11 | Escondendo sentimentos

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19 de dezembro de 2020

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19 de dezembro de 2020

Já faz uma semana que o Kook II está na manutenção e não tenho sequer notícias sobre ele. Quando penso nisso, tudo dentro de mim começa a virar de ponta cabeça, pior do que a sensação aterrorizante de estar em uma montanha-russa de terror.

Será que aquele técnico só queria passar a perna em mim para roubar a inteligência artificial do robozinho? Será que Jackson fazia mesmo parte da empresa que construiu minha Latinha Adorável?

Eu estava enlouquecendo com as minhas paranoias. Não faria sentido colocar o número de telefone daquele técnico no manual de instruções do boneco se ele não fosse confiável, certo?

Certo. Mas certamente eu iria pirar de uma vez por todas se ainda demorasse muito tempo para tê-lo de volta. E para piorar os meus nervos, minha mãe veio à Seul a fim de passar uma semana aqui em casa comigo. Não me entendam mal. Eu amo Sunhee, no entanto, sei que será difícil conviver com seu gênio controlador por sete dias, sabe? É como voltar à minha infância e adolescência. Ela iria reparar nos meus hábitos de alimentação e me dizer que estou me alimentando mal, ou ver que demoro para passar as roupas e expor que estou fazendo isso errado. Mas tudo bem, eu deveria suportar e fingir que está tudo bem, não é mesmo? Como sempre fiz durante toda a vida. Afinal, ela é a minha mãe, e devemos respeitar os mais velhos, independente da sua opinião. É assim que nós coreanos somos criados e é assim que deve ser.

— Jimin-ah, você engordou. O que anda comendo? — Foi um dos primeiros comentários que ela fez assim que me viu. Simplesmente só ignorei, revirando os olhos sem que percebesse, e segurando suas malas, as trazendo para dentro. Deixaria Sunhee dormir no meu quarto, já que era o único lugar na casa com cama, e eu iria me aconchegar no sofá da sala ou em um colchão improvisado com alguns cobertores no chão mesmo.

Bultan, bobo como sempre, e sociável até demais, enroscou-se entre as pernas dela para roçar seu focinho ali e quase a fez tropeçar. Não pude evitar uma breve risada que saiu espontânea. Talvez meu gato quisesse vingar-se dela por parcialmente ter me chamado de gordo. Não que isso fosse ruim, mas era indelicado por parte dela.

— Trouxe alguns potes com comida. Você pode congelar e comer quando eu não estiver mais aqui — ela comentou, deixando o pacote enrolado em um tecido de seda em cima da mesa da cozinha. Parecia realmente bastante alimento para apenas uma pessoa. Mas isso de certa forma me deixou feliz. Não que eu fosse um péssimo cozinheiro, eu até que me virava bem. Porém, a comida da minha mãe sempre foi muito gostosa e às vezes tinha saudade dessa parte da infância. Ser adulto e morar sozinho não é algo fácil.

— Obrigado — agradeci.

— Tem ido à igreja, meu filho? Sabe como isso é importante, não sabe?

Estava ciente de que não podia fugir desse assunto quando se tratava de Park Sunhee. Quando morava com minha mãe, quase todas as semanas ela me obrigava a ir à "casa de Deus" em sua companhia. E como bom menino, sempre obedecia e ia junto contra minha vontade. Sinceramente, para mim, tudo isso nada mais era do que uma perda de tempo, afinal, mesmo que eu tivesse tentado, nunca fui capaz de acreditar em religião. Talvez existisse um Deus. Ou deuses. Ninguém poderia ter certeza. No entanto, ter fé em uma religião específica era difícil para mim. Em minha mente, apesar do objetivo ser pregar a paz e o amor, as religiões muitas vezes se relacionavam a conflitos e guerras, justamente por não respeitar todo tipo de amor e diversidade nesse mundo. Ou talvez, o erro fossem as pessoas. As pessoas sempre eram a razão dos males no nosso mundo, infelizmente.

(Ro)boyfriendWhere stories live. Discover now