24. I see you around in all these empty faces

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Chegar na vila em que Harry morava era pior do que Draco havia imaginado.

Diferente das outras vezes que tinha estado ali era escondido, e nunca caminhou tão livremente como estava fazendo naquele dia.

Os corpos e membros já não se encontravam mais espalhados de qualquer jeito. Alguém tinha voltado até lá e cuidado para que eles fossem tratados com dignidade.

Caminhando mais um pouco Draco viu a barra de ferro que tinha estado no corpo de Harry e encarou o objeto por alguns segundos apenas.

O sangue já seco, grudado no material velho, quase enferrujado o deixou atormentado. Ele queria gritar. Queria que Harry estivesse vivo, com sua família e ele sim finalmente morto. Como deveria já ter acontecido.

Saindo de seu pior devaneio, tirou os olhos do objeto e seguiu andando em direção a casa que pertencia a família de Harry.

Diferente das outras vezes que tinha entrado pela janela clandestinamente, Draco usou a porta principal. A residência se encontrava visivelmente abandonada. Com panelas deixadas de qualquer jeito em cima do fogão e cadeiras derrubadas, talvez pela pressa.

Draco acabou parando em frente a porta do quarto de Harry. Aquilo estava sendo ainda mais doloroso.

Quando tocou na porta e a empurrou devagar, ele sentiu algo ruim preencher seu peito. Algo parecido a agonia, derrota e fundo do poço.

Mesmo assim ele girou a maçaneta e encontrou no cômodo.

Naquele espaço tudo estava em seu devido lugar, como se nada tivesse acontecido. Como se a qualquer momento Harry fosse entrar revoltado com algo que não tinha saído da forma que ele planejava.

Draco respirou fundo e caminhou até a escrivaninha, percebendo que pela primeira vez Harry tinha guardado os seus desenhos de forma organizada e descente, sem deixá-los espalhados e amassados em sua bagunça.

Abrindo a pasta que eles se encontravam, Draco notou que em um daqueles desenhos mais recentes estava o seu rosto em preto e branco.

— Parece que você era o idiota apaixonado hein, Harry. – ele falou ao mesmo tempo que tentou sorrir, mas falhou.

Draco largou aquele que tinha ele mesmo e seguiu olhando os outros, parecendo procurar por um em específico.

Aquilo estava inconsciente. Ele queria um para si, mas não aquele que era o seu rosto. Draco procurava por um que tivesse mais de Harry, aquele que mais o representasse.

Depois de alguns segundos ele encontrou dois. Um deles provavelmente Harry havia produzido quando descobriu que era um lobo, pois foi feito de rabiscos confusos a face do animal preto. O outro era um pouco mais alegre, continha árvores e o mais especial, a clareira de onde eles saltaram e no fim trocaram beijos dentro d'água.

Ele dobrou os dois desenhos guardando-os no bolso e seguiu caminhando em direção ao guarda-roupa, recolhendo de lá uma blusa.

Naquele momento ele tinha tudo que precisava para conseguir encontrá-lo.

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Na noite anterior Harry havia lhe pedido para levar Sirius em segurança até Lílian e Hope. Draco cumpriu aquilo deixando o homem sobre os cuidados da família e amigos em uma residência temporária, protegida sobre uma magia feita pelos bruxos Weasley's.

Aquele não era o destino de todos aqueles que conseguiram fugir com vida do vilarejo. Se tornou uma parada de emergência para cuidar dos feridos, que não eram poucos.

Ao se aproximar, Draco foi direto a procura de Ginny que por sorte se encontrava fora de casa carregando consigo uma cesta de frutas e plantas, provavelmente para a produção de remédios dos doentes da casa.

I Don't Wanna Live Forever - ᴅʀᴀʀʀʏWhere stories live. Discover now