Dias e situações

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- Assim você me deixa com vergonha! Ele diz tão vermelho quanto um pimenta, o que me faz rir.
- Eu também te amo mais do que meu coração pode aguentar, as vezes penso que ele vai explodir!

Continuamos conversando e rindo com pequenos gestos de carinhos. Os próximos dois dias passaram rápidos, sem muita novidade mais o Harry tava fazendo vários exames por conta da anemia e voltava fraco das consultas, mais eu sempre tava aqui! Não tenho ido a escola também, e não vou ir no tempo que o Harry não for, não quero deixar ele sozinho. Hoje vamos fazer mais alguns exames e uma consulta com a psicóloga pra ver se o Harry pode continuar o tratamento em casa, eu tô torcendo pra ele poder ir pra casa.

- Como tá se sentindo? Digo pegando sua mão, ele tava deitado e tinha acabado de tirar um cochilo.

- Bem, e mal! Ele diz e então eu olho pra ele, ele parecia cansado, igual nos últimos dias, ou mais, ele também estava tomando um turbilhão de remédios.
- O seu pai tá vindo? Então concordo, meu pai que era praticamente pai do Harry também, tava vindo pra casa hoje, era pra ele vir só daqui duas semanas, mais depois do que aconteceu com o Harry ele adiantou sua volta pra casa.
- A gente vai contar pra ele? Então sinto meu coração gelar, não me importava com o que ninguém mais pensava sobre mim, exceto meu pai! Ele era a única pessoa do mundo que a opinião realmente importava, ele era o melhor pai do mundo e meu melhor amigo também.

- Claro! Digo porque falar que não ia contar não estava nos meus planos... Eu realmente ia contar, só precisava da ocasião certa e precisava fazer isso sozinho.

- Minha cabeça dói! Ele diz procurando uma posição confortável no travesseiro, ele vinha reclamando bastante de dores na cabeça, nas costas, na nuca..

- Você quer que eu pegue alguma coisa? Digo me levantando e ele nega com a cabeça. Olho pra ele e pra coisa linda que me ama, ele tava cada dia mais lindo e isso me impressionava muito, só quero que ele saia daqui bem e saudável.

- Licença meninos! Rose diz entrando pela porta , ainda tava meio mal com ela por ela insinuar que a gente se gostar era porque as coisas estavam " confusas" pro Harry, nunca que eu ia esperar tanto gesto de preconceito de uma pessoa que eu considero uma segunda mãe.

- Oi mãe! Harry diz bocejando.

- Como você tá se sentindo? Hoje, dependendo da sua consulta você pode fazer o tratamento em casa! Ela diz animada e Harry concorda com a cabeça, eu só observo sem falar nada.

- Eu tô bem mãe, mais.. minha cabeça dói e meu corpo! Então Rose concorda, minha mãe tinha me falado que o pai do Harry tava organizando as coisas pra voltar, ainda não contei isso pro Harry porque poderia piorar o quadro dele, e talvez ele nem quisesse voltar pra casa depois de saber que aquele ogro babaca estaria na casa dele.

- E a sua mão? Rose pergunta a  ele, os enfermeiros tinham feito o curativos algumas vezes, e o Harry falava que sentia cada vez melhor, mais ainda não conseguia mexer ela, porque ele não tá totalmente recuperado.

- Tá melhor! Ele diz e então desvia o olhar, sentia que ele era diferente comigo e com a minha mãe do que ele era com a Rose, ele só respondia o básico pra Rose, ficava cortando os assuntos e sempre desviava o olhar.. depois do que ela falou, fico meio estranho enquanto a isso, ele já não tem um pai pra contar e a Isa não faz seu papel de irmã,  e se não considerar a mãe dele como mãe, quem ele vai ter em sua família? E isso me preocupa um bocado.

- Paulo? Rose me chama e eu olho pra ela, percebo que olho profundo demais e ela desvia o olhar.
- Posso falar com vc ali fora um segundo?

- Hm, tá bom! Então ela sai e saio também sem olhar pro Harry, então fecho a porta e ficamos nos dois no corredor.
- Aconteceu alguma coisa? Digo preocupado.

- Só queria te falar que o pai dele deve estar chegando até o final da semana! Ela diz e eu abaixo a cabeça, dor.. isso que eu tô sentindo, dor pelo que o Harry vai passar.

- E o que eu tenho com isso? Digo de um jeito seco direcionamento o olhar pra ela.

- Eu não quero ter que contar pra ele sobre vocês mais...!

- Mais você não pode contar! Interrompo ela.
- Isso é uma coisa que eu e o Harry temos que contar, você não pode contar por nós!

- Eu sei, mais eu não quero que vocês demorem pra falar pra ele! Então nego com a cabeça indignado.

- Você sabe como ele é! Digo.
- E você sabe o que vai acontecer depois da gente contar, então você tem que aceitar o nosso tempo e a devida situação! E ele nem sabe que o pai dele vai voltar, sabe que isso pode afetar o quadro dele aqui no hospital!

- Eu sei, mais a gente tem que falar com ele sobre isso, pensa só, o pai dele chega aqui e do nada ele vê ele! Então nego novamente indignado.

- Por mim ele não tinha nem que estar pisando aqui em Seattle! Digo não conseguindo controlar minha boca, a Rose não sabe direito o que acontece quando está o pai do Harry e ele estão sozinhos.

- Porque está dizendo isso? A Rose diz colocando a mão no peito como se estivesse chocada.

- Porque você sabe que o Harry e ele não se dão bem, e isso já tá sendo difícil demais pro Harry, o pai dele aqui pode piorar o quadro psicológico dele, e ainda com essa pressão de falar que e eu e ele estamos juntos, pensa só! Digo e então ela fica em silêncio.
- Você não pode falar pra gente falar uma coisa dessas assim, ainda mais com alguém como o pai dele! Digo fazendo cara de nojo.
- A gente vai falar quando der certo, quando a gente estiver preparado, não dá pra cobrar isso! Então percebo que estou sendo meio grosso.
- Sinto muito Rose por estar falando assim com você, mais é a lógica! Então viro as costas e entro no quarto.

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