Capítulo 28

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(POV MARK)

É fato que os médicos não são muito fãs de milagres. A ideia do milagre é muito abstrata. Mas uma coisa é certa: milagres médicos existem. Sendo adoradores do altar da ciência, nós não gostamos de acreditar que milagres existem. Mas eles existem; mesmo que nós insistimos pelo contrário. Coisas acontecem sem explicação e a gente simplesmente não pode explicar ou controlar.

Milagres acontecem na medicina.

Corações voltam a bater.

Pessoas voltam à vida.

Coisas acontecem. Respirei exausto.

Aquele dia havia sido bem conturbado.

Olhando para Lexie deitada inconsciente naquela cama de hospital, finalmente me dou por vencido e aceito de que os milagres realmente existem e que a Lexie era minha prova concreta desse fato.

O medo de perde-la era constante. Toquei sua pele gélida e pálida em busca da sua mão. Segurei-a e a beijei. Seu rosto estava tão terno; exatamente do jeito que ela ficava quando estava dormindo um sono profundo.

Repentinamente, um filminho começou a passar pela minha cabeça.


Flashback On

"Sim, a sorte está contra nós. Eu sou uma bola de destruição." – a memória daquele dia ainda estava tão viva dentro de mim; eu me lembro do cabelo dela preso em um rabo de cavalo e da jaqueta verde que usava naquele dia. – "tudo o que eu faço é quebrar você." – ela falou sentindo-se culpada.

"Sua mão, seu pênis, seus relacionamentos, sua vida... eu diria que nosso índice de sobrevivência é de uns três por cento. E isso é mau. Mas também não é nada. Por isso não acho que devíamos desistir; ainda não, porque..."

Eu pousei meus dedos sob sua boca fazendo-a se calar e ela ficou quieta prontamente.

"Tudo bem." – ela suspirou.

"Acha que me quebrou, little Grey?" – ela assentiu.

"Foi você quem me reconstruiu."

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"Eu amo você." – foi o que ela falou. Com todas as letras. Todas as palavras. Ainda hoje, aquele dia me dava os melhores arrepios que eu já havia sentido na vida. Lexie parada em minha frente dizendo que me amava. E não era apenas um sonho.

"Meu Deus! Meu Deus!" – ela agora parecia desesperada enquanto eu a olhava sem reação.

"Isso saiu da minha boca como... Amo você. Eu só... Fiz de novo. Eu amo você. Amo. Eu só..." – ela continuava a repetir enquanto tentava se acalmar. Eu precisei piscar algumas vezes para realmente ter certeza de que não era mais um sonho ou uma lembrança, mas não. Isso estava acontecendo. Nós dois estávamos ali enquanto ela dizia que me amava.

"Eu amo você e tenho tentando não dizer. Tenho tentando ocultar e ignorar e não dizer... E Jackson é ótimo. É mesmo. É lindo, é mais novo que você, não tem netos, nem bebês com suas melhores amigas lésbicas, é um Avery e gostava de mim. Sabe? Ele realmente gostava de mim... mas não podia dar certo, porque eu amo você. Estou tão apaixonada por você. E você está dentro de mim; é como se você fosse uma doença. Como se eu estivesse infectada por Mark Sloan. Não consigo pensar em mais nada nem ninguém, não consigo dormir, nem respirar, nem comer... Eu amo você. Simplesmente amo. O tempo todo. Todos os minutos de todos os dias. E eu... Eu amo você."

"É muito bom dizer isso. Me sinto muito melhor. Eu amo você." – as palavras saíam como vento de sua boca. Saíam em perfeita sinfonia. Encaixavam-se umas nas outras. E, naquele momento, tudo pareceu tão certo.

Lexie e eu.

Eu e ela.

Nós parecíamos o certo.

Nós éramos o certo.

Um para o outro.

Meant to be.

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"Mark?"

Ela fungou enquanto outra lágrima escorria.

"Sou eu, Lexie..." – sua voz saía rouca – "sei que você não vai me ouvir, mas eu estou aqui, e não vou sair daqui; eu não vou te deixar."

