Capítulo 23

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Seis meses depois.


(POV LEXIE)

Fevereiro chegou com tudo. O último trimestre da minha gravidez não estava sendo do jeitinho que deveria: náuseas e tonturas o tempo inteiro. Entretanto, eu mal podia esperar para conhecer meu bebê... sentir o toque da sua pele quentinha, ver seus pezinhos e suas mãozinhas, sentir seu cheirinho de bebê... aquela ansiedade estava me matando! Até Sofia que no começo se sentia um pouco perdida com tudo já se mostrava uma irmã mais velha muito responsável.

O último pré-natal havia mostrado que meu bebê estava bem e quase pronto para sair. Os próximos dois meses passariam voando; Mark e eu optamos por não saber o sexo. Queríamos surpresa.

Sofia, por outro lado, ficou decepcionada, estava esperando para saber se teria tão desejada irmã.

Naquela manhã chuvosa, lutei bravamente contra minha má vontade de ir ao trabalho. O dia estava cinzento; um dia típico de chuva em Seattle. Queria ficar deitada na cama pelo resto do dia, porém, a razão falou mais alto. Sem escolha, peguei minha bolsa e fui.

"Lex!" – Mark exclamou me puxando para um abraço – "achei que você não sairia mais da cama, meu amor."

"Vontade não estava tendo." – rosnei.

"Melhore esse seu humor, meu bem." – ele arqueou as sobrancelhas – "você fica bem mais bonita com um sorriso no rosto." – falou e foi embora.

Poucos passos depois, dei de cara com Meredith.

"Justo quem eu estava procurando." – ela sorriu.

Suspirei.

"Do que você precisa?"

"Uma ajudinha numa cirurgia incrível." – ela lançou um sorriso amarelo.

"Incrível?" – arqueei as sobrancelhas.

"Exatamente!! Você vai adorar." – ela falou animada.

"Mer?"

"É uma apendicite." – ela falou triste.

"Apêndice, Mer?"

"Por favor, Lex... preciso muito de alguém pra evitar que eu tenha um colapso naquela sala de cirurgia." – ela implorou.

Me dei por vencida.

"Te vejo em duas horas."

Continuei meu caminho observando as pessoas ao meu redor. Um sorriso se formou em meus lábios e eu me senti atipicamente animada. Senti meus passos ficarem mais leves e comecei a pensar comigo mesma sobre o quanto eu precisava de férias, principalmente nesses últimos meses de gravidez. Eu me sentia exausta para trabalhar e não estava rendendo muito para o hospital. Talvez aquela fosse a hora perfeita para ir falar com Hunt sobre férias. Ele poderia liberar Mark também e assim poderíamos viajar para algum lugar distante de hospitais e pessoas doentes. O Caribe, talvez; ou o Rio... Austrália?? Vários lugares me vieram a mente e comecei a ficar entusiasmada.

Segui diretamente para a sala de Owen Hunt a fim de conseguir minhas tão merecidas férias. Era isso.

A porta estava fechada.

Estranho.

Tem momentos em que todas as estrelas se alinham. Quando tudo parece estar como deveria ser. Sua vida parece ter se resolvido. Não é como se todos nossos problemas desaparecessem. Eles apenas são repentinamente administráveis. Você se sente tão bem que você se pergunta se é real. E se eu aprendi alguma coisa, posso dizer que é. É muito real, mas não vai durar.

Um embrulho se formou em meu estômago. Eu deveria dar meia volta e ir embora; uma sensação estranha estava tomando conta de mim. Ignorei. Afinal, o que poderia acontecer de errado?

Eles dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas isso é um mito. Um raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar; isso não acontece com frequência, mas acontece. Tem dias que você sente que pode conquistar qualquer coisa e parece que tudo vai ficar bem. Como eu disse, o sentimento não dura. Eu não estou tentando ser cínica. É só que mesmo quando um dia começa tão, tão bem, este dia pode terminar tão, tão mal.

"H-Hunt?" – gaguejei enquanto entrava na sua sala e dava de cara com um revólver apontado na minha direção.

"Fica quieta. E feche a porta." – o homem falou ríspido. Ele era alto e forte. Tinha cabelos claros e uma barba malfeita.

"Lexie, venha cá." – Hunt falou gentil.

Senti minhas pernas tremerem e minha voz sumir. Olhei para aquele estranho procurando sua aprovação e ele assentiu, não tirando seu revólver da minha direção. Segui lentamente mirando o chão até chegar em Owen Hunt. Senti meu coração acelerar enquanto minha pressão baixava. Num movimento rápido, o desconhecido moveu-se até a porta e trancou-a; de relance, pude ver que ele carregava outro revólver no bolso do casaco.

"9h29." – ele falou consultando o relógio e exibindo um leve sorriso – "você está pronto, Owen Hunt?"

Owen mordeu os lábios e franziu a testa; foi aí que ouvi os primeiros gritos no saguão seguido de oito disparos consecutivos. 

Meant to be | Slexie [FINALIZADA]Where stories live. Discover now