Kiara não perderia outro Natal em Outer Banks por nada nesse mundo, mesmo que pra isso tenha que voltar do continente, passar as festas de fim de ano sozinha e reencontrar seu amor mal resolvido, JJ Maybank.
au no twitter por @aboutmaybank
#2 em jia...
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Quando dá mais ou menos sete horas da noite, eu me enfio debaixo da água gelada do chuveiro. Eu menti para mim mesmo dizendo que isso era só um jeito de fazer minha cabeça parar de queimar depois de tanto pensar na mesma coisa, mas, no fundo, sei que vou sair do cômodo e me vestir para encontrar os meninos no Castelo.
Passei o dia inteiro me perguntando se deveria ou não ir. É ridículo e uma perda de tempo, eu sei. Eu nunca fui do tipo de pessoa que pensa antes de tomar uma decisão, ou do tipo de pessoa que faz a coisa certa sempre. Mas agora, que inferno, eu realmente quero ir.
Não consigo entender o motivo, na verdade. Ver Kiara ontem já fez toda minha estrutura tontear de um jeito que eu não estava esperando. Quer dizer, sempre soube que ela voltaria um dia. Afinal, é de Kiara Carrera que estamos falando, e Outer Banks é parte dela. E eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela jamais conseguiria ficar muito tempo longe, não importa as razões pelo qual se afastou. Então estava me preparando para isso. Mas na minha mente seria fácil, ela voltaria e eu não sentiria mais nada por ela. Só isso.
A realidade é muito diferente. Porque eu quero vê-la de novo, mesmo que nosso encontro de ontem tenha sido muito pior do que a surra do meu pai. Porque eu quero que ela tente se explicar, para que pelo menos eu tenha uma desculpa aceitável para ainda sentir tantas coisas. Porque esse ano longe dela foi completamente uma merda e eu quero saber se ela se sentiu do mesmo jeito.
— Foda-se — eu murmuro para mim mesmo, desistindo do chuveiro que não ajudou tanto quanto eu queria.
***
Parece uma completa filha da putagem do universo, mas Kiara é a primeira pessoa que vejo quando chego lá. Ela está entrando na casa enquanto todos estão do lado de fora, e usa uma blusa vermelha de lã e uma saia preta que provavelmente não a protege do vento gelado. E eu percebo que um sorriso pequeno se abre quando ela se dá conta da minha presença.
Eu odeio como isso faz meu peito aquecer.
— JJ, oi. Você veio.
Eu me remexo desconfortável e ponho as mãos no bolso da bermuda comprida que uso.
— É, acho que sim.
Ela não responde nada de imediato, só acena com a cabeça e deixa seus olhos passearem por mim. Não preciso nem olhar para ela para saber que está focada nos machucados ainda evidentes em meu rosto.
— Como se sente? Está... melhor do que ontem?
Eu dou de ombros, sem conseguir identificar se ela se refere ao motivo de ter cuidado de mim ou ao meu mau humor por vê-la. Acho que estou um pouco melhor nos dois.
Por isso, e também pela conversa com Sarah que não sai da minha mente, eu passo a língua nos lábios antes de responder.
— Tô de boa — ela assente, deixando uma pequena exclamação de concordância escapar de seus lábios.
