(Ro)boyfriend

09 | Lembranças e consequências

12 de dezembro de 2020

É um sentimento estranho estar sem o Kook II. Sabe quando você está prestes a sair de casa e vem aquela sensação de que está se esquecendo de algo importante? Era exatamente assim que eu me sentia agora, como se houvesse um vazio dentro de mim... Confesso que estou com um pouco de receio por tê-lo deixado sozinho em casa. No entanto, foi uma atitude que me deixou aliviado, afinal, meu robozinho foi compreensivo e me deu privacidade para esse momento tão particular, sabe? Ele era mesmo uma preciosidade essencial na minha vida.

Eu me encontrava no ônibus, a caminho da clínica onde tinha uma consulta marcada com a Srta. Kang, minha psicóloga. Quando cheguei, ela não demorou a me atender. Recebeu-me em sua sala, e dirigi-me ao costumeiro divã que eu visitava normalmente duas vezes a cada mês.

— Boa tarde, Jimin. Como você está? — Foi sua primeira pergunta. Antes de realmente entrar no meu mundinho, Jin-Joo iniciou sua típica conversa, com sua voz doce e gentil que acalmava minha alma. Como estudante de psicologia, eu sabia que essa se tratava de uma prática comum dos psicólogos: iniciar a terapia com um diálogo mais informal a fim de estabelecer um laço com o paciente... e só depois emendar com o objetivo da consulta.

— Vou bem... Estou me sentindo melhor aos poucos — respondi, sincero.

— Que boa notícia! — Ela sorriu pequeno, com seus dentinhos mínimos. Era incrível o fato de que mesmo estando na faixa dos trinta e poucos, ela parecia mais jovem do que eu, com sua pele alva, seus cabelos castanhos e curtos com mechas tingidas de cinza claro. — Espero que seja por isso que não te vejo há quase três meses — pontuou, indo até sua mesa para buscar um caderninho onde faria suas anotações.

— Sim. Queria ter vindo antes, mas estava atolado de coisas da faculdade pra fazer. — Podia até ser verdade, mas eu sabia que se tratava apenas de mais uma desculpa.

Nós nunca tínhamos tempo suficiente para nos dedicar à nossa saúde mental. Era triste o fato de que quando sentimos algum sintoma físico em nossos corpos, não demoramos tanto para ir a um médico. No entanto, se a dor for emocional, damos um jeito de adiar e adiar o tratamento.

— E qual o motivo de estar se sentindo melhor?

— Bom, você sabe que hoje é um dia difícil pra mim, certo? — disse, já sentindo meus olhos arderem apenas por mencionar esse fato. Era incrível como eu quase sempre chorava nas consultas, mas de certa forma isso era bom e saía de lá revigorado depois de todo o desabafo. Vi Kang Jin-Joo concordar com um leve balançar de cabeça. Sabia que desde o início da minha terapia com ela, ela anotava e prestava atenção em cada mínimo detalhe dos acontecimentos, não deixando passar sequer uma vírgula. Sem dúvida, era muito dedicada à sua profissão. — Há cerca de dois meses, bem no dia do meu aniversário, ganhei um presente especial da minha melhor amiga. E esse presente mudou completamente o rumo de tudo aqui dentro. — Gesticulei em direção ao meu peito, indicando meu coração. — É claro que ainda é cedo para superar o Jungkookie, mas, acho que é um bom começo. — Ela me ouvia atentamente, deixando que os meus sentimentos fluíssem de forma espontânea, sem me interromper até eu concluir meu pensamento. — Talvez você ache um pouco absurdo... — Ri fraco, tentando disfarçar. — Mas o motivo de eu voltar a sorrir agora é um robô.