32: Aceitação I

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Jeffrey

Confesso que não sabia o que fazer quando ela me contou que estava grávida, achei que assim como eu ela não quisesse ter um filho. Seu olhar magoado enquanto dizia que o bebe que eu chamei de "isso" era seu filho me deixou meio atordoado. Ela já dizia ser mãe, assumindo total responsabilidade por ele. Enquanto eu no primeiro momento pensei em matá-lo, como podemos ser tão diferentes?

Ela já me ofendeu diversas vezes com raiva, mas nunca me olhou com tanto ódio quando pensou que eu talvez pudesse ter contato com a criança quando nascesse. Acho que para ela com certeza é melhor que ele não tenha um pai ao invés de ter alguém como eu. Ainda me pergunto o que farei por que eu sinceramente não sei como agir, eu nunca tive a mente 100% e nunca me importei com isso, mas pela primeira vez em muito tempo eu me preocupei de verdade com alguém além de mim.

No primeiro momento me pareceu loucura, mas quando ela me disse que iria embora eu me senti meio vazio sabendo que eu posso perder ela e o que talvez seja a única coisa que eu fiz na vida que pode ser bom. Mesmo que não seja inteiramente meu, é parte minha e parte de alguém que eu realmente sinto algo, mesmo que de forma distorcida.

Eu não estava pronto para isso. Christine subiu assim que chegamos da consulta, provavelmente para o seu quarto, melhor eu deixá-la em paz. Desde ontem ela está fria comigo. Como quase sempre, minha melhor companhia será a bebida. Fui até o armário da cozinha pegar uísque e voltei me jogando no sofá. Acho que eu deveria ficar aqui por enquanto, somente eu e minha garrafa.

(...)

Christine

"Que horas são?" 

Me levantei da cama com o estômago roncando, eu não tinha feito compras e com certeza não deve ter quase nada em casa. Eu não queria sair para comprar, então infelizmente eu teria de ir falar com ele.
Sai do quarto à procura de Jeff, passei pelo seu quarto e a porta estava aberta. Não entrei, apenas olhei da porta e ele não estava lá. Desci devagar as escadas e fui até a sala, o encontrei cochilando no sofá com uma garrafa de uísque ao lado. Empurrei sua perna com a ponta do pé e ele despertou.

— O que foi? Tá sentindo algo?

— Preciso que vá ao mercado, não tem nada na despensa pelo que eu me lembre e eu estou com fome. — Ele coçou a cabeça.

Devagar, ele se pôs de pé.

— Eu vou tentar ser rápido, tem algo específico que você queira?

— Qualquer coisa salgada.

Jeff assentiu enquanto pegava as chaves e a carteira na mesa de centro. 

— Insuportável. — Reclamei enquanto ele saia.

— Eu escutei isso. — Eu dei de ombros.

Subi para meu quarto, deitei na cama por algum tempo, devo ter ficado quase vinte minutos esperando. Ele ia demorar, então era melhor eu me ocupar com algo. Decidi tomar um banho para me sentir bem e mais descansada. Peguei a toalha e desci para o banheiro, tirei a roupa e já despida me olhei no espelho. Acariciei minha pequena barriga. Ela ainda vai crescer muito, eu acho. Por fim entrei no chuveiro, deixei a água quente cair em mim. Meu cabelo estava um pouco sujo e embaraçado, decidi lavar ele. Sem pressa lavei o cabelo e comecei a desembaraçar ele, usando isso como uma terapia. Assim que terminei eu saí do banho para me secar, escutei o som da porta bater e ele me chamar. Respondi dizendo que estava ocupada.

— Por que decidiu lavar o cabelo agora? — Eu tentei me cobrir. — Que adoecer?

— Você voltou até rápido. — Jeff ignorou o que eu disse e respondeu dizendo que iria buscar outra toalha.

Meu PesadeloWhere stories live. Discover now