7. Not tryna be indie

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Saindo da floresta Harry se deparou com um grande castelo. Como nunca tinha visto algo daquele tamanho imenso, encarou tudo boquiaberto.

- Você mora aqui? - Harry perguntou.

- Sim. - Draco respondeu tranquilamente.

- Sozinho?

- Não, com minha família.

Com aquela informação Harry parou.

- E por que você me trouxe para um ninho de vampiros? - Harry o questionou indignado fazendo com que Draco parasse logo mais a frente, mas ainda de costas para ele. - Pensei que queria me ajudar.

- Você não vai ficar exatamente dentro da minha casa. - Draco respondeu virando-se e tendo o cuidado para não falar tão alto. - Não sou estúpido!

- Vamos logo - disse Draco. - Vou mostrar de uma vez onde exatamente você vai ficar. - em seguida, continuou andando.

Harry decidiu não fazer as coisas se tornarem mais difíceis naquela hora, por isso voltou a seguir Draco.

Eles de fato não entraram no castelo. Foram andando de forma rápida e silenciosa até uma cabana que ficava alí perto. Diferente da última que Harry havia entrado na madrugada anterior, aquele lugar parecia um tanto confortável. Não havia correntes ou barras de ferro. Apenas poeira, uma cama improvisada mas aparentemente confortável e no canto oposto se encontrava uma mesa com duas cadeirinhas.

- Você sabe quem morou aqui? - Harry perguntou percebendo que a cama aparentava não ser usada a tempos.

- Um bom homem que trabalhava para minha família. - Draco respondeu checando um baú velho que tinha por lá. - Ele não tinha ninguém, por isso meus pais permitiram que ficasse usando esta cabana como lar.

- E o que aconteceu com ele? - Harry perguntou curioso e apreensivo.

- Morreu. - respondeu Draco com simplicidade. - Faz alguns anos... três, para ser exato.

Harry desviou os olhos para o chão e tentou segurar a pergunta que estava na ponta de sua língua.

- E agora você acha que nós o matamos. - Draco falou virando-se para encará-lo.

Aquela fala tão afirmativa e certeira surpreendeu Harry, fazendo com que olhasse para Draco com os olhos arregalados.

- Você consegue ler pensamentos? - perguntou Harry.

- Não preciso ler o que se passa pela sua cabeça para saber que você acha isso. - Draco falou. - Está claro em suas feições.

Harry deu os ombros e caminhou até a mesa, sentando-se em uma daquelas cadeiras.

- Você é um vampiro. - Harry falou baixo, olhando para seus pés sujos. - Até onde sei, uma criatura que se alimenta de pessoas. O que você quer que eu pense?

- Não precisa justificar. Tens certa razão. - Draco respondeu. - Bom, preciso ir em busca de algumas coisas básicas para você. Enquanto isso, pode ir tentando lavar-se.

Harry franziu o cenho de leve achando que Draco não o responderia sobre o morador, mas novamente foi surpreendido.

- E quanto ao homem, ele morreu de gripe. - falou Draco. - Mais uma coisa... tome cuidado com o barulho por aqui. Seja discreto, Potter.

Harry encarou Draco e limitou concordar apenas com um aceno de cabeça. Em seguida foi deixado sozinho com seus inúmeros pensamentos.

Permanecendo ali sentado, sozinho pela primeira vez em horas, Harry finalmente conseguiu começar a raciocinar.

Suas reflexões pararam primeiro em seu pai, questionou-se sobre o bem estar de Sirius e sentiu-se culpado por agora ser um desaparecido. Sua mãe veio a mente logo em seguida, e imaginou que provavelmente estava de derramando em lágrimas de preocupação. Harry passou a se ver como um idiota. Não deveria estar longe demais e também não poderia ficar sem entender porquê de tudo aquilo que aconteceu.

