para praticamente obrigar alguém a me descer aqui para baixo e passear um pouco para ver movimento. O cheiro, as lojas, as artes, e até mesmo o barulho, me faziam sentir aconchegada, segura. Porém sabia que essa sensação não duraria muito, logo a guerra viria, e o medo se instalariam em cada um naquele lugar, mesmo não sendo tão afetados como os outros de Prythian.

Caminho pela calçada e vejo aquela loja que um dia vi com Cass e Az, na qual me apaixonei por um vestido, porém não o vejo mais na vitrine. Acabo por entrar, já que Mor queria ver algo para ela e então pergunto sobre ele, fico triste em saber que já se foi... Estava esperando por meu dinheiro, queria com todas as minhas forças aquele vestido, porém, acho que dessa vez iria ter que aceitar a me contentar com qualquer outro que me agradasse.

- Do que Feyre precisa? O que ela mais deseja? – Mor batuca seus longos dedos sobre seu queixo, perfeitamente harmonizado.

- Rhys?

- Santo Caldeirão Mor – gargalho – Estou falando sério.

- Bom, ela ama pintar, e tudo que envolva Arte.

- Exato! – Minha mente se acende.

Antes de ir embora, passo por um pequeno Ateliê na rua dos Artistas, e encomendo meu pedido, acredito que ela ficaria Feliz, eu gostaria muito que ela ficasse. No caminho, compro alguns presentes, o Solstício estava chegando, e se eu queria poder me lembrar de todos, não poderia deixar para em cima da hora.

No caminho até a casa onde Cass me esperava para me levar de volta, penso em Nestha e em como sinto sua falta, ela estava se entregando a depressão e meu coração estava partido com isso. Mesmo sabendo que eu era a única a poder ajudar ela pois sabia de seus sentimentos, eu não podia fazer nada, porque ela não deixava, ela não me permitia me aproximar. Olho para Cassian com lágrimas nos olhos, e com as mãos cheias de sacolas. Ele caminha em minha direção tirando o peso no qual branqueava meus dedos e me abraça.

- O que foi Monstrinho? – Seca uma lágrima que caia de meus olhos com o polegar, enquanto levantava meu queijo com a mão.

- Nestha, sinto falta dela. Será... Será que poderíamos ir vê-la? Só mais uma vez?

- Claro, eu já iria vê-la assim que te deixasse na Casa dos Ventos, não vejo problema de você ir juntos. Me sinto até mais seguro. - Ele sorri. O cutuco.

- Besta! – Sorrio.

O General não estava indo como amigo, ou como um futuro amante, e sim a mando de nossa Grã Senhora, era uma ordem, ou um pedido de uma amiga. Estávamos indo para solicitar a presença de Nestha no Solstício e um não, não seria aceito, não por mim.

...

Os degruas rangiam sobre meus pés enquanto subíamos aquela escada velha, já havia me adiantado e passado no mercado antes de entrar. Não seria comigo que Ness se entregaria a morte, não seria eu que a deixaria passar por isso.

Mas uma vez aquela senhora de olhos de cobra me olha pelas frestas, e logo após olha para Cass enquanto uma fina gota de suor escorria por suas têmporas. A tenção é palpável, e se não fosse pelas sacolas em minha mão, eu certamente faria uma cruz contra aquele ser, novamente.

Até que chego no último andar em que minha amiga esta e encontro a porta entre aberta. Cassian é o primeiro a sentir o cheiro de sangue e correr e eu antes mesmo que pudesse pensar, já havia soltado as sacolas de minha mão e corrido.

Lá estava ela, no banheiro, linda e pálida como a Morte.

Corte de Chamas e SombrasWhere stories live. Discover now