Korean Killer • Jjk + Pjm

Faíscas e olhos traiçoeiros

⚠️ AVISO DE GATILHO ⚠️
(Esse capítulo contém menções à invasão de privacidade e assédio. Se você se sente desconfortável, NÃO leia!)

Teremos dois pontos de vista hoje.

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Park Jimin

Avenida Granada - Tucson, Arizona

21 de março de 2022

Em conflito, é assim que eu me encontro desde a madrugada do dia dezenove.

Dois dias se passaram e eu ainda não consegui processar tudo o que aconteceu, tampouco as coisas que passaram pela minha mente. Dois longos dias dividindo o quarto com o cara que eu quase beijei, sem conseguir encará-lo e me abrir com ele para mais nada além de coisas relacionadas ao trabalho de investigação.

Eu realmente achei que tinha controle total sobre a minha vida e os meus sentimentos, mas os últimos acontecimentos serviram para me mostrar que isso está fora da minha realidade.

Eu estou ciente. Não sou tolo para não perceber o que está acontecendo comigo.

O cara seguro e confiante que eu acreditei que era? Bem, ele está sob um chão muito instável neste momento. Assustado, andando sobre uma corda bamba, sabendo que o certo a se fazer é seguir em linha reta. Mas o meu corpo parece não ter equilíbrio o suficiente para atravessar, prestes a desabar para um dos lados, sem ter a certeza de que a queda será amortecida.

Estou um caos por dentro.

Bastou dez dias para que um homem conseguisse me desestabilizar por completo, mexendo com uma parte de mim que eu não gostaria de trazer à tona. Aquela parte estúpida que se deixa levar pelos desejos e pelos sentimentos, que larga a mão das prioridades para satisfazer outra pessoa.

E eu odeio isso.

Odeio quando essa parte de mim, que há anos estava adormecida, começa a dar as caras. Odeio ainda mais por não conseguir a reprimir, para evitar que algo desastroso aconteça comigo ou com o meu coração.

Como eu detesto saber que apenas essa pequena parte de mim é capaz de destruir o cara de espírito forte, determinado e inabalável que eu levei anos para construir.

Por fora? Eu sigo brincando sobre essa atração que está me cegando, tentando convencer à mim mesmo de que, se eu tratar as coisas dessa maneira, então conseguirei lidar com tudo.

O pior de tudo é saber que eu não sou o único nessa situação, e que o comandante também parece tão perdido quanto eu, tentando lutar contra os próprios sentimentos em busca de fazer o que é certo, que significa não se envolver comigo.

Está sendo tão repentino, tão abrupto, que eu não estou conseguindo conter toda essa bagunça de tomar conta de mim, de nós.

Dez dias.

Dez dias para que quase cometêssemos um erro gigantesco.

Nós quase nos beijamos.

Eu queria tanto, e ele também.

O comandante Jeon, aquele cara quieto, inteligente, apaixonado pelo trabalho. Dos olhos brilhantes e sonhadores, ainda que perdidos. Do sorriso infantil, doce e contagiante. Da personalidade e dos gostos excêntricos. Do abraço quente e acolhedor. Do corpo magnífico e da voz sedutora. Do jeitinho quebrado e das reações sem sentido que ele adota quando está na minha presença, mesmo sem querer...