31: Retorno

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Christine

Não posso dizer que me sinto feliz. Eu me sinto inquieta e nem mesmo posso contar com alguém. Larry se mostrou preocupado comigo, mesmo quando eu lhe disse que preferia ficar só. Ele não tocou no assunto, mas sei que ele gostaria que eu dissesse algo. Sei que me isolar assim não é bom, estou a dois dias sem sair de casa e mesmo que eu não tenha vontade alguma de sair, me vejo na obrigação de me forçar, então amanhã eu irei ao médico. Minha rotina tem sido comer, dormir e assistir. Eu estava no quarto, me preparava para dormir mesmo que eu não sentisse sono, eram quase duas da madrugada quando escutei um barulho no andar de baixo. Peguei meu celular, caso precisasse e por precaução, um jarro para flor já que não tinha nada no quarto que pudesse ser usado como defesa. Desci cautelosamente. Alguém estava na porta. Estava tudo apagado, creio que estão tentando abrir a porta.

- Só bate na porta logo. - Escutei alguém dizer, a voz me parecia familiar.

- Se ela estiver aí, vai acordá-la. - Mais uma tentativa de abrir a porta. - Droga, acho que essa não é a chave.

Só podia ser Jeff, reconheço a voz desse imbecil. Meu coração acelerou, o medo que eu senti minutos atrás deu lugar a euforia.

- Jeff? - Me aproximei da porta.

- Amor? Abre a porta pra mim.

Eu abri a porta com brutalidade, Ele me encarou surpreso antes de sorrir e perguntar o por que de eu segurar um jarro. Não o respondi, deixei o vaso no chão e dei as costas indo em direção a escada enquanto suprimia toda minha raiva. Onde aquela desgraça esteve? Sério que a primeira coisa que ele me pergunta é por que estou segurando um vaso.

- Christine? - Eu continuei a andar. - O que foi?

- Sério? - Me virei. - Eu passei dez dias sem ter notícias suas, nem uma ligação ou mensagem. Eu achei que você estivesse morto, eu não sabia onde te procurar.

Eu falava de forma descontrolada, cuspindo as palavras com raiva.

- Eu passei por um momento insuportável onde o que eu mais queria era saber que não estava sozinha. - Spencer que saiu de trás de Jeff, me olhou como se pretendesse dizer algo. - E você, pode guardar o que quer que tenha a dizer na porra da sua boca.

Ele franziu a testa. Jeff me encarou com um olhar culpado, ele jogou a mochila que estava em seu ombro no chão antes de vir até mim.

- Me desculpa. Eu não sabia que você ia ficar tão preocupada.

- Não sabia? Que porra você tem na cabeça?

- Nossa que tenso. - Lancei um olhar de revolta para Spencer.

- Eu não estou falando com você, estou falando com esse delinquente. - Ele ergueu as mãos em sinal de redenção. - Ótimo!

Encarei Jeff exigindo uma explicação.

- Meu celular quebrou, aconteceram algumas coisas e isso atrasou tudo. - Cruzei os braços. - Eu sei que estou errado, desculpe Christine, eu deveria ter dito algo antes.

- Eu fiquei esperando você, fiquei ansiosa para você voltar logo porque eu fiquei com medo depois de eu descobrir que...

Me calei no mesmo instante, minha raiva não me deixou pensar claramente, eu não sei se deveria contar a ele agora, e se ele tentasse fazer algo? Jeff era inconstante, eu não sei se uma criança deveria ter um pai assim. Um pai que se envolve em coisas erradas e some por dias sem dizer se está vivo.

- O que houve? - Ele me puxou para um abraço. - Eu senti muito a sua falta.

- Sai, você só presta para isso. - Me soltei de seus braços. - Estando perto ou longe, você só tira minha paz.

Meu PesadeloWhere stories live. Discover now