01 | Robô-namorado?

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13 de outubro de 2020

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13 de outubro de 2020

Dizem que quem escolhe psicologia normalmente possui "problemas psicológicos". Além disso, você deve ser alguém calmo e que saiba dar conselhos. Entretanto, na realidade, isso não passa de um estereótipo, pois a ciência que trata dos estados e processos mentais é muito mais complexa do que simplesmente saber como orientar uma pessoa em seu momento obscuro. Na verdade, é uma loucura. E com certeza nós, futuros psicólogos, também seremos, de certa forma, loucos.

É como diz o ditado: "de psicólogo e louco, todo mundo tem um pouco". Sinceramente eu não me importo. As melhores pessoas são loucas.

Para a grande parte das pessoas, o psicólogo é aquele que tem o dom de saber ouvir, de ter paciência, de entender os indivíduos. E sim, era o que eu pensava também, antes de ingressar nessa viagem maluca. Agora, apesar de ainda não possuir conhecimentos suficientes para definir uma verdade absoluta, entendo que a solução não está só em mim como (futuro) profissional de saúde mental, mas principalmente no próprio sujeito a quem me busca. Sou apenas um espelho.

— Bom dia, Park Jimin — disse a mim mesmo ao me levantar da cama e colocar-me de pé em frente à superfície lisa e polida que reflete minha imagem. — Como tá se sentindo ao completar vinte e quatro anos? — perguntei, analisando a pele semi-oleosa do meu rosto, e os cabelos tingidos de loiro totalmente bagunçados, parecendo o caos de um ninho. Cocei os olhos ao bocejar e então respondi com o tom de voz levemente alterado. — Estou me sentindo péssimo e preciso de um banho. — E então, tentei me animar um pouco. — Ainda assim, creio que sou bonito. Sim! Fico mais bonito a cada dia. — Fui sincero na primeira frase, mas acho que exagerei e forcei um pouco a segunda parte. Estou tentando acreditar na minha beleza e na minha capacidade, porém esse exercício, sugerido pela minha psicóloga, que faço todos os dias após acordar é mais difícil do que eu esperava.

Enquanto ia em direção ao banheiro para banhar-me, ouvi meu celular vibrar na mesa de cabeceira repetidas vezes. Como sou viciado nesse pedaço de tecnologia que nos deixa a cada dia mais inútil — ou mais inteligente, dependendo do ponto de vista —, fui obrigado a desviar minha caminhada e joguei-me mais uma vez sobre a cama e segurei o aparelho em minhas mãos logo em seguida.

O lado bom de morar sozinho é não ter que seguir regras. O que eu mais odiava em minha mãe era a sua insistente mania de me ordenar a fazer as coisas no horário específico pré-determinado por ela, esquecendo-se totalmente que também sou uma pessoa que possui planejamento pessoal. Por mais que os planos estivessem sempre dentro da minha mente apenas, eles ainda existiam.

Fazer as tarefas às 18h. Jantar antes das 20h e não se esquecer de lavar a louça. Dormir às 22h30. Acordar às 6h e logo em seguida tomar o café e arrumar-se para ir à escola às 8h. Almoçar 12h em ponto. E sem celular nas refeições. Ah, fala sério! Qual o problema em dormir às 23h30? Ou às 01h20 da madrugada? Por que eu não podia acordar às 7h? Quem precisa de 2h para se arrumar para a escola? Era terrível.

(Ro)boyfriendOnde histórias criam vida. Descubra agora