2. It's just a cruel existence

2.4K 314 59
                                    

Draco tentou ficar calmo durante todo o caminho dentro da carruagem com seus pais.

Sua mãe parecia igual como todos os dias. Calma e tranquilidade. Draco teve vontade de questioná-la se não estava nem um pouco nervosa, mas preferiu continuar calado. Provavelmente seu pai não gostaria de ouvir perguntas, ainda mais em cima da hora, no meio do caminho.

- Draco. - Lucius o chamou fazendo com que o rapaz olhasse rapidamente. - Espero que quando tudo acontecer, você consiga controlar seus sentimentos.

Draco franziu o cenho um pouco confuso e disse:

- Desculpe, não tenho certeza se compreendi.

- Como humano você é muito transparente. - Lucius falou e Draco sentiu vontade de desviar os olhos para o chão, mas foi esperto e não fez isso.

- Quando for um imortal todos os seus sentidos serão mais fortes, isso também inclui sentimentos. - Lucius continuou. - Mas terá a vantagem de conseguir controlá-los muito bem. Diferente dos humanos que apenas sentem.

Draco queria poder dizer algo forte para seu pai, mas a única coisa que fez foi concordar com um aceno.

- Prometa que terá disciplina, Draco. - Lucius falou e Draco o encarou por poucos segundos, já que não queria decepcionar o pai.

- Terei. - Draco falou o mais frio que conseguiu, tentando demonstrar convicção. - Não deixarei a desejar como um vampiro.

Lucius sorriu junto com Narcisa, então Draco soube que era isso que ambos queriam ouvir.

E foi na própria fala que Draco pensou o resto da viagem.

Quando a carruagem parou minutos mais tarde, Draco olhou pela janela e pôde ver que se tratava de um grande castelo escuro. Parecia vazio, quase abandonado, mas não demorou para que a grande porta preta se abrisse e saísse de lá cinco pessoas, todos vestidos com capas pretas elegantes.

Perdido ao olhar para cada um daqueles vampiros, Narcisa teve que chamá-lo o mais baixo que conseguiu.

- Saia. - Narcisa falou calmamente e Draco engoliu em seco ao passar pela porta da carruagem e caminhar logo atrás de seus pais.

- Sejam bem vindos. - disse uma voz feminina, assim que os três acabavam de subir uma escadaria em direção a porta. - Sou Scarlett Villin.

Draco pôde olhá-la melhor quando parou ao lado de sua mãe. Era uma mulher aparentemente padrão; loira, alta e o que podia ser visto de sua pele era bastante branca e quanto aos olhos, ele não teve certeza de que cor eram.

Logo eles foram levados para dentro, indo parar em um grande salão, onde se encontravam mais três pessoas. Draco não teve certeza se todos eram vampiros, pois um deles tinha uma pele um tanto corada perto dos outros.

- Espero que tenham feito uma boa viagem. - foi a mulher que falou mais uma vez, enquanto se dirigia até uma grande cadeira que se assemelhava a um trono.

- Tudo perfeito, sem nenhum imprevisto. - Lucius falou calmamente e Draco levou os olhos para o pai, quase assustado em como ele estava tão normal diante daquela situação.

Se alguma coisa saísse errado Draco tinha certeza de que não viveriam. Aqueles vampiros com certeza os teriam como um jantar.

Pensar naquelas coisas fez com que toda a concentração de Draco em se manter calmo fosse para o ralo. Naquele momento ele estava nervoso, e conseguia perceber que suas mãos estavam muito úmidas.

- Este está preocupado. - um rapaz falou ao passar do lado de Draco que por sorte conseguiu se manter firme no chão, apesar do susto.

Draco sentiu os olhos de seus pais pousarem sobre sí, mas ele ainda estava com a vista colada no vampiro que havia acabado de passar por ele e sentia-se preocupado demais em não morrer do coração para se importar com o que Lucius e Narcisa pensavam.

A mulher loira, Scarlett, caminhou em direção a Draco e fez com que ele lhe desse atenção no momento em que os dedos dela deslizaram pelo seu rosto, parando em seu queixo. Só então ele viu que os olhos de Scarlett eram de um tom vermelho escuro, ele suspeitou que antes fossem castanhos, mas nunca conseguiria saber.

