Capítulo 3 - Pensamentos ruins.

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"Onde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares á noite, ali pousarei contigo e o teu povo será o meu povo."

O grasnar alto dos últimos corvos-comum sobrevoavam aquela imensidão acinzentada partindo para se abrigar entre os galhos de uma árvore alta ou dentro de alguma caverna vazia, pôde ser ouvido junto ao sopro uma ventania que começava a se espalhar pela floresta das vozes, desvencilhando as folhas das árvores. Um relâmpago estrondoso cortou o céus avisando que a tempestade logo iria se iniciar, suas asas negras açoitava uma nas outras em câmera lenta junto aos olhos avermelhados e marejados pelas lágrimas dolorosas do pequeno garotinho cacheado.

O gosto metálico e amargo do sangue era presente em sua boca, o som estridente dos gritos e súplicas ecoavam em sua cabeça assim como o cheiro forte de fumaça, o assombrando como nos inesquecíveis momentos de terror que havia presenciado há horas atrás, seus pés descalços pisavam nos destroços e seus olhos sofriam ao observar a destruição a sua volta, nos corpos dilacerados, alguns bem machucados de humanos se misturando pelo chão e trilhando um caminho marcado pelas poças de sangue e lama.

O corpo magro e pálido cambaleava
mancando por conta do ferimento aberto em sua perna indo para uma direção contrária da caída dos corpos. Seu peito estava dilacerado pela dor não só física, seus olhos opacos transbordavam pelo cansaço e pela tristeza, assim como toda a culpa se fechava ao seu redor, como uma nuvem negra. Acordou como Harry, um jovem, pai e herdeiro de um grande poder sendo o príncipe do inferno, porém Harry tinha falhado, e sabia que seria difícil de esquecer todas aquelas cenas, sempre seria ele a recordar de tudo, ali estava seu castigo...

[...]

- Harry, querido. Levante-se, você tem que ir pra escola. - ele ouviu sua mãe chamar do outro lado da porta, depois, alguns passos nós degraus das escadas e, segundos depois, sua irmã mais velha, gemma.

- Harry, acorde! Vamos nos atrasar. Vem logo.

O pequeno garotinho de olhos esmeraldas, agora com seus 16 anos, levanta lentamente, olhando ao redor ele pode ver claramente o sol surgindo através da pequena cidade, enquanto pequenos flocos de neve Caém sobre a grama verde.

A música religiosa francesa ecoava pela sala de jantar da casa. Era tão alto e tinha sido repetida tantas vezes que era até bastante cativante. Anne e Gemma Styles lavavam os pratos entre pequenas conversas vez ou outra e Des Styles arrumava a mesa com altos murmúrios. Qualquer um ficaria surpreso ao saber que todos os dias eram iguais. A mesma rotina, a mesma reclamação de seu pai, a mesma música, como sempre.

Harry Styles, o mais novo da casa, estava trancado em seu quarto, e enquanto todo mundo pensava que ele estava estudando ou talvez vendo e relendo um de seus milhares de livros, ele estava no banheiro do seu quarto, com a banheira cheia de água quente.

Horas depois, quando a água já havia esfriado, ele se enrolou por alguns segundos, abraçando as pernas e tremendo, olhando para um ponto fixo na água, que agora estava gelado. Seus pensamentos não estavam mais tão inconscientes, ele agora se lembrava do que havia acontecido e ...

... e ele não queria mais estar ali.

Assustado e um pouco atordoado, ele rapidamente saiu da banheira, tentando processar o que aconteceu enquanto se enrolava em uma toalha e saía do banheiro. Assim que ele saiu, alguém bateu na porta do quarto com urgência. O garoto envolveu seu corpo melhor com a toalha enorme e caminhou desajeitadamente até a porta, abrindo-a.

il appartient au diableWhere stories live. Discover now