Capítulo 18 - Minha Casa Virou Canil

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Lena Luthor  |  Point of View





Uma semana tinha se passado desde o “acidente” de Quinn. A cidade inteira ficou em luto pela tragédia. Somente hoje, na sexta feira que as pessoas voltaram a monótona rotina de sempre. Alguns ainda choravam pelos cantos. – Ou fingiam.

No velório, eu não me fiz de rogada e apareci por lá. Para falar a verdade nunca fui em um velório dos tempos modernos. A última vez que acompanhei o funeral de alguém foi de um rei na idade média que é um pouco diferente de hoje em dia, lembro-me que no enterro desse rei ele fora cremado. Seu corpo estava sobre toras de madeira, nos seus olhos foram cobertos por moedas de ouro e mesmo no leito de sua morte, ele vestia dignamente com seu poder.

No cemitério eu não fui porque quis, mas sim para manter as aparências e também ver como os humanos reagiam perante a morte de outro. Porém o que me surpreendeu, na verdade nem tanto, foram algumas pessoas se fingirem destroçadas pela morte da criança sendo que na verdade não se importavam tanto assim. Só fizeram um pouco de drama para chamar atenção ou não fazer feio na frente dos parentes. No meu caso eu não esbocei nenhuma expressão, não ri durante o enterro, pois não sou tão ruim assim a ponto de rir de uma pessoa mesmo que ela seja insignificante para mim, mas também não fiquei triste, chateada ou algo do tipo. Para disfarçar minha expressão de entediada coloquei um óculos de sol nos olhos e fiquei junto com minha filha um pouco mais afastada, protegendo-nos com guarda-chuva a garoa que caia no momento.

Pessoas que eu nunca havia visto antes estavam lá, e todas essas nos encaravam por finalmente conhecerem as novas moradoras. Uma coisa que não mudava nunca era a fofoca, nem mesmo durante o enterro as pessoas não paravam de fofocar, mesmo depois do caixão de Quinn lacrado embaixo de sete palmos as pessoas ficaram lá para fofocar, fofocar e fofocar.

Esse povo não sabe fazer outra coisa.

Os Zor-El também foram para mostrar generosidade. Fiquei até o último punhado de terra que fora jogado em cima do caixão. As pessoas aos poucos foram colocando flores sobre o túmulo até mesmo Alura e Robert colocaram.

Depois que as pessoas pararam de colocá-las eu não faria diferente, então me aproximei do caixão junto com Lori, e peguei a única rosa vermelha que estava em sua mão esquerda jogando-a sobre o túmulo.

Quando ergui minha cabeça encontrei os olhares arregalados dos vampiros me avaliando e o que eu fiz foi apenas sorrir debochada para em seguida virar as costas e ir embora caminhando tranquilamente com minha filha enganchada em mim. Enquanto andava senti olhares nas minhas costas, mas ignorei-os sabia que era apenas os Zor-El que nos observavam. Aposto que eles deviam estar se perguntando como eu podia ser tão fria ao ponto de matar alguém e depois na cara de pau aparecer no enterro e por cima de tudo não sentir nada sobre a morte dela. Mas eles precisavam entender de uma vez por todas que eu não era boazinha e nunca fui.

Os únicos que eu realmente tive pena mesmo foram dos pais de Quinn. Eles sim sofreram, eu sabia exatamente como era essa dor. Esse foi o único motivo que me senti mal por matá-la, eu senti isso por eles e não por Quinn. Essa era uma humana fútil que eu pouco me importava.

Sobre os detalhes que Brainy falou que eu “esqueci”, não foi nenhum problema para mim. Apenas fiz que na cabeça das amigas de Quinn acreditassem que ela foi embora porque estava se sentindo mal. E no caso sobre o acidente, fiz com que as evidências foram que por ela estar mal acabou perdendo a direção fazendo o carro capotar várias vezes. E ainda para facilitar o caso foi o Dr. Robert que fez o laudo da morte da menina.

Nos dois primeiros dias alguns dos Zor-El ficaram meio receosos para falar comigo, diferentemente de Samantha e Alex que agiram normalmente como se nada tivesse acontecido. No caso de Nia, eu realmente não liguei por ela ter ficado um pouco afastada, ela era assim, pelo seu comportamento tenho certeza que ela nunca matou um humano.

A Primeira Eterna - Livro 1 - KarlenaWhere stories live. Discover now