- Não se preocupe querido. - ela falou calma e carinhosamente. - Prometo que não vai demorar.

"Morte rápida." Draco pensou.

- Sim, vai ser uma morte rápida, mas muito gratificante. - Scarlett falou e fez com que os olhos de Draco ficassem arregalados.

Ele tinha esquecido completamente que vampiros conseguiam ler os pensamentos dos humanos.

Scarlett apenas sorriu e se afastou, chamando a única pessoa que parecia viva de verdade alí.

- Vamos começar. - ela falou e Draco não tinha mais como correr. E mesmo que quisesse, não conseguiria já que suas pernas pareciam estar coladas no chão.

Em seguida, os três foram posicionados cada um dentro de um círculo com desenhos pelo meio que pareciam ser runas. Apesar de todos os seus estudos Draco não as reconhecia. Aquelas lhe eram completamente estranhas.

O homem vivo começou a pronunciar palavras que Draco não conseguia ouvir direito. Mas quando ele falou um pouco mais alto, percebeu que nenhuma daquelas coisas tinha sentido. Nem pareciam ser palavras de verdade.

Draco se assustou quando a linha dos três círculos pegaram fogo e logo olhou para seus pais que ainda pareciam calmo.

Vampiros se aproximaram deles ao mesmo tempo, trazendo nas mãos uma taça de cobre. Draco franziu o cenho no momento em que o mesmo rapaz que lhe assustou passou pelo fogo sem se queimar ou se quer se importar com o calor, provavelmente por estar sobre alguma proteção mágica.

- Beba. - o vampiro falou com o objeto estendido em sua direção.

Draco novamente levou os olhos para seus pais, parando em sua mãe que já tinha a taça na mão e o encarava.

Narcisa acenou positivamente com a cabeça na intenção de tranquilizá-lo e Draco respirou fundo, voltando a fitar a bebida escura que estava dentro do objeto.

- Agora! - o homem que estava fazendo toda aquela bruxaria falou alto e fez com que Draco agarrasse a taça e a levasse até a boca sem pensar.

O gosto era pior do que podia imaginar. Um líquido grosso, preto e tão amargo que parecia estragado descia com dificuldade pela sua garganta. Sem contar no cheiro forte, lembrando sangue em certo momento.

Quando terminou de beber o que conseguiu, não demorou nem um minuto para que Draco começasse a sentir-se tonto. Sua cabeça estava ficando cada segundo mais pesada, junto com seu corpo que parecia fraco.

Por isso a única coisa que pôde fazer a respeito foi deixar que seu corpo se rendesse, caindo de joelhos no chão.

Sua mente já nem conseguia processar direto qualquer pergunta que fosse sobre o que estava acontecendo. Mesmo que sua vontade fosse realmente saber se aquilo era normal, se era parte da morte.

No instante seguinte ouviu-se o grito de Lucius, que fez com que Draco o olhasse um tanto assustado. Ele nunca tinha ouvido algo parecido, muito menos saindo de seu pai. Em seguida foi a vez de Narcisa soltar os sons de horror, repentinamente caindo de joelhos, posicionando também as mãos no chão enquanto urrava.

- Não, não. - Draco sussurrou e deixou com que lágrimas saíssem de seus olhos por ver o sofrimento dos seus pais.

- Mãe! - Draco gritou em meio as lágrimas, mas esse esforço pareceu ter lhe custado algo.

Draco começou a sentir sua garganta fechar, como se tivesse engasgado. Ao tossir repetidas vezes tentando conseguir voltar a respirar direito, percebeu que sangue estava saíndo de sua boca.

Antes de conseguir processar aquele acontecimento, ele sentiu fortes dores no peito. Entendendo perfeitamente porque seus pais gritavam tão alto. A dor era quase que insuportável, como se o coração estivesse sendo arrancado de seu peito da forma mais lenta e dolorosa possível.

- Não quero isso. - Draco falou como seu último suspiro.

Além dos gritos de agonia de seus pais, falas estranhas do bruxo, o que Draco reproduziu foi a última coisa que ouviu.

Ele caiu no chão totalmente desacordado assim como Narcisa e Lucius Malfoy.

Daquele dia em diante eles seriam novos seres.

I Don't Wanna Live Forever - ᴅʀᴀʀʀʏWhere stories live. Discover now