Beijo das Sombras - Por Dimitri Belikov

Capítulo 23

Vasilisa, Christian e Rose foram levados para a clínica da academia durante a noite. Enquanto Rose ainda estava inconsciente, o Dr. Olendzki acreditava que era de exaustão mais do que qualquer outra coisa e ela estaria bem em um ou dois dias. Era uma história semelhante para Lissa, embora ela já tivesse acordado tempo suficiente para dar uma declaração oficial. Christian também deu uma declaração.

O resto da equipe tinha limpado a cena na cabana do Príncipe Victor e escoltado os suspeitos capturados para o pequeno e raramente usado centro de detenção no campus. Era mais velho, e só tinha três células, mas raramente havia necessidade de uma célula, muito menos todas as três. Victor estava sendo mantido na cela menor, mas mais privada, além dos outros suspeitos no corredor. Isso não só o impediu de conspirar com os outros, como também o manteve fora do alcance de sua filha Natalie, que estava fazendo uma vigília quase constante fora do centro.

Senti um estranho conflito de emoção pela jovem. Ela estava fortemente envolvida em muitos aspectos que levaram ao sequestro, muito mais do que eu esperava inicialmente quando a interrogamos. Ela foi a principal responsável por matar e colocar os animais que atormentavam Lissa, e quando isso não era suficiente para persuadir Lissa a se curar, ela usou magia para apodrecer o banco que quebrou o tornozelo de Rose. Também suspeitei que foi ela ou Spiridon que tinha avisado Victor para a relação menos convencional entre Rose e eu, embora esse fato nunca veio à tona. Por mais que eu desprezasse suas ações, também podia ver que ela era muito manipulada. Pelo que vi no shopping há apenas algumas semanas, Natalie faria quase tudo para ganhar a atenção e aceitação de seu pai. Ele era o mentor, ela era simplesmente outro peão. Por isso, eu tive pena dela.

Isso não significava que ela não merecia algum tipo de punição por suas ações, especialmente quando eles tinham machucado tantos. Não tínhamos mais espaço para colocá-la em uma das celas de detenção, então até que um representante do Departamento de Justiça pudesse levá-la e os outros de volta para uma ação disciplinar, ela estava sob guarda 24 horas.

Visitei Rose na clínica enquanto ela estava inconsciente, mas quando soube que ela tinha acordado e dado seu depoimento, não pude vê-la. Eu sabia que precisava falar com ela eventualmente, mas tornou-se mais difícil fazê-lo como cada dia passou. Evitei-a e cancelei nossas práticas sob o pretexto de terminar a papelada. Foi uma desculpa de covardia, mas eu não estava pronto para enfrentá-la.

Parte da dificuldade era que eu não tinha certeza de como abordar o assunto do que havia acontecido entre nós. Algumas linhas eram fáceis de desenhar. O que tinha acontecido no meu quarto foi errado e não pôde acontecer de novo. As memórias me assombravam.

Depois que voltamos para casa do resgate e eu tinha sido visto por alguns ferimentos leves, eu estava pronto para desmaiar e tentar esquecer tudo até de manhã. Meu plano tinha sido completamente ligado na cabeça quando entrei no meu quarto e encontrei os sapatos da Roza arrancados perto da borda da minha cama. Os lençóis ainda estavam vasculhados do nosso encontro e acabei dormindo no chão quando a memória dela nua abaixo de mim tornou-se demais para eu lidar. O cheiro do xampu dela ainda permanecia no meu travesseiro, mas não estava claro se isso tornava as coisas melhores ou piores naquela noite.

Embora fosse fácil ver que nossas ações naquela noite – compelidas ou não – eram inaceitáveis, havia algumas outras linhas claras na areia. Beijá-la e qualquer outra forma física de afeto estava fora de questão, não importa o quão pequeno. O mesmo foi para se abrir para ela emocionalmente. Eu me permiti tornar-me muito mais pessoal com ela do que eu jamais deveria ter feito. Enquanto o companheirismo tinha se sentido agradável, o resultado final foi desastroso. Eu deveria ter mantido as coisas mais profissionais e nunca ultrapassado esse limite de mentor. Eu estava lá para treiná-la, nada mais.