Capítulo 19

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(POV MARK)

O tempo voa. O tempo não espera por ninguém. O tempo cura todas as feridas. Tudo o que cada um de nós quer, é mais tempo. Tempo para se levantar. Tempo para crescer. Tempo para deixar para lá. Eles dizem que o tempo é rei; tudo acontece no seu devido tempo. Se a sua vida ainda não tomou um rumo, se as coisas ainda não se ajeitaram, se tudo ainda não deu certo é porque ainda não chegou ao seu final.

Um ano.

Um ano havia se passado desde o fatídico dia em que o avião caiu naquela maldita floresta e eu fiquei à deriva da morte; um ano em que minha vida mudou radicalmente e eu quase perdi tudo o que eu tinha.

Um ano.

Suspirei.

Fora um longo ano... eles achavam que eu não iria sobreviver; eles achavam que eu jamais me lembraria. Derek Shepherd acreditava que era medicamente impossível que minha memória se recuperasse totalmente, que todas as minhas lembranças voltassem e, no entanto, eu sobrevivi... e o mais importante: eu me lembrei.

Os primeiros meses foram os mais difíceis. Ver Sofia e não ter ideia de quem ela era ou olhar para Lexie e acha-la uma completa estranha. Meu estômago embrulhava só de lembrar daqueles dias.

Silenciosamente, ela apareceu na porta do quarto, atrapalhando todos os meus pensamentos; vestida apenas com uma de minhas camisas, em seu corpo virava um vestido. Lexie abriu um sorriso gostoso e eu sorri de volta. Ela pulou na cama e enrolou-se em meus braços.

Naquele momento enquanto ela se aconchegava em mim, o filminho de toda nossa história começou a rolar por minha mente


Flashback On

Três meses atrás

Fiquei parado ali até perde-la do meu campo de visão e só então percebi que eu estava cometendo o mesmo erro novamente.

Eu estava deixando-a ir embora.

De novo.

Sorri comigo mesmo e comecei a correr na direção em que ela havia ido.

"Lexie!!" – gritei ao ver sua silhueta há alguns metros de onde eu estava.

Ela parou e virou.

"Lex..." – eu me aproximei.

Ela ainda estava com os olhos levemente inchados.

"Eu não vou te deixar ir embora novamente, little Grey." – eu sorri envolvendo sua cintura em meus braços – "você é a minha escolha."

Ao ouvir isso, ela abriu um sorriso que eu havia sentido falta de ver e deixou algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Subitamente, aproximei meu rosto do rosto dela até sentir sua respiração ofegante chocar-se contra minha pele, e então a beijei.

Beijei-a ardentemente e delicadamente.

Um beijo que eu faria durar para sempre.

Flashback Off


"Tentei fazer o café da manhã."

"Eu percebi" – apontei a cabeça em direção à cozinha que emanava cheiro de comida queimada.

"Não deu muito certo." – ela fez um biquinho de decepção.

"Notei também."

Minha namorada riu.

"Não tem graça cozinhar sem você, Mark."

Tentei parecer pensativo.

"Podemos fazer outra coisa ao invés de cozinhar." – falei enquanto tascava um beijo em seus lábios.

Ela deu um tapa em meu braço.

"Você combinou de passar o dia com Sofia hoje. É a semana de folga de Callie e Arizona."

"Elas podem esperar um pouco." – falei enquanto tirava minha blusa de seu corpo e a jogava para longe.

O resto do dia havia passado de forma tranquila. Havíamos buscado Sofía ainda pela manhã e pela tarde decidimos ir até a casa de Derek e Meredith para que as crianças pudessem brincar. Zola e Sofia aprontavam no jardim enquanto Bailey dormia profundamente. Nunca vi bebê tão calmo como o meu pseudo-sobrinho. Com apenas um mês de vida, ele era quase um anjo.

"Seu filho até me dá vontade de ter um bebê, Mer." – Lexie falou enquanto bebericava sua taça de vinho.

"E Sofia, Lex?" – perguntei chateado.

Ela enrubesceu.

"Ah, você sabe... a Sofia também..."

Meredith riu enquanto cortava cenouras.

"É cedo, Lex. Você deveria passar uma noite nessa casa, é impossível. Bailey acorda a cada hora e eu sou obrigada a amamenta-lo" – ela riu – "Derek é meio inútil nessa parte." – Meredith sussurrou para a irmã. Ambas riram enquanto Derek fazia uma cara feia.

"Com certeza ele chora menos que a filha da April e Jackson. Harriet é provavelmente a bebê mais chorona que já tive a honra de conhecer." – Lexie retrucou.

Todos nós concordamos.

O dia passou tranquilamente e antes que pudéssemos perceber, já era noite. O jantar estava extraordinariamente gostoso levando em conta que Meredith cozinhou. Quando terminamos a terceira garrafa de vinho, fomos para casa. Sofia já dormia serenamente no colo de Lexie.

O resto do fim de semana foi calmo. Lexie e eu estávamos de folga; passamos o tempo todo com Sofia. Eu gostava de ver o quanto as duas eram apegadas e o quanto se davam bem. Minha filha não chamava Lexie de mãe, afinal, ela já tinha várias mães, mas eu tinha certeza que Sofia a considerava como uma, e eu amava isso.

Quando chegou o domingo e Callie bateu à minha porta, meu coração doeu um pouco, mesmo sabendo que ela estaria por perto.

"Vamos, Sofia?"

Ela me beijou, abraçou Lexie e logo depois foi em direção ao outro lado do corredor.

(POV LEXIE)

Serendipity é uma das minhas palavras favoritas. Não sei se é a pronúncia, o jeito que soa, a maneira de escrever ou até quem sabe, o seu significado, mas tinha algo muito agradável naquela palavra.

"Se-ren-di-pi-ty." – sussurrei para mim mesma enquanto fixava o olhar na porta do banheiro.

Eu devia ter uns doze anos quando estava folheando um dicionário e me deparei com essa palavra. Lembro de pensar que era uma palavra engraçada e ao mesmo tempo muito bonita. Li e reli seu significado várias vezes naquele dia para entender melhor o que aquilo queria dizer.

"Se-ren-di-pi-ty." – tornei a sussurrar.

Apesar de ser uma de minhas palavras favoritas, nunca imaginei que encontraria serendipidade em minha vida; era algo romântico demais para ser verdade.

Serendipity se refere às descobertas afortunadas feitas por acaso, ou ainda, para os mais poéticos, é a sorte de encontrar algo precioso onde não estávamos procurando.

Serendipity era a palavra certa para descrever tudo o que estava acontecendo naquela manhã de quarta-feira quando fui fazer um exame de rotina e acabei descobrindo que estava grávida de quatro semanas.

Como eu disse, é a sorte de encontrar algo precioso onde não estávamos procurando.

Meant to be | Slexie [FINALIZADA]Where stories live. Discover now