Salto de Fé

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O horário era bem anterior ao que eu geralmente me levantava, eu entendia o conceito do treino matinal, mas não sabia se era tão válido. Afinal, eles não ficariam cansados durante a aula depois? E no treino na parte da tarde também?

Aquela não foi uma decisão fácil, devo ter encarado o contato de Aoi por um longo tempo no dia anterior antes de decidir mandar uma mensagem e perguntar sobre os horários do time. Poderia ter pedido o número de Kuroo, mas não daria a ele esse sabor.

Confirmei se meu uniforme estava na bolsa afinal, não poderia aparecer no treino com as vestes do dia me arrumei com as vestes azul-escuro das aulas de educação-física. Estava prestes a sair do quarto quando a porta abriu revelando um Nico sonolento.

— Irmã o que você está fazendo? — era claro que ele estava se esforçando em manter em pé, coçava um dos olhos e bocejava entre um passo e outro até a minha cama.

— Desculpa te acordar Nico, vou para escola mais cedo. — ajudei ele a subir no colchão e abaixei em sua frente — Pode voltar a dormir.

— Eu preciso te pedir uma coisa — o pequeno cruzou as pernas juntando os pés com meias estampadas em sua frente. Uma era laranja com dinossauros verdes e a outra verde com dinossauros laranjas.

— O que é?

— Me empresta sua bola da sorte — comentou entre bocejos apontando para a bola de vôlei que eu deixava cuidadosamente disposta numa prateleira alta.

— Você tem uma igual a minha Nico. — respondi abaixando alguns fios da sua cabeça. Ele olhou envergonhado para os pés apontando os desenhos.

— Mas não é da sorte.

Respirei fundo e levantei pegando a bola entre as mãos e sentando ao lado dele — É muito importante para mim. Então cuide bem dela tá?

Nico balançou a cabeça e entreguei em suas mãos. O relógio na parede indicava estar prestes a me atrasar então tratei de levantar e terminar de me arrumar, me virei para falar para meu irmão voltar para o quarto dele, mas o pequeno já parecia estar bem fundo no mundo dos sonhos dormindo abraçado com a bola.

Sorri e andei até minha cama jogando as cobertas sobre ele em seguida apaguei a luz e desci para o primeiro andar da casa. Meu pai estava parado próximo à cafeteira realizando seu ritual matinal.

— Nico está no meu quarto — avisei.

— Pediu a bola não foi? — perguntou se virando e cruzando os braços — A escola disse que ele podia levar algo que gosta para a classe. Para ver se ele se enturma mais, acredito que ele ache a sua bola da sorte é mais especial que a dele.

— O pensamento que conta — ri em resposta — Estou saindo.

— Passe numa conveniência e compre algo para você [Nome], café da manhã é a refeição mais importante do dia.

Acenei em resposta vesti meus tênis e sai de casa andando apressadamente pela rua, puxei a fita do bolso a fim de amarrar meu cabelo e não reparei estar prestes a trombar com alguém. Imediatamente soltei o laço olhando para me desculpar, mas franzi o cenho antes de abrir a boca, pelo menos não teria que os procurar.

Como num bom clichê ele tinha me segurado evitando uma queda desastrosa, porém ao invés de um galanteador braço na cintura ele tinha o punho fechado envolta do meu uniforme.

— Oh! Se uma pessoa ver de fora pensará que estamos prestes a brigar. — ele mesmo não parecia ter se recuperado do choque ainda e o amigo olhava a cena com curiosidade — Bom dia. Kenma-kun.

— Bom... Dia. — ele virou o rosto para o outro lado parecendo mais interessado em seu video-game, Kuroo enfim me soltou.

— Eu que te impeço de ter uma queda catastrófica e nem um bom dia recebo? Vou começar a pensar que não gosta de mim.

Constantly Flowing - (Kuroo x Leitora)Where stories live. Discover now