44: Torre II

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Christine 

— É algum fetiche seu cortar cabeças? — Meu estômago embrulhou ao ver a imagem do desgraçado. — Tire isso da minha frente, que nojo.

Eu me controlei para não vomitar. Me sentei sobre a mesa de jantar e cruzei os braços.

— Eu pensei em trazer, mas achei que uma foto seria melhor já que da outra vez você desmaiou. — Ele disse com tranquilidade, guardando o celular no bolso de trás da calça.

— Eu fiz isso pra que você acreditasse em mim.
Jeffrey retornou agora pela tarde, após passar a noite passada fora.

— Você se sente melhor agora? — Eu o encarei confusa, ao que ele se referia? — Você estava muito nervosa ontem.

Eu assenti. Depois de finalmente me acalmar eu me dei um pouco de atenção. Lavei o cabelo, troquei minhas roupas, usei perfume e finalmente fiz uma refeição direito. Eu nunca fui de me arrumar esplendidamente, mas sempre tive minha vaidade. Com o básico eu já me sentia bem melhor, mas fui um pouco além me permitindo até usar maquiagem. Mesmo que ninguém fosse me ver, eu me arrumei um pouco para mim mesmo e isso me animou. Jeffrey percebeu minha sutil mudança. 

— Eu te comprei batom também. — Ele disse.

— E? Sou refém, não modelo. — Eu desviei o olhar, foquei em minhas pernas que balançavam no ar por causa da altura na mesa. — Fiz isso porque quis e não pra você.

Jeffrey suspirou. 

— Christine, para com isso. Eu comprei por que sei que você gosta, não por que quero te obrigar a usar, jogue-os fora se quiser.

O que ele tem a dizer não me importa. Jeffrey ousadamente se aproximou e segurou meu rosto.

— Não fique de cara feia, isso não combina com você.

— Olhar pra você não me deixa alegre. — Eu retorqui. — Não é algo bonito.

Ao contrário do que esperei, ele riu e assentiu. Minha ofensas não pareciam lhe incomodar e isso me irritava, eu queria de alguma forma fazer com que ele se sentisse mal.

— Por que você ainda usa isso? — Eu me referi a aliança.

— Me lembra de você. Ainda que não signifique nada, eu quero manter isso comigo.

Minha mente divagou. Eu me livrei da minha por que não via sentido em usar algo que me ligasse as lembranças que tinha dele.

— Besteira…

— Talvez, mas você não se importa, não é?

— Por que me importaria? — Eu dei de ombros. — E desde quando você liga pra minha opinião?

— Podemos não concordar em tudo, mas eu me importo com o que você pensa.

“Como ele pode mentir tão facilmente assim?”

Eu ia argumentar, mas percebi que estávamos a tempo demais próximos um do outro. Ele se aproximou de tal forma que nem notei que já estava quase entre minhas pernas, com o rosto tão próximo do meu que poderia me beijar.
Me incomoda o fato de alguém tão perigoso estar tão perto, me encarando de forma gentil como se não oferecesse risco algum. Minhas emoções sempre se misturam quando estou com ele.

— Dá pra ver em seu olhar que você não acredita em mim. — Como ele quase sempre sabe o que estou pensando? — Desculpe.

É a primeira vez desde que cheguei que conversamos de forma próxima e sem gritar ou ofender.

“Cheguei? Eu fui arrastada até aqui por causa de uma mentira.”

— Jeffrey, não precisa fingir arrependimento. Eu não acredito mais em suas palavras. — Eu coloquei a mão em seu peitoral na intenção de afastá-lo. — Dessa vez você fez algo que eu não quero e nem posso perdoar.

Meu PesadeloWhere stories live. Discover now