Lembranças complicadas

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- O Paulo é a melhor pessoa que eu conheço, sempre foi! Então do nada surge uma dúvida na minha cabeça.
- Você não pode contar o que a gente conversa pra minha mãe né?! Então ela solta uma risadinha.

- Sem sua confirmação não! Então concordo aliviado, pensei que tinha falado demais.
- Porque isso?

- Porque ela não sabe de mim e do Paulo, a mãe dele sabe porque ele contou, segundo ele achou que eu ia morrer então não julgo! Então a médica concorda com um sorriso, acho que ela gostava do jeito que eu me expressava, pq me olha curiosa.
- Só não quero contar pra minha mãe ainda, e pra ninguém, acho que não tô pronto pra reação! Digo nervoso.

- O que acha que pode acontecer?

- Acho que ela pode julgar, ou até começar a me tratar diferente por eu ser da comunidade, eu não sei direito o que eu sou ainda mais..! Então ela concorda freneticamente.
- Eu sei o que eu amo! Então ela sorri.
- Mais pelo o que eu me lembro( meio impossível de esquecer uma coisa como essas) o meu pai não é a melhor pessoa pra se lidar! Então meus olhos se marejam, espero que minha mãe não tenha falado com ele do acidente, ou vou ter que inventar um contexto.

- Você quer falar sobre isso? Então nego com a cabeça, realmente não queria, não gostava desse assunto e a única pessoa que me fazia falar sobre o meu pai era o Paulo, e disso eu me lembro bem, então bocejo, como posso estar cansado depois de dormir tanto? Parecendo ler meus pensamentos, a doutora ( que inclusive me dei conta de que não sei o nome) diz:

- É normal você sentir sono! Então concordo.
- Como falar pra você entender? O seu cérebro bugou! Então dou uma risada.
- Você precisa descansar, acha que consegue?

- Quero falar um pouco com o Paulo e com minha família, mais vou sim! Então ela sorri se levantando.
- Obrigado, de verdade! Então ela se vira com uma expressão emocionada.

- Não é nada, logo você vai ter sua memória!

- Qual o seu nome? Digo quando ela tava prestes a sair do quarto branco.

- Lily! Então ela sai e Paulo entra, como se estivesse esperando na porta.

- Como foi? Ele diz fechando a porta se sentando no seu lugar habitual aqui no hospital, pensar nisso faz eu dar um sorriso bobo.
- Tá sorrindo por me ver? Ele diz convencido.

- Me conhece tão bem assim? Então ele ri pegando minha mão de um jeito firme, como se estivesse se certificando que eu sou real, e não uma alucinação.
- A consulta foi boa, a gente vai aumentar as sessões três vezes na semana!

- E você vai poder ser liberado quando? Então dou de ombros.

- Acho que hoje ou amanhã! Então ele concorda.
- Mais vou ter que vir aqui pras consultas e em casa fazer exercícios de memorização, e aliás, nada de escola pra mim! Então ele olha pra mim com uma expressão meio triste mais compreensiva.

- Quando você vai poder voltar pra sua vida habitual? Ele diz parecendo mais se perguntar do que me perguntar.
- Mais não importa, você tá bem e é isso que importa!

- A médica disse que levando em conta minhas sessões, ela vai ver se pode me liberar, eu falei com ela que você poderia me ajudar no que fosse necessário! Assim que digo ele parece satisfeito, porque olha pra mim com aquela expressão tipo " eu amo como ele sabe exatamente o que fazer".

- Os meninos estão vindo! Então olho pra ele confuso fazendo o maior esforço possível pra captar alguma memória, mais tudo ainda parece uma confusão.
- O Smith, e o Luiz! Ele diz parecendo ler meus pensamentos.

- Ah..! É a única coisa que eu consigo dizer, não sei como vai ser minha reação quando ver eles e vou tentar agir o mais natural possível, não quero magoar eles, de jeito nenhum.

My Best FriendWhere stories live. Discover now