Capítulo 19 - Boas e más companhias.

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Depois de tomar café e estudar, eu sempre ia pra um lugar que era um pouco afastado do jardim, eu não brincava como as outras crianças, eu gostava de desenhar e observar. A única pessoa com quem eu brinco é o papai Hazz, mas ele nem sempre tem tempo pra mim. Sempre que tava sozinho eu desenhava, lia alguns livros ou ficava falando sozinho.

Sentei embaixo de uma árvore e peguei o meu caderno de desenho e o meu lápis, eles foram presente do Papai.

O que eu ia desenhar agora?

Com a ponta do lápis sobre o papel minha mão foi escrevendo sozinha na folha. O que tá acontecendo? Eu não tô fazendo isso, n-não consigo controlar!

Depois que na folha completou a frase "Eu ainda estou aqui, amigo." minha mão parou de se mexer sozinha.

Quem tá aqui comigo?

- Olá? - perguntei olhando desconfiado ao redor. - Quem tá aí?

Novamente a minha mão começou a se mover sobre o papel escrevendo mais alguma coisa.

"Eu sou sua amiga, Freddie. Meu nome é Haley."

- Haley? - perguntei encarando o papel sem acreditar no que tava acontecendo - O que é você, Haley? Um fantasma?

"Sou uma garota que precisa de um amigo."

Escrevi na folha.

- Ah... então vamos ser amigos, Haley! - digo sorrindo sem saber pra onde olhar - Você é invisível? Por que eu não consigo te ver?

- Olha só, o moleque agora tá falando sozinho! - Jorge e seus três amigos idiotas apareceram atrás da árvore me dando um baita susto.

- Será que ele tá vendo coisas depois da porrada que a gente deu? - disse um dos babacas rindo da minha cara.

Eu resolvi tentar ignorar a presença deles e sair dali o mais rápido possível. Peguei rapidamente o meu caderno e saí andando.

- Calma aí, pirralho! - Jorge me puxa pela camisa fazendo eu derrubar o meu caderno no chão.

- Me solta! Eu vou contar pro papai! - respondo furioso.

Os quatro começam a rir da minha cara e um deles me pega por trás segurando os meus dois braços.

- Me larga! - gritei me debatendo.

Jorge se aproximou de mim e puxou o meu cabelo fazendo a minha cabeça tombar para frente. Enquanto eu gritava de dor ele ria sem parar. Começou a dar vários socos na minha barriga, um atrás do outro até me fazer cuspir sangue.

- O pirralho já tá querendo arregar! - disse um outro amigo que estava ao seu lado rindo e assistindo tudo.

O garoto que me segurava me larga e eu caio de cara na grama.

- Você é bem fraquinho, Freddie, mas é bom de bater. - disse o mesmo que em seguida chuta as minhas costas me fazendo gemer de dor.

"É por isso que o inferno é tão agitado."

Ouso a voz de um homem ao fundo, parecendo animado com seu sotaque  debochado. Eu virei lentamente a minha cabeça e vi que ele estava parado em uma posição descontraída, olhando pra gente de forma divertida.

- Olha só, o papai veio defender o bebê chorão. - disse Jorge, se aproximando lentamente do homem.

- Ou é seu namoradinho, Freddie? - perguntou um dos idiotas.

- Vai pro inferno! - o mesmo chuta o meu rosto, fazendo o meu nariz sangrar.

"Boa ideia."

- Então, cuzão, o que você vai fazer? Veio proteger o seu namoradinho? - perguntou Jorge, frente a frente com o homem.

il appartient au diableWhere stories live. Discover now