22: Tormento I

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Christine

- Então, você tá bem? - Larry me perguntou despreocupadamente enquanto eu ainda assimilava o que estava acontecendo. Fui pega de surpresa ao vê-lo aqui, pensei tantas vezes em lhe procurar para conversar, mas não sabia bem o que dizer. E aqui estou eu frente a frente com ele, numa rua onde o encontrei por acaso.

- Sim, estou indo. E você?

- Estou bem. - Ele guardou as mãos no bolso da calça. - Como está sua mãe?

- Ela está bem, vim visitá-la hoje e... enfim, achei que deveria caminhar um pouco para clarear a mente. Ela pergunta por você às vezes, se eu o vi.

- Eu entendo, deve ser estranho. - Neguei.

- Olha eu só queria dizer...

- Por favor, não precisa dizer nada se for referente ao que imagino. - Fui interrompida. - Isso é passado. Estamos bem agora, cada um com suas vidas e isso é o que importa.

Pude sentir uma certa frieza vinda de suas palavras, tão diferente de como ele já foi comigo, mas isso é mais que aceitável.

- Claro. - Me afastei um pouco. - Então...

- Desejo tudo de bom pra você, se cuida tá? - Assenti.

Eu podia deixar ele ir, acabou. Já se passaram semanas, Larry não parecia guardar mágoa de mim e tampouco me desejar mal, mas meu corpo tinha agir inconscientemente.

- Espera! - O agarrei pela roupa antes que se afastasse, ele parou, mas não se virou. - Por favor, só me escute e depois eu prometo que te deixo em paz.

Larry continuou quieto, mas entendi que me escutaria mesmo não querendo.

- Tudo que passamos, mesmo que tenha sido por pouco tempo, nada foi mentira. - Respirei fundo. - Por mais que eu tenha errado, eu jamais quis te magoar.

- Eu disse que estava tudo bem. - Pude notar a raiva em sua voz. - Você mentiu pra mim uma vez, agora quer mentir de novo?

- Não, eu não quis.

- Jura? - Larry se virou exasperado. - Em momento algum você desmentiu as coisas que aquele cara disse. - Me assustei com seu ato repentino. - Você ficou a todo momento o protegendo, eu senti tanta raiva.

- Larry eu fiz aquilo por que...

- Por que você não presta Christine, era pedir demais para que fosse sincera comigo? - Fui agarrada pelo braço. - Eu me calei, não fui atrás de você e você acha mesmo que agora eu deveria escutar suas mentiras e aceitar?

- Larry por favor... - Por mais que eu não quisesse, comecei a chorar.

- Pra você pode ter sido nada, mas eu realmente te amava, eu poderia ter deixado tudo aquilo passar se você tivesse ao menos negado, se tivesse ao menos mostrado que estava arrependida ou sei lá. - Eu soluçava chorando copiosamente, algumas pessoas ao longe olhavam curiosas e vendo isso Larry se acalmou um pouco. - Meu Deus.

Ele me arrastou para um canto mais afastado, eu continuava a chorar, enxugando nervosamente as lágrimas com a manga da blusa.

- Olha eu não quis te machucar, ok? - Larry coçou a nuca visivelmente atordoado. - Eu só queria entender o porquê.

- Eu não tinha fugido e muito menos o trai. - Desabafei. - Admito meus erros, mas eu só queria protegê-los.

- Do que? - Larry perguntou confuso. - Do que você tá falando?

- Acabei sim gostando dele, mas nunca aprovei suas atitudes e isso me dá medo eu... - Por mais que eu chorasse ainda me sentia sufocada, meu peito parecia explodir e eu comecei a ofegar, meu estômago revirou pela náusea que comecei a sentir.

Meu PesadeloWhere stories live. Discover now