Acampamento Final

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Foram poucas vezes na vida que me senti despreparada para lidar com uma situação, ser pega aos beijos pelo capitão coruja, não estava nos meus planos. Na verdade, bem longe disso.

Tetsurou também parecia sem graça, pois olhou para o chão e não para o amigo.

Num consenso mútuo nos afastamos e enquanto mantinha meu olhar baixo, respondi — Não tem muito o que explicar, no resumo, estamos namorando.

Bokuto pareceu surpreso, sua boca até abriu um pouco. Seu rosto estava vermelho, apesar de não saber dizer se era por conta do jogo ou do flagra. O capitão da Fukurodani ficou parado na porta por alguns instantes completamente atônito, honestamente fiquei esperando uma reação dramática, mas o garoto escolheu virar de costas sem explicação.

— Não vi nada. — e tentou sair andando de uma maneira meio robótica e totalmente não natural.

— Eh, envergonhado assim? Não é nada diferente do que você faz com a sua capitã. — Kuroo o chamou usando da sua melhor arma, a provocação, para sair da situação.

— Não durante treinos — Bokuto cruzou os braços e virou o rosto —, não somos namorados.

Pulei os degraus e parei do seu lado confusa, me lembrando da maneira que a Corujinha estava olhando para ele durante o treino que participei — Mas vocês não estão juntos?

— Sim, só que sem rótulos — o ace resmungou e então olhou para o céu sorrindo. — O foco dela está no campeonato, não quero que um relacionamento a deixe preocupada. Somos jovens, também quero ganhar. Vou esperar o quanto for necessário por ela.

Bati em seu braço e em seguida levantei a mão para seu rosto e apertei sua bochecha — Que bonitinho.

— Não pensem que estão ganhando de nós só por isso! — ele se afastou esfregando o rosto emburrado. — Por que não me falaram? Contei para o Kuroo quando aconteceu comigo.

— Porque você quis — rebateu o gato preto —, você é boca aberta, não queremos que todo mundo fique sabendo.

— Não sou não.

— É, sim — rebateu Tetsurou.

— Não sou.

— Certo crianças — empurrei os dois na direção do refeitório —, nem meu irmãozinho discute assim. Então Bokuto, para provar que você não é tagarela como o Tetsurou disse, espero que mantenha em segredo.

— Posso fazer isso — exclamou —, mas por quê?

O garoto olhou por cima do ombro, se virando levemente para me encarar.

— É um pouco recente, não tem necessidade dos outros times ficarem sabendo por agora, devem se focar nos treinos. Se a notícia se espalhar, pode ser que comecem a prestar atenção na nossa interação e não nas partidas. Todo mundo é um pouco curioso.

— Oh, faz sentido.

— É surpreendente ter entendido tão fácil.

Apertei a lateral de Kuroo — Não deixe as coisas mais difíceis, e Bokuto está proibido até mesmo de falar com a capitã.

Particularmente não tinha nenhum problema com a pseudo-namorada dele saber, mas já que alimentamos uma chama de desafios entre nós, gostaria de testar sua percepção. Se ela consegue deduzir algo sem precisar falar, já que tem a sua fama de maestrina, não faz mal colocar a prova.

— O próximo acampamento é na Fukurodani, quero dar a notícia eu mesma.

Apesar da careta, ele concordou, e quando o refeitório entrou no nosso campo de visão a atenção mudou de lugar. Hinata e Lev que chegaram antes já estavam nas mesas, tinham outros jogadores que haviam terminado suas refeições e ficaram por ali para conversar.

Constantly Flowing - (Kuroo x Leitora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora