Beijo das Sombras - Por Dimitri Belikov

Capítulo 3

Nós escoltamos as meninas até o escritório de conselheiros de orientação onde eles pegaram seus horários, e então eu assisti como outro par de guardiões levou Vasilisa para sua primeira classe. Guardião Petrov e eu caminhamos em direção ao ginásio do guardião para a aula de Técnicas avançadas de combate enquanto uma Rose ligeiramente úmida seguia de perto atrás. Ficamos em silêncio, para não encorajar seu comportamento.

Assim que entramos na academia, todos os olhos caíram sobre Rose. Ela era infame por seu registro na escola, e seu retorno foi quase tão repentino e misterioso quanto seu desaparecimento. Alguns dos novatos carrancudos e gawked para ela, mas a maioria encontrou seu olho com um amável (se ligeiramente atordoado) sorriso de reconhecimento. Rose caminhou até um dos meninos, uma cabeça vermelha chamada Mason Ashford, e deu-lhe um pequeno soco no ombro. Estava longe de ser gentil, mas era mais amigável do que violento.

"Ei Mason, limpe a baba do seu rosto. Se você vai pensar em mim nu, fazê-lo no seu próprio tempo. Bem, isso foi uma saudação incomum. Acho que os problemas disciplinares dela não são a única coisa pela qual ela é infame. O menino fingiu dor, tropeçando e balançando dramaticamente. O resto da turma retomou com o que eles estavam fazendo antes de nossa chegada.

"Este é o meu tempo, Hathaway. Estou liderando a sessão de hoje."

"Oh sim? Hem. Bem, eu acho que é uma boa hora para pensar em mim nu, então.

Olhei para o Guardião Petrov questionavelmente, mas ela só respondeu com um encolher de ombros e um sorriso que pode-você-fazer.

"É sempre um bom momento para pensar em você nu", comentou outro jovem novato, juntando-se à brincadeira.

Tomei isso como minha deixa para me demitir. Eu balancei a cabeça murmurando sob minha respiração em russo. No que me meindo?

Comecei pela porta, indo para os dormitórios dos novatos. Os guardiões tinham seus próprios apartamentos pequenos em uma ala separada do mesmo prédio. Eu sabia que não tinha tempo para descansar antes do meu próximo turno agendado no campus, mas eu tive alguns momentos para tomar banho e me trocar. Espero que isso seja suficiente para me revigorar pelo resto do dia.

Antes de sair da academia, no entanto, ouvi meu nome.

"Belikov". Virei-me para ver o Guardião Petrov alguns metros atrás. "Posso falar com você por um momento?"

Como Capitão da Guarda Escolar, eu não tinha a opção de dizer não, mesmo que quisesse. Eu rapidamente olhei para o relógio na parede e esperava que não levaria muito tempo, antes de fechar a lacuna entre nós.

"Eu queria te agradecer por defender Rose e levá-la como sua aluna." Alberta tinha mais de duas vezes a minha idade, mas ela ainda podia comandar a atenção com facilidade. Fiquei surpreso ao ver seus olhos amolecerem o nome da garota delinquente. Era óbvio que ela tinha algum tipo de ponto fraco para Rose. "Ela é cabeça dura e tem um dos piores temperamentos que eu já vi, mas ela também é extremamente talentosa e dedicada ao que acredita. Com a orientação certa, ela poderia ser melhor do que todos nós um dia. Tentei levá-la sob minha asa antes das garotas correrem há dois anos, mas nunca consegui falar com ela. Espero sinceramente que sua experiência seja diferente."

Fiquei feliz em ver que havia outra pessoa que reconheceu o potencial, mas comecei a duvidar da minha capacidade de treiná-la. Se Alberta - que a conheceu quase toda a sua vida - não conseguiu falar com ela, como ela responderia a alguém que acabou de conhecer? Além disso, fui eu quem a levou de volta para a prisão que ela escapou desesperadamente há alguns anos? De qualquer forma, eu sabia minha responsabilidade e faria o meu melhor para domar a garota selvagem.

"Obrigado Guardião Petrov. Eu vou fazer o meu melhor e mantê-lo atualizado sobre o seu progresso.

"Dimitri", ela sorriu, "por favor, me chame de Alberta. Agora vá pegar o resto que puder, este dia promete ser um desafio para você. Ela se virou e foi embora, deixando-me fazer o mesmo. Eu saí e fiz a caminhada rápida através do quadrilátero.

Alberta me encorajou várias vezes a ser mais casual com ela, assim como outros guardiões. Enquanto nos dirigimos por título na frente dos alunos e em ambientes mais formais, os tutores geralmente se referiam uns aos outros simplesmente pelo seu primeiro ou sobrenome. Depois da minha própria formatura, eu tinha caído na mesma prática e fiz muitos amigos com aqueles ao meu redor. Depois do assassinato de Ivan, no entanto, eu escolhi ser menos casual. Algo tão simples como ser casual e baixar a guarda pode levar a um erro. Eu tinha aprendido isso em primeira mão, e eu não estava planejando cometer o mesmo erro duas vezes. Minhas habilidades e reputação me ajudaram a fazer muitos contatos e conexões na rede Guardian, mas poucos amigos. Enquanto eu ainda tinha alguns amigos da escola e da minha carreira antes da morte de Ivan, eu tinha sido menos sociável por meses. Eu estava agora até mesmo distante da minha família, apenas ligando a cada poucos meses para verificar e atualizá-los sobre minha localização e atribuição. Eu não poderia pensar em ninguém que eu consideraria próximo agora. Ocasionalmente me sentia sozinha, mas trocava a alternativa por um foco mais nítido na minha responsabilidade.

Depois de apenas alguns momentos, cheguei ao meu dormitório. Eu sabia que era apenas um pouco maior do que os dos alunos, mas eu estava bem com isso. Alguns dos funcionários titulares e mais permanentes viviam em apartamentos cheios, não muito longe do coração do campus. Havia até algumas casas disponíveis para aqueles moroi que vivem aqui com suas famílias. Era raro dhampirs se casar, ainda mais raro ainda para um dhampir e moroi se casar e começar uma família, então todas as casas ocupadas pertenciam a moroi.

Quanto a mim, meu quarto era mais do que suficiente. Era esparsa além das necessidades. Uma cama, uma mesa e algumas cadeiras, uma pequena caixa de livros. A maior diferença entre o meu lugar em que os alunos viviam era a pequena cozinha, e que dificilmente era usada para mais do que fazer café. A única decoração era minha crescente coleção de livros. Eles foram a única fuga que eu me permiti, e mesmo aqueles foram breves.

Eu me retirei da minha roupa, pendurando minha jaqueta em um gancho ao lado da porta e joguei minhas roupas na cesta no canto. Respeitosamente coloquei minha estaca de prata no balcão antes de pisar no calor do chuveiro. Os músculos dos meus ombros e costas estavam doloridos, menos de ação e mais da inação de estar em atenção. Era muitas vezes mais difícil ficar parado do que atacar. O calor penetrou no estresse e eu senti a rigidez relaxar. Depois de apenas alguns minutos, saí e me preparei para o meu próximo turno.

Antes de sair, amarrei meu cabelo na nuca. Escovando meus ombros quando deixado para baixo, era mais longo do que a maioria dos guardiões masculinos (e até mesmo algumas fêmeas). Eu sabia que deveria cortá-lo, mas ele escondeu os lembretes da minha profissão. No reflexo do espelho e da porta do chuveiro de vidro, pude ver uma longa marca de promessa em forma de S no meu pescoço com o que parecia três "X" de cada lado. As seis marcas de molnija em forma de cruz estavam irregulares, um pouco como um raio. Ouvi uma piada de guardião que deveria representar a rapidez com que atacamos nossos inimigos: tão rápido quanto um raio.

Em vez disso, vi seis rostos. Um para cada Strigoi que matei. Meus seis pincéis mais próximos com a morte. As seis vezes que fui diretamente responsável por tirar uma vida, mesmo que fosse sem alma. Também vi as outras duas caras, as vidas dos meus amigos que se perderam por causa da minha negligência.

Devolvidei minha estaca para o coldre e joguei minha jaqueta, pronta para minha próxima missão.