Capítulo 14

181 8 0
                                    

(POV MARK)

Amnésia anterógrada é o nome que se dá à perda de memória para eventos recentes. Em outras palavras, o paciente só consegue se lembrar de eventos antigos. Essa fora a explicação de Derek quando ele veio me visitar naquela tarde de sexta-feira.

Amnésia anterógrada era o diagnóstico que ele havia arranjado para mim.

Respirei fundo.

O quanto da minha vida eu havia apagado?

O quando da minha vida eu havia perdido?

A chuva caía forte nas ruas de Seattle. Eu podia ouvir os pingos acertando com violência a janela do quarto aonde eu estava.

Callie e Arizona já haviam passado ali naquela manhã. Toda vez que eu olhava para aquela mulher loira de sorriso gentil, eu me esforçava o máximo para tentar lembrar de alguma coisinha... algum acontecimento... qualquer coisa; no entanto, qualquer tentativa que eu fizesse para relembrar algo era inútil. Tudo o que eu fazia era em vão.

Além de Arizona, havia Sofia... aquela menina encantadora de olhos grandes e curiosos. Ela me olhava, me tocava, me beijava e, apesar de não fazer ideia de como ela havia sido concebida, como havia sido seu nascimento ou como havia sido o último ano de sua vida, eu tive essa conexão pai-filha assim que a vi.

Às vezes eu me pegava pensando em porque eu ainda estava aqui. Eu sabia que era inapropriado ter pensamentos como esse, mas eu não conseguia evitar; em minha compreensão, acredito que morrer seria menos doloroso do que olhar para minha própria filha e não a reconhecer.


(POV LEXIE)

Se eu achava que os últimos cinco meses da minha vida haviam sido insanos, o que eu iria falar dos últimos dois dias? Mark havia acordado e não lembrava de nada que estivesse ligado a mim. Porque a vida não podia facilitar só um pouquinho? Porque tudo era tão absurdamente complicado em se tratando de Mark e eu? Porque o destino insistia em nos separar?

Ingenuidade minha pensar que quando ele acordasse tudo ficaria bem.

Estupidez minha.

A chuva caía forte lá fora e batia violentamente contra o vidro da janela. Derek e Meredith haviam passado naquela manhã em meu quarto para conversarmos sobre Mark. Apesar de assentir continuamente para tudo o que eles falavam, meu foco estava longe. As palavras entravam por um lado e saíam pelo outro; afinal, eu já sabia muito sobre o cérebro humano, não precisava que Derek ficasse me lembrando da situação mórbida em que todos nós estávamos envolvidos.

Quando eles finalmente me deixaram sozinha, me desfiz em lágrimas. Aquilo tudo era tão incompreensível!

Era a isso que eu estava destinada?

Era essa a vida que me havia sido designada quando cheguei na terra?

Discretamente, Callie adentrou no meu quarto com um sorriso triste. Ela sentou-se em minha cama e ficou me encarando com um olhar piedoso.

"Meredith me disse que só mais essa noite e você está liberada."

Eu assenti.

"Lexie, você está um horror."

Eu ri.

"Obrigada pela sinceridade."

"Não quero que você me agradeça, quero que você tire a bunda dessa cama e venha comigo." – Callie lançou um olhar típico dela que me assustava.

"Não tenho forças para andar."

Ela riu.

"Estamos num hospital, isso não vai ser problema."

Meant to be | Slexie [FINALIZADA]Where stories live. Discover now