Talvez Draco não ficasse chateado se ele resolvesse ir embora no final daquela tarde. Apesar de toda essa ajuda, ele tinha que voltar pra casa e se explicar.



◑ ◒ ◐ ◓




Quando Draco voltou para a cabana Harry já estava acabando de vestir-se o suspensório de uma calça velha que encontrou por lá. Não ficou no seu melhor estado, mas com certeza era melhor do que o estado apavorante que se encontrava horas atrás.

- Não sei o que costumas comer, por isso trouxe o que encontrei. - Draco falou colocando uma cesta em cima da mesa.

Harry não conseguia descrever o quanto estava feliz por se aproximar e encontrar pão, frutas e queijo bem a sua frente.

- Eu teria ficado feliz até se você tivesse me trago uma coisa só. - Harry respondeu tirando um pão da cesta e não demorando a colocar um pedaço na boca.

- Oh céus... - Harry disse sentando-se e sentindo-se relaxado por estar finalmente comendo, sem importar-se de estar com a boca cheia.

Draco também não se incomodou e foi sentou-se na cadeira que sobrou.

- Enquanto procurava por alimento lembrei que sua família foi um tanto conhecida, Potter.

Harry parou de encarar a comida a sua frente e encarou Draco.

- Você conheceu pessoas da minha família? - Harry perguntou depois de engolir o que mastigava. - Eles morreram a algum tempo. Você é tão velho assim Malfoy?

- Ora! - Draco resmungou indignado. - Não seja grosseiro ou levo toda essa comida de volta, lobinho.

Harry contraiu as sobrancelhas e continuou calado achando melhor não duvidar.

- Não os conheci, até porque, já mencionei que nossas espécies não chegam nem perto de serem amigas. - Draco falou. - Apenas ouvi falar sobre eles.

- Então eles eram assim também‽ - Harry falou baixo não sabendo se queria falar sobre isso com uma pessoa que acabara de conhecer.

- Exato.

Harry não conseguia explicar mas havia acabado perdido completamente sua fome. Então levantou-se e foi até a única janela que havia naquela cabana.

Ao olhar para fora Harry viu o bosque. Parecia mais acolhedor do que na noite passada e nem parecia que havia sentido tanta dor. Antes que seus pensamentos entrassem em completa viagem, viu que algo lá dentro pareceu movimentar-se entre as árvores. Assim, continuou a olhar para lá, tentando demorar a piscar o máximo possível.

- Malfoy... - Harry falou fazendo com que o outro o fitasse.

Notando que Harry não saia do lugar e continuava imóvel como uma estátua, Draco se levantou e aproximou-se.

Era um logo, mas diferente de Harry, aquele era marrom com alguns pequenos e leves detalhes em preto, olhando para eles com total atenção.

- Parece que sua matilha o achou. - Draco falou e Harry continuou a olhar para o animal.

- O que devo fazer? - perguntou Harry.

Como não obteve resposta logo, virou o rosto para olhar Draco e saber o motivo do seu silêncio.

Malfoy continuava a olhar para o lobo com se ele fosse uma presa, algo muito importante que não poderia perder de vista sob nenhuma hipótese. Harry sentiu um calafrio percorrer sua espinha vendo o olhar de Draco para o animal que poderia ser qualquer pessoa.

- Draco! - Harry falou fazendo com que Malfoy voltasse a atenção para ele.

Poucas pessoas pronunciavam seu nome em voz alta como Potter tinha acabado de fazer. Draco mesmo pensou que se acharia desconfortável se acontecesse uma hora ou outra. Mas não foi isso que sentiu. Ao contrário.

- Você decide, Potter. - Draco respondeu calmamente.

Harry o encarou por mais alguns segundos e quando finalmente voltou os olhos para o bosque, o lugar onde o lobo estava antes já se encontrava vazio.

Respirando fundo, Harry concluiu:

- Preciso voltar.

I Don't Wanna Live Forever - ᴅʀᴀʀʀʏWhere stories live. Discover now