22 | Aos velhos tempos

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09 de março de 2014

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09 de março de 2014

Quando eu era mais novo, sempre achei que o maior problema da minha vida era o meu diagnóstico de dislexia. No entanto, com o passar do tempo me dei conta de que essa condição era, na verdade, um presente. Minha mãe sempre me dizia que nasci com um dom especial, e apesar de na época achar essa ideia absurda, hoje até posso concordar com isso. Afinal, há vários gênios famosos no mundo que nasceram assim como eu: Albert Einstein, Charles Darwin, Leonardo Da Vinci, Pablo Picasso, Vicent Van Gogh, Agatha Christie, entre tantos outros. Todos se destacaram, apesar das dificuldades. Quem sabe um dia eu possa me tornar tão notável quanto eles.

A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem caracterizada por dificuldades principalmente na leitura, escrita e ortografia.

Para nós, os primeiros anos na escola são como um verdadeiro inferno, visto que aprender certas coisas é extremamente cansativo por conta do sistema educacional não estar adequado a essa condição especial e diferente. Normalmente, mesmo depois de aprendermos a ler, nossa leitura pode acabar sendo lenta e incorreta até fazendo muito esforço. Também temos dificuldade em compreender o que se está lendo, em especial quando há termos desconhecidos ou muito vagos. Além disso, a soletração das palavras, principalmente as mais complicadas, se torna uma missão quase impossível, já que pode ocorrer de trocarmos ou invertermos algumas letras. Portanto, expressar-se na linguagem escrita é um desafio para nós. Em comparação aos outros alunos, acabamos sendo tachados de "preguiçosos, lerdos e burros".

Pois é... Já passei por todas essas fases na escola. Suportei os puxões de orelha dos professores e o bullying dos colegas. Até hoje as risadas e as piadas ecoam em minha mente.

Apesar disso, no último ano, aprendi que a vida é muito mais difícil do que eu imaginava. Agora, eu precisava lidar com as sequelas que o acidente em dezembro de 2012 me proporcionou. Não se tratava apenas de lesões físicas no meu corpo... Feridas emocionais eram o meu maior pesadelo. Então, sinceramente, superar os obstáculos da dislexia era o menor dos meus problemas.

O acidente tirou muitas coisas de mim: a visão do meu olho direito, a capacidade de me locomover normalmente (já que minha perna esquerda foi praticamente esmagada), e o pior: meus pais.

Eles se foram. Nunca mais ouviria os conselhos de Miran ou os incentivos de Sojung. Não poderia mais praticar escrita com a melhor professora da minha vida... Tampouco jogar videogame com o melhor proplayer-quase-hacker do mundo todo. Eu nunca mais poderia abraçá-los ou dizer que os amo pessoalmente.

E, infelizmente, a vida não é como as ficções ou os jogos eletrônicos onde eu poderia revivê-los, trazê-los de volta... Na verdade, a vida é uma merda. Nunca a subestime, pois, quando tudo estiver lindo e maravilhoso, é muito provável que uma avalanche terrível aconteça para te deixar totalmente soterrado e sem saída.

Era assim que eu me sentia. Como se estivesse enterrado, sem vida.

Nada mais me alegrava. Os dias passavam enquanto eu ficava a maior parte deitado na cama do hospital, me recuperando de uma nova cirurgia. Já passei por várias delas. Era um ciclo infinito e extremamente tedioso. Se não fosse por Namjoon e Kira, certamente já teria morrido de tédio e tristeza.

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⏰ Last updated: Feb 21, 2023 ⏰

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