Capítulo 3

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Acordei na manhã seguinte no sofá enrolada em minhas cobertas e com Zola mordendo meus dedos da mão. Sorri com aquela cena.

"Bom dia princesa." – falei entre um bocejo e outro. Zola sorriu ao ouvir aquilo e tentou balbuciar de volta, tentativa que, claramente, não funcionou.

Peguei-a no colo e a enchi de beijos. Como seria a ideia de ter um bebê? Zola e Sofia, ao menos, davam a ideia de que um filho era a coisa mais adorável do mundo. A pele de bebê, o cheirinho de talco, os olhinhos que nos encaravam e até os puxões no cabelo ou a bagunça pela casa pareciam agradáveis em se tratando de ter uma criança como elas por perto.

"Já pensou se você tivesse um priminho, baby Zo? Vocês poderiam brincar como você e Sofia brincam. O que você acha da ideia?"

Ela babou em mim.

"Vou considerar isso como sendo uma boa ideia. Posso?"

Ela riu.

"Não sei se a Zola considerar uma boa ideia, mas eu acho muito interesante." – Derek afirmou enquanto passava apressado na sala abotoando a cola de sua camisa.

Senti minhas bochechas corarem enquanto ele me lançava uma discreta piscada.

"Se arrume e vamos. Hoje é um belo dia para salvar vidas. E nós temos muitas para salvar."

Com relutância,soltei Zola e comecei a me arrumar. Primeiro, um banho fervente fez questão de deixar toda a minha pele pálida num vermelho vivo. A água caia com toda a pressão, levando consigo todos os maus sentimentos, toda a tristeza, a aflição, o constrangimento; toda a dor da noite passada. Quando desliguei a torneira, me sentia quase nova em folhas. Hoje, o dia seria reservado exclusivamente para salvar vidas e nada, nem mesmo Mark Sloan, acabaria com isso


O hospital estava à todo vapor quando cheguei naquela manhã. Sem os residentes do quinto ano, o trabalho ficava redobrado. Bailey gritava com todos, Altman rondava Owen para saber mais sobre o destino de Cristina e claro, as pessoas doentes chegavam o tempo inteiro. Ao olhar o quadro da sala de operações, me deparei com meu nome numa cranioplastia. Auxiliando Derek; e Mark. Aquilo me deu arrepios. Só a ideia de passar horas ao lado dele numa sala em silêncio quase absoluto me deixava nervosa e arrepios constantes percorriam minha espinha.

Avistei Derek e Mark conversando entusiasticamente no fim do corredor e fui ao encontro deles.

"(...) precisa responder agora?" – Derek falava enquanto apontava em minha direção.

"Oi. Responder o quê?" – eu interrompi.

Eles se entreolharam.

"Só estamos falando da ahn... cranioplastia" – Derek desconversou.

"Empolgante, não é?" – eu disse.

"É..."

Mark estava inquieto. Estava tenso. Algo não estava certo.

Charlie Konner tinha 37 anos e há seis meses havia caído do telhado. Ele teria que reparar um defeito resultante da remoção cirúrgica de parte do crânio. Aquele homem estava bizarro. Continuei a apresentação sem conseguir parar de focar no seu crânio afundado.

"Esperamos vários meses para o inchaço diminuir antes..." – não consegui me conter e fiz a pergunta que martelava na minha cabeça – "o que você estava fazendo?"

"Sendo um idiota." – sua esposa respondeu prontamente, o que deu a brecha de ambos começarem uma discussão sem fim sobre empreiteiros, pedreiros e consertos. Derek os interrompeu falando sobre o procedimento e o que aconteceria durante a cirurgia. Mark continuou e explicou a sua parte. Charlie era um homem engraçado. Mesmo em sua situação perturbadora, ele continuava com suas piadas e sarcasmos.

Meant to be | Slexie [FINALIZADA]Where stories live. Discover now