Capítulo 7

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"Sombras me perseguiam, evito olhar para trás, enquanto o vento batia em meu rosto, conforme corria. Sigo para o meio da floresta, então avisto uma clareira. O lugar mais óbvio para me esconder, porém precisava de um descanso. Olho em volta, realizando um reconhecimento do lugar, e quando me escoro na parede para me sentar ao chão, uma mão me alcança".

Levanto-me em um pulo, a cama se encontrava molhada assim como eu, suor escorria por minhas têmporas. Levanto-me, e caminho até o banheiro, molhando meu rosto em uma necessidade gigantesca de acordar. Me olho no espelho, dizendo para mim mesma. Só mais alguns dias.

A noite anterior foi de mais para mim. Ter um de meus personagens favoritos me julgando assim como Azriel fez, me doeu lá no fundo. Sempre me identifiquei com ele, entendia o porquê de ele ser assim, e o quanto ele sofreu. Porém entendo, que pessoas quebradas não servem umas para as outras, e assim como ele não poderia me ajudar, eu também não serviria para a sua melhora. Apesar de querer muito.

Respiro, recuperando o folego, hoje seria o início das minhas pesquisas. O início da minha busca de volta para casa, apesar de eu não a considerar como tal. Mesmo estando com estomago embrulhado, da ressaca em que me coloquei devido a noite passado, saio do banheiro e me deparo com uma bandeja de café da manhã em cima de minha mesinha. A casa sabia que eu não queria me juntar a eles para o café da manhã, e ela respeitava minha escolha. Sento-me, me deliciando com as frutas e seus sabores, como poderiam ser tão mais maravilhosas que as de meu mundo?

''O doce néctar dos Deuses''

Assim que termino meu café, peço a casa que me mande todos os livros que Amren já leu, sobre outros mundos e possíveis portais. Eu sei que ela já havia procurado, pois eu sabia que ela já havia tentado voltar. E eu precisava lê-los novamente. Precisava das entrelinhas, e talvez entender o que ninguém havia conseguido.

No período da manhã, já havia lido mais livros do que imaginei poder ler em tão pouco tempo. Massageio minhas têmporas, e então minha barriga ronca. Fecho o livro com força em cima da mesa.

"Droga"

Apesar da minha incansável leitura em busca de uma mínima migalha, nada foi me fornecido, minha cabeça doía com o cansaço, doía com a decepção. Caminha em direção a minha banheira, precisava de um descanso. Quando ouço uma batida na porta.

- Posso entrar? – Diz Nestha atrás da mesma. Olho por cima do ombro, acenando.

A mesma caminha até mim. E surpreendentemente repousa sua mão sobre a minha, na qual tremia compulsivamente em cima da mesa.

- Sinto muito – Ela diz.

- Não sinta. A culpa não é sua.

- Não, é de Azriel.

- Não, não é Ness – A olho, ela parece não ter ficado brava com a forma em que lhe chamei. Continuo – Ele só está tentando proteger a família dele. Essa guerra foi difícil para todos vocês, mais para uns do que para outros. Então se ele me trata desta forma, é porque talvez eu seja um risco para sua família. Eu entendo, e não ouso julgá-lo. Eu faria o mesmo. Até porque, sou uma completa desconhecida.

- Não para mim.

- Como assim? – A pergunto.

- Sinto como se já conhecesse a tempos. Como se já a conhecesse até mais do que a mim mesmo ou minhas irmãs.

- Fomos feita das mesmas coisas Ness, do mesmo poder, entenderia se estivéssemos ligadas de alguma maneira – De repente desperto.

"Da mesma coisa, do mesmo poder" - Repito em minha mente.

Corte de Chamas e SombrasWhere stories live. Discover now