Capítulo 32 - Família e Ausência

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Em meio a todo aquele dia horrível, em que praticamente o meu trabalho inteiro ia pelo ralo, ainda tinha que lidar com uma ligação da minha mãe, que disse que meu irmão viu umas coisas com relação a mim na internet.

Não sei o que ela vai falar, mas eu pressinto que não é coisa boa. Nunca é!

Respirei fundo, tomando coragem e indaguei:

- E o que ele viu?

- Um vídeo seu e daquele menino que trouxe aqui em casa. - respondeu confirmando as suspeitas - Também vi as suas fotos... Pelada! E sobre você ser a criadora daquele blog sem vergonha. - foi então que eu senti que o sermão vinha com força - Eu não criei filha minha para que ela fique falando sobre essas coisas e também exibindo o corpo para quem quiser ver. Além disso, fica fazendo filme pornô.

E a sua fala seguiu, com ela contando todo o sofrimento que ela e meu pai tiveram para criar a mim e aos meus irmãos. Sobre o quanto era vergonhoso para ela que a sua filha fosse a tal da Echii. O que os vizinhos iriam achar? O que os outros parentes iam achar? Ela ia destilando suas palavras que chegavam a mim através do alto falante do celular, enquanto as lágrimas não paravam de escorrer pelos meus olhos. Já não bastava a humilhação pública e todo o hate na internet, tinha que ouvir aquilo tudo.

Por fim, falei:

- Rita, essas imagens minhas foram divulgadas sem autorização. Não fui quem espalhou!

- Mas você tirou essas fotos e filmou o vídeo e ficou escrevendo aquilo tudo. Você não se dá ao respeito, minha filha.

Foi aí que meu sangue subiu a cabeça. Tudo que eu queria era mais um sentimento me destruindo: a raiva. Porém, Marina logo percebeu a situação e me tomou o telefone.

- Mãe, olha só, a Helena não está bem. Tudo o que ela menos precisa agora é de mais uma pessoa apontando e a culpando pelo que fez. Ela não tem culpa de nada do que houve, estamos tentando encontrar o culpado e ele vai sofrer as consequências. - um breve silêncio, pois mamãe gritava ao telefone - Se acalma. Amanhã eu e Helena iremos aí para conversar, está bem? Beijo! - e desligou

- Obrigada por isso! - sorriu ainda tristonha para ela

- Tudo bem, mana. Já disse que pode contar comigo.

- Estou com medo de amanhã. Eu nunca consegui encarar a mãe igual você faz. Ela acha que sou a vergonha da família.

- Provavelmente o Arthur já a envenenou com toda essa história. Vamos tentar mostrar nosso lado.

- Ela não me escuta! - rebati

- A mim muito menos. Mas, quem sabe, ouvindo as duas filhas falando, ela não entenda.

- Podemos tentar pelo menos. - tentei me animar

- Maninha, descanse. Pense com relação a como vai fazer para contornar essa situação.

- Precisarei dar uma pequena pausa no blog para pensar melhor.

- Ótimo! Então, peguei seu computador e escreva sobre isso para seus leitores. É essencial que pelo menos se pronuncie de alguma maneira.

- Tem razão!

Levantei do sofá, peguei o computador no escritório e voltei, desta vez sentando ao lado de minha irmã, que estava a todo o vapor observando as minhas redes sociais e também falando no grupo força tarefa. Porém, eu nem prestei atenção sobre o que estavam conversando, já que estava concentrada escrevendo o texto para colocar no blog.

Não sei se ficaria fora uma semana, um mês ou para sempre. Contudo, eu precisava mesmo tirar este tempo de lá e deixar a poeira baixar. Quem sabe eles não esquecessem logo? É assim com tudo na internet!

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