15: Resolução II

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Jeffrey

Eu não gosto de ver aquela expressão em seu rosto, me deixa com raiva. Não era medo, parecia algo como receio ou desgosto. Por que justo quando tudo parece estar bem algo tem de acontecer para estragar? Tento ao máximo não deixar minha raiva transparecer, mas me incomoda pra caralho. O que eu posso fazer? Não posso mudar isso em mim e tampouco quero, faz parte de meu ser. Christine não é nem um pouco igual a mim, sua preocupação excessiva com isso me deixa enjoado. Por que ela se importa tanto com pessoas que nunca nem viu e que não dariam a mínima se fosse ela a morrer? Não consigo entender. Minha fixação por ela me sufoca às vezes, em determinados momentos penso que vou enlouquecer e matar ela pra que ninguém jamais possa tê-la. Isso é loucura eu sei, é horrível pensar assim.

— Jeff. — Christine chamou interrompendo meus pensamentos. — Você vem?

Ela falou na porta do quarto, não entrou.

— Sim. — Desliguei meu celular, não quero ser incomodado de novo. — Já vou indo.

Odeio me sentir pressionado. Eu prometi que não deixaria nada relacionado a isso afetar a mim e Christine, mas acho que iria. Eu não quero deixá-la sozinha, não por agora, começamos a nos entender e não quero acabar com isso. Engraçado que logo um cara como eu, inventar de ficar preocupado com relacionamento. Mas é impossível não me sentir um pouco incomodado, eu quero fazer o que eu faço de melhor sem me importar, mas não quero Christine nesse meio.

Voltei para a cozinha, Christine havia arrumado a mesa de forma simples. Me sentei enquanto ela colocava um prato, ela se virou e deu um sorriso tímido.

— Não é nada demais, é só um agrado.

Ver esse lado dócil dela tentando me agradar me deixou surpreso, achei que ela estaria calada e pensativa, talvez chateada pelo rumo que nossa conversa anterior tomou.

— Não acredito que fez pra mim.

— Coma antes que eu te bata. — Ri de sua ameaça.

Ela se sentou perto de mim. Era estranho ter alguém que fizesse algo assim, depois de tanto tempo eu havia me acostumado a estar sozinho e gostava, mas imaginar que teria alguém para cozinhar e comer comigo parecia algo que dificilmente aconteceria. É algo tão simples, mas diferente para mim.

— Eu adorei, sério.

— Não é grande coisa.

— Para mim é.

Ela me olhou curiosa sem comer. Provei a comida, o sabor da carne macia me abriu o apetite, eu não gostava muito de legumes, mas naquele prato estava perfeito. Melhor que muita comida que já provei e olha que eu era chato pra comer. Acho que ela percebeu que gostei, pois pareceu satisfeita e então começou a comer. Conversamos mais um pouco, ela ainda estava meio quieta, mas logo se soltou mais e começamos a rir em certos momentos.

— Agora vem a parte chata, lavar a louça. — Christine levantou recolhendo os pratos da mesa.

— Posso ajudar, seria injusto deixar que você também lavasse os pratos. — Ela se virou surpresa. — Que? Estou errado.

— Não. — Ela se virou ligando a torneira. — Está bonzinho demais.

— Sempre sou bonzinho. — A abracei pelas costas e depositei um beijo em seu pescoço. — Mereço até um presente.

Christine riu baixo e continuou dando atenção aos pratos.

— Nossa que sem coração, me ignorou. — Apertei sua cintura enquanto falava dramaticamente. — Que cruel.

— Deixe disso, vou terminar aqui e... afinal o que você quer?

— Você. — Pedi.

— Eu... Você já me tem Jeff, eu sou sua... — Christine não completou.

Meu PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora