Capítulo 22 - Sucessor.

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A fadiga e cansaço já se faziam presentes no corpo gélido e magro, a neve acumulada começava a cobrir seus tornozelos de maneira insistente, dificultando o seu caminhar pelo caminho mal iluminado. Seus sentidos ainda estavam meio confusos graças a pancada e seu braço doía conforme fazia força para desenterrar seus pés da neve.

Embora as circunstâncias não fossem as melhores sabia que não podia parar agora, onde quer que seu filho estivesse precisava dele e ele não desistiria até o encontrar, haviam coisas em seu passado que ele preferia manter em segredo, coisas das quais ele não queria que ninguém soubesse, mas prometeu a si mesmo que nunca abandonaria seus filhos, que nunca colocaria nada acima deles e isso era uma coisa a qual não abriria a mão não importa as dificuldades.

Poderia simplesmente parar agora, pensar sobre o corpo em estado de decomposição que deixou para trás, pensar no carro em chamas queimando o resto da carne que estava do que era um dia seu amigo, se permitir lembrar do cheiro de podridão, carne queimada e gasolina que entravam por suas narinas e queimavam seus sentidos, podia se deixar lembrar da voz baixa e suplicante do homem antes de tudo se tornar um borrão e os gritos baixos se tornarem gritos agoniantes e grossos de misericórdia e de desespero.

Podia deixar seu corpo cansado cair sobre a neve fria e mordaz, podia simplesmente se entregar o cansaço e admitir sua derrota, permitir que suas pernas cansadas afundassem sobre as camadas de gelo sem fim, permitir que seus braços abraçassem o próprio corpo frágil, permitir que sua cabeça descansasse sobre as cobertas brancos de Neve, dar a desculpa de não conseguir mais, de estar cansado ou simplesmente de não querer, mas não faria isso.

Porque não era isso que pais faziam, e não era isso que ele faria.

Não permitiria que seus sentimentos atrapalhassem seu julgamento, não importa o que as pessoas pensassem, não importa o quanto ele podia estar sendo insensível e cruel, não importa que ele tivesse deixado um amigo para trás queimar até a morte e não ter chamado ajuda, se havia aprendido alguma coisa com aquele homem, era que tudo podia ser perdoado se você desse a desculpa de estar agindo por simples e completa compulsão. Um estado mortificante de medo e ansiedade, um instinto familiar que permitia você fazer qualquer tipo de ato ilegal sem ser julgado.

Mas esse não era o seu caso, ele estava consciente, sabia o que estava fazendo, tinha consciência de seus atos e nem por um segundo se arrependeu do fato, porque ninguém saberia e estaria tudo bem quando seu filho estivesse em seus braços, ele fingiria algumas lágrimas, soluçaria um pouco e fingiria um ataque de pânico, e ninguém nunca desconfiaria. Porque ele não pode negar a si mesmo que não sente nada em relação a ninguém a não ser seus filhos, não poderia nem se tentasse, havia vendido sua alma ao único homem que um dia já amou verdadeiramente e sua única forma de se proteger era seu dom de mascarar a verdade assustadora com sorrisos sinceros e palavras de afeto.

Mas nada disso importava, não quando a coisa mais preciosa daquele homem podia estar em qualquer lugar agora, não tinha medo só por ele e o que Zayn faria se soubesse que havia perdido seu filho, mas por Charles, que não tinha consciência do seu próprio poder e que poderia fazer coisas que ninguém compreenderia, que ninguém aceitaria a não ser ele mesmo.

Saber a verdade às vezes podia ser uma maldição, mas ele não se importava porque amava o seu filho mas do que qualquer coisa, e não importa o que acontecesse...

Harry sempre teria orgulho de Charlie.

[...]

O garotinho estava sentado sobre um banco de madeira polida observando o lago a sua frente, tinha fugido das tias a alguns minutos atrás, elas estavam gritando e correndo por aí a procura de Charles, preocupadas com o seu paradeiro. Mas Freddie sabia que não precisava se preocupar, se tinha uma coisa que ele tinha certeza era que seu irmão nunca o abandonaria, o mais velho tinha prometido que sempre o protegeria de todo mal e acreditava fielmente em seu irmão mais velho.

Porque era isso que irmãos faziam...

Esperando alguém? - pergunta uma voz feminina, interrompendo seus pensamentos.

Se virando em direção a voz o garotinho podia ver claramente a mulher sentada ao seu lado, tinha cabelos escuros ondulados até a cintura, olhos azuis cianos e uma boca fina e avermelhada, sua pele era tão branca quanto a neve e se podia ver as veias arrochadas por entre sua carne, vestia um vestido branco coberto de flores vermelhas que acentuavam sua magreza, e Freddie se perguntava se ela não estava sentindo frio com tão pouca roupa.

- Meu irmão. - responde vagamente, voltando a olhar para frente com espectativa.

- Ele foi em bora?

- Uhum, mas ele vai voltar para me buscar, ele prometeu. - sussurra devagar, voltando a olhar para a garota a sua direita. - sou Freddie.

- Aurora, - anuncia gentilmente, sorrindo complacente. - é um prazer te conhecer Freddie.

- Também é legal conhecer você Aurora. - responde educado, retribuindo o sorriso. - você mora aqui?

- Morava, - conta simplesmente, voltando a olhar para frente de maneira vaga. - quando me mudei para uma casa na floresta com meu marido.

- Vocês se mudaram? - pergunta interessado, puxando os joelhos até o peito.

- Eu nunca sai de casa, meu marido não deixava. - explica lentamente, como se essa fosse a resposta para tudo. - mas agora eu posso ir para qualquer lugar sem ele sentir minha falta, dizem que quando você morre ainda consegue sentir tudo o que acontece com seu corpo... Acho que deveria me sentir lisonjeada por meu marido ainda sentir atração por mim, mesmo depois de todos esses anos.

- Eu não entendo. - murmura frustrado, vendo a garota sorrir tristemente.

- Vai entender quando crescer. - garante tranquila, colocando a mão sobre as bochechas coradas do garoto. - só precisa me libertar...

- O que? - pergunta confuso, sentindo a frieza do toque em sua pele.

- Você tem o poder agora Freddie, ele o reivindicou como sucessor assim como seu irmão. Precisa tomar cuidado, agora todos eles vão vir atrás de você.

- Mas como-

- Freddie! - grita uma voz conhecida, chamando sua atenção para o lago onde Hailey o chamava de maneira afoita. - finalmente te encontrei, o que está fazendo?

- Estava falando com...! - aponta rapidamente, prendendo a respiração ao voltar seus olhos para o acento ao seu lado. - Aurora...

Não havia ninguém ao seu lado...

  Olha se não é um milagre de Natal! 😌

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  Olha se não é um milagre de Natal! 😌

Minha cara nem treme não é mesmo, voltei depois de quase um ano de bloqueio criativo... 😅👉🏻👈🏻

Mas algum dia eu tinha que voltar, afinal eu prometi terminar essa história, a única diferença é que agora o tempo de espera entre os capítulos serão mais demorados. Tenho algumas histórias pra terminar, a maioria já está quase no fim mas eu realmente tenho um probleminha com despedidas, fico enrolando e nunca termino...

Sorry, eu sou uma pessoa horrível...

Bom, vou tentar não demorar quase um ano dessa vez, obrigada por aqueles que ainda lêem isso! 🥺❤️

Yayımlanan bölümlerin sonuna geldiniz.

⏰ Son güncelleme: Jan 09, 2023 ⏰

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