Ela parou. Mesmo que ela não soubesse que eu estava ali, eu estava. Depois de muito tempo, eu finalmente conseguia me lembrar daquele momento e de cada palavra que havia sido dita.

"Você... Você me prometeu que nós dois seríamos felizes. Você me falou que eu seria uma excelente cirurgiã e que teríamos filhos para a Sofia ter irmãos e eu... eu quero me casar com você; eu quero ter filhos com você e construir uma casa! Quero me aposentar e envelhecer com você... Mark, você precisa ser forte, você não pode me deixar... Eu não posso te perder; eu não vou sobreviver a isso e isso é culpa sua! Você me fez te amar, você me fez te aceitar e aí você quer morrer? Antes de você chegar eu era sozinha e solitária; mas eu era feliz e não me importava com isso! Sinceramente, eu nem queria ninguém por ter medo desse exato momento; eu... eu pensei: e se eu amasse alguém e depois acabasse, talvez eu não conseguisse sobreviver; era mais fácil ficar sozinha. Porque o que acontece quando você ama alguém? E se você gostar e depender dele? E se você modelar a sua vida em torno dele? E então... acaba. É possível sobreviver a essa dor? Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é que a morte termina, mas isso? Isso continua para sempre." – Lexie enxugou seus olhos – "Mark, você é a personificação de tudo que eu sempre procurei em um ser humano. Eu jamais havia pensado que um dia eu poderia amar da forma que você me fez te amar! Você é uma canção, um sonho, um murmúrio, e não sei como consegui viver sem você durante tanto tempo. Eu amo você, Mark, mais do que você é capaz de imaginar. Sempre te amei e sempre vou te amar; você mesmo quem disse que nós fomos destinados um ao outro então, seria injustiça você me deixar assim desse jeito... sem nós termos conquistado o nosso futuro, o nosso felizes para sempre." – ela riu – "eu me sinto patética por falar tudo isso, mas é a verdade. Tudo. Cada palavra."

[...]

"Meredith costuma dizer que a vida humana é feita de escolhas: sim ou não; entrar ou sair; subir ou descer. Parecem decisões inúteis, mas também há as escolhas que fazem a diferença. Amar ou odiar. Ser um herói ou um covarde. Lutar ou desistir. Viver ou morrer. Então eu acho que não depende mais de ninguém além de você. Você tem que escolher, Mark; você deve escolher se quer viver ou se não. E eu quero que você deseje viver, eu quero que você deseje isso mais que tudo! Eu quero que você fique mais do que já desejei qualquer outra coisa na minha vida; todos nós queremos que você fique. Mas esta é a minha vontade e vejo que talvez possa não ser a sua. Então, se você não conseguir, se tudo isso for demais para você, se você não se sentir à vontade para lidar com as consequências que podem vir; se você quiser partir..." – ela engasgou – "tudo bem se tiver de nos deixar, tudo bem se você decidir parar de lutar. Se você decidir que ficar é mais doloroso do que partir, você pode ir. Eu prometo que vou tentar entender, vou fazer o meu máximo e vou cuidar da Sofia por você, e tentar ser forte."

"Eu te amo. Eu sempre vou te amar." – ela falou enxugando uma última lágrima.

Flashback Off


"Ah, Lexie... minha pequena Grey." – falei enquanto deslizava minha mão sobre seus cabelos. Aquelas lembranças haviam sido como um soco no meu estômago. Respirei fundo e tentei engolir o nó que se formava em minha garganta.

Nossa história não havia sido fácil. Foram tantas idas e vindas; tantas conspirações do destino que nós havíamos enfrentado juntos. E agora, que finalmente tudo parecia bem... agora que tínhamos uma filha...

Suspirei.

Não me dei ao luxo de ter aquele pensamento.

Lexie ficaria boa e era isso que eu tinha que ter em mente. Era nesse pensamento que eu tinha que me prender. 

E assim o fiz.

Três semanas após quase ter morrido no centro cirúrgico, ela finalmente abriu os olhos.

E eu renasci.


Meant to be | Slexie